Professor Gilmar e movimentos sociais antirracistas representam Petrolina na 5ª Conferência Estadual de Igualdade Racial em Gravatá

Por omissão da Prefeitura, o município não garantiu delegação da gestão municipal na etapa estadual da Conferência. A representação foi garantida através de articulação do vereador e três representantes seguem para a etapa nacional em Brasília

O vereador Professor Gilmar Santos (PT) e representantes de movimentos sociais antirracistas de Petrolina estiveram em Gravatá, no Agreste pernambucano, para participar da etapa estadual da 5ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial de Pernambuco, realizada entre os dias 8 e 10 de agosto.

O evento, promovido pelo Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência, reuniu cerca de 250 delegados e delegadas eleitos/as nas conferências municipais, intermunicipais e livres. Com o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”, a programação foi organizada em três eixos: democracia, reparação e justiça racial.

Apesar de ter mais de 70% da população autodeclarada preta ou parda (IBGE, 2022), Petrolina não realizou sua conferência municipal e não garantiu delegados da gestão municipal na conferência estadual. A ausência é reflexo da negligência do município na implementação de políticas de promoção da igualdade racial, que até hoje não conta com um Conselho, um Fundo ou uma Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, mesmo após a aprovação, em 2020, do Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa, de autoria do Professor Gilmar (Lei Nº3.330).

A delegação que representa Petrolina só foi possível graças à articulação do Mandato Coletivo, que mobilizou lideranças e garantiu quatro vagas para a cidade na etapa intermunicipal, realizada em Serra Talhada no dia 2 de julho. Na ocasião, todos os representantes foram eleitos delegados/as para a etapa estadual.

Além do parlamentar, que integra a Frente Negra do Velho Chico, a delegação de Petrolina em Gravatá contou com Mariane Nunes (“Delicada”), capoeirista e representante do Coletivo Mulheres de Bamba; Mãe Jéssica de Yemanjá, do Templo Religioso Dona Colondina; e Victória Santana, representando o Fórum de Igualdade Racial de Petrolina. Dos quatro integrantes, três foram eleitos delegados/as para a etapa nacional, que será realizada em Brasília no próximo mês, com uma vaga na suplência. A Prefeitura Municipal de Petrolina, mais uma vez, não terá representação oficial nesta etapa nacional.

Durante a conferência estadual, o vereador contribuiu com propostas no Eixo 2: Justiça Racial. Uma de suas propostas foi eleita como prioridade e seguirá para a etapa nacional: “criar equipamentos culturais de artes e memória que desenvolvam formação antirracista e inclusiva, oferecendo cursos nas diversas linguagens artísticas (teatro, música, dança, audiovisual) e história da cultura dos povos de comunidades tradicionais, fortalecendo a cultura popular brasileira.

A proposta dialoga diretamente com as indicações que Gilmar já defendeu este ano na Câmara Municipal. Uma delas propõe a construção de um Memorial dos Povos de Terreiro em Petrolina, medida que considera fundamental para valorizar a cultura, garantir direitos e combater o racismo estrutural.

Durante a conferência estadual, o Professor Gilmar foi homenageado com uma Moção de Aplausos, em reconhecimento à luta do seu Mandato em defesa de políticas públicas que garantam a promoção da igualdade racial. A homenagem destacou a histórica autoria do Projeto de Lei que garantiu a implementação do primeiro Estatuto de Igualdade Racial e Combate à Intolerância Religiosa no estado de Pernambuco, mesmo enfrentando a resistência de vereadores bolsonaristas e o não reconhecimento do Estatuto pela Prefeitura, liderada à época por Miguel Coelho.

“O racismo institucional da gestão municipal de Petrolina tem impedido que a população negra participe da construção das políticas que impactam suas vidas diariamente, especialmente quem vive nas periferias, em condições precárias e sem igualdade de oportunidades. Seguiremos denunciando essa omissão e garantindo que nosso povo tenha voz nos espaços de decisão. Se a gestão não vai, nós vamos”, afirmou Gilmar.

Para Mãe Jéssica, a ida a Gravatá é mais um passo na luta coletiva: “Essa participação é fundamental para que possamos fortalecer nossas pautas, garantir que nossas tradições sejam respeitadas e que as políticas públicas contemplem o povo de terreiro e todas as comunidades tradicionais. Voltamos para Petrolina mais fortes e mais articulados.”

Por Victória Santana
ASCOM | Mandato Coletivo

Por omissão da Prefeitura, Petrolina fica sem Conferência de Igualdade Racial e movimento negro precisa ir até Serra Talhada para garantir políticas públicas

Após articulação do vereador Professor Gilmar e dos movimentos sociais antirracistas, Petrolina terá representantes na etapa estadual da Conferência de Igualdade Racial, em Gravatá


Mais uma vez Petrolina ficou de fora da realização da Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Um dos principais motivos para isso foi a ausência de um Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, estrutura essencial para a realização da conferência e também para a construção e fiscalização de políticas públicas voltadas à população negra, indígena, cigana e demais comunidades tradicionais.

Diante da omissão do poder público, o Mandato Coletivo do Professor Gilmar Santos (PT), em articulação com movimentos sociais antirracistas, comunidades tradicionais e lideranças populares, garantiu a presença de Petrolina na Etapa Intermunicipal Sertão da 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (V CONEPIR/PE), realizada no último dia 2 de julho, em Serra Talhada. Os/as representantes de Petrolina foram eleitos/as delegados/as e representarão o município na etapa estadual da conferência, que acontece em agosto, na cidade de Gravatá.

Autor do primeiro Estatuto de Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa de Pernambuco, aprovado em 2020 na cidade de Petrolina, o Professor Gilmar reforça que a ausência da conferência no município escancara o racismo institucional da gestão. “A ausência de um conselho de igualdade racial é mais uma prova de que não há vontade política de incluir nosso povo na construção de políticas públicas. Mas nós não vamos permitir que continuem nos excluindo das decisões que impactam diretamente nossas vidas. Seguiremos indo onde for preciso para garantir reparação, justiça social e igualdade”, enfatizou o vereador.


No município mais de 70% dos/as moradores/as se declaram pretos/as ou pardos/as, segundo o Censo 2022 do IBGE. A omissão da Prefeitura impediu que a maioria da população petrolinense participasse oficialmente da construção das políticas públicas pela igualdade racial. Com o tema “Igualdade racial e democracia: reparação e justiça social”, a etapa intermunicipal reuniu representantes de diversos municípios dos sertões pernambucanos, também prejudicados pela ausência das conferências municipais.

Representando Petrolina pelo coletivo Mulheres de Bamba, a monitora de capoeira Mariane Nunes, conhecida como “Delicada”, destacou que a participação foi mais um passo importante na luta coletiva. “Nossas pautas estão diretamente ligadas às questões raciais e à luta do povo negro no Brasil. Saímos daqui muito felizes com o resultado que, com certeza, vai impactar diretamente a nossa luta, que é cotidiana”, afirmou.

O Mandato Coletivo reforça que o enfrentamento ao racismo estrutural e às injustiças sociais não pode ser pontual, mas deve ser compromisso constante do poder público. Desde o início do seu Mandato, o Professor Gilmar segue na luta para garantir que o município avance em ações concretas voltadas às populações historicamente marginalizadas, especialmente as que vivem nas periferias.


Por Glícia Barbosa
Edição: Victória Santana
(ASCOM | Mandato Coletivo)

Após omissão da Prefeitura, movimentos populares garantem realização da 7ª Conferência Municipal da Cidade em Petrolina

Conferência acontece nesta sexta-feira (27), reunindo movimentos sociais, universidades, sindicatos, ONGs e Mandato Coletivo do Professor Gilmar, para debater justiça urbana, direito à cidade e participação popular

A 7ª Conferência Municipal da Cidade de Petrolina será realizada nesta sexta-feira, 27 de junho, no Cine Teatro da UNIVASF, a partir das 7h30. O evento, construído por diversas entidades da sociedade civil organizada, acontece apesar da omissão da Prefeitura e do Conselho Municipal da Cidade (Concidade), que não convocaram a conferência dentro do prazo legal estabelecido pela Portaria SEDUH nº 15/2025 (16 de junho).

Com o tema “Construindo a Política Nacional e Municipal de Desenvolvimento Urbano: caminhos para cidades inclusivas, democráticas, sustentáveis e com justiça social”, a conferência é uma etapa preparatória para os debates estadual e nacional. A proposta é garantir espaços democráticos de construção coletiva de políticas públicas urbanas, como direito à moradia, mobilidade, saneamento, segurança e inclusão social.

A articulação da conferência em Petrolina foi garantida por uma Comissão Organizadora independente, formada por representantes de universidades, movimentos sociais, sindicatos, ONGs e o mandato legislativo do vereador Professor Gilmar Santos-PT. Entre os participantes estão:

  • Rosalvo Antônio da Silva, presidente da Comissão Organizadora e coordenador do Conselho Popular de Petrolina;
  • Vítor Flores, ambientalista e membro da Federação Regional do Vale do São Francisco (FERVASF);
  • Isabel Macedo Rodrigues, coordenadora regional do Conselho Popular de Petrolina;
  • Givanilda dos Santos Sales, coordenadora do MTST em Pernambuco;
  • José Manoel de Souza, presidente da ASMÃOS;
  • João Pedro da Silva Neto, prefeito universitário da UNIVASF;
  • Vanderley Gondim, professor do IF Sertão;
  • Antonio Marcos da Conceição Uchoa, representante do Sindicato dos Trabalhadores do IF Sertão;
  • Ana Goretti Correia de Melo, assistente social da Prefeitura de Petrolina;
  • E o vereador Professor Gilmar Santos (PT), que representou o poder legislativo na comissão e ajudou na mobilização.

Para o Professor Gilmar, a conferência representa “um momento fundamental para a garantia de democracia e da justiça social, através da construção popular”. Segundo ele, “o direito à cidade não pode ficar nas mãos de um grupo político que ignora as desigualdades. Se a gestão municipal se omite, a sociedade se levanta. Estamos aqui porque acreditamos na participação como pilar da democracia e da dignidade da nossa população”.

Já o presidente da Conferência, Rosalvo Antônio, destacou que “não realizar a conferência seria um ataque aos direitos da população e à democracia”. E completa: “a luta por uma cidade justa, inclusiva e sustentável só acontece com o povo participando ativamente das decisões. Por isso estamos garantindo esse espaço com o esforço de muitas mãos”.

Durante o evento, a população vai discutir propostas concretas para enfrentar problemas históricos da cidade, como a falta de moradia digna, precariedade do transporte público, ausência de saneamento básico, insegurança, desigualdade territorial e ausência de espaços de lazer e cultura. Ao final, serão eleitos(as) os(as) 12 delegados(as) que representarão Petrolina na etapa estadual da conferência, marcada para agosto.

Por Victória Santana e Glícia Barbosa
ASCOM | Mandato Coletivo

Professor Gilmar homenageia Fundadora da Associação das Mulheres Rendeiras do bairro José e Maria pela vida dedicada à solidariedade e à luta das mulheres periféricas

Cerimônia lotou a Associação das Mulheres Rendeiras para celebrar a entrega do Título de Cidadã Petrolinense a Dona Angelita

Imagem: Lizandra Martins

A Câmara Municipal de Petrolina concedeu, por proposição do vereador Professor Gilmar Santos-PT, o Título de Cidadã Petrolinense à senhora Angelita Maria dos Santos, conhecida como Dona Angelita. A homenagem, realizada na Associação das Mulheres Rendeiras, na noite da última terça-feira (17/06), reconheceu o trabalho incansável dessa mulher sertaneja que há décadas atua na transformação social da periferia da cidade, especialmente por meio da luta das mulheres.


Nosso mandato tem o compromisso de visibilizar as histórias e as pessoas que constroem nossa cidade com coragem, amor e trabalho coletivo. E Dona Angelita é símbolo de luta, cuidado e transformação. Seu legado é inspiração para todos nós e merece todo reconhecimento possível”, destacou o vereador Professor Gilmar Santos.

A cerimônia contou com um momento especialmente emocionante quando o vereador Professor Gilmar prestou sua homenagem de forma singular: acompanhado de Léo, filho de Dona Angelita, que tocava sanfona, ele recitou um cordel de sua própria autoria dedicado à homenageada, enquanto dedilhava o violão. A poesia, carregada de afeto, admiração e memória, arrancou aplausos do público presente, tornando a noite ainda mais simbólica e inesquecível.

Nascida em 1943, no povoado de Colônia, no município de Exu (PE), Dona Angelita carrega uma trajetória marcada pela força, pela fé e pela solidariedade. Ainda criança, começou a trabalhar com o artesanato para ajudar no sustento da família. Foi com essa mesma coragem que migrou com os pais para Petrolina, enfrentando de perto as dificuldades das secas e da pobreza.

Mas foi em 1995 que Dona Angelita tornou-se uma das fundadoras da Associação das Mulheres Rendeiras, espaço que até hoje promove autonomia, formação profissional e geração de renda para mulheres da periferia. A associação também atua no enfrentamento às violências e desigualdades que afetam, principalmente, mulheres negras e pobres, dando apoio, acolhimento e possibilidades reais de transformação de vida.

Com mais de 26 anos de história, a Associação das Mulheres Rendeiras segue sendo um dos principais símbolos de resistência popular da cidade. E Dona Angelita, mesmo aos 81 anos, permanece ativa, ensinando corte e costura e participando de ações comunitárias.

A entrega do título é, acima de tudo, uma forma de dizer: obrigada, Dona Angelita, por tudo que a senhora representa para Petrolina. Nosso Mandato reafirma que uma cidade justa só se constrói quando reconhece e valoriza quem luta por ela todos os dias, mesmo quando ninguém está vendo.

Por Glícia Barbosa
Edição: Victória Santana
Imagens: Lizandra Martins

Vereador Professor Gilmar propõe Festival de Culturas Afro-Indígenas e criação de Memorial dos Povos de Terreiro em Petrolina

Indicação também sugere o lançamento de editais específicos para apoiar financeiramente iniciativas culturais de comunidades tradicionais

O vereador Professor Gilmar Santos (PT) apresentou, nesta quinta-feira (05), uma indicação que propõe a realização de um Festival de Culturas de Matrizes Afro-indígenas, a construção de um Memorial dos Povos de Terreiro e a criação de editais específicos para apoiar financeiramente iniciativas dessas comunidades. As três ações são consideradas fundamentais para valorizar a cultura e garantir direitos das comunidades tradicionais em Petrolina.

As propostas têm como base a Lei Municipal Nº 3.330/2020, de autoria do próprio parlamentar, que criou o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa de Petrolina. Segundo o vereador, é papel do poder público garantir o respeito à diversidade étnico-racial e religiosa, além de valorizar os saberes e tradições das comunidades tradicionais.

“O Festival será um espaço de visibilidade, celebração e fortalecimento das expressões culturais, da música, da culinária e dos saberes dos povos afro-indígenas e de terreiro”, destacou Gilmar. Já o Memorial dos Povos de Terreiro deve se constituir como um marco permanente da história e resistência dessas comunidades, reconhecendo sua contribuição para o desenvolvimento social, cultural e econômico de Petrolina.

A proposição também prioriza o lançamento de editais públicos específicos voltados a essas comunidades. “Os editais são instrumentos fundamentais para consolidar políticas afirmativas, garantir o acesso a recursos públicos e fortalecer institucionalmente as organizações que atuam na promoção da igualdade racial e da liberdade religiosa”, ressaltou o parlamentar.

A indicação foi enviada à Prefeitura de Petrolina, com pedido de atenção à Secretaria de Combate à Fome e Desenvolvimento Social, por meio da secretária Doriane Secchi; à Gerência de Promoção da Igualdade Racial, representada por Iana Cavalcanti; e à Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, através da secretária Rosane Costa. 

O Mandato Coletivo, representado pelo Professor Gilmar Santos, segue comprometido com a defesa dos direitos das populações negras, indígenas e tradicionais, e reitera a necessidade de iniciativas concretas para a construção de uma cidade mais justa, plural e democrática.

Por Glícia Barbosa
Edição: Victória Santana
ASCOM – Mandato Coletivo

Audiência Pública histórica, proposta pelo Professor Gilmar, lota auditório da Codevasf e cobra ações concretas para pessoas com TEA, síndromes raras, altas habilidades/superdotação e deficiências

A iniciativa é uma resposta à ausência de políticas públicas voltadas a esses grupos

Garantir direitos e ações concretas de inclusão foi o foco da primeira Audiência Pública sobre pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), síndromes raras, altas habilidades/superdotação e deficiências (PCDs). A iniciativa, proposta pelo vereador Professor Gilmar Santos-PT, aconteceu na tarde da última quarta-feira (04), no auditório da Codevasf, reunindo familiares, representantes de instituições públicas e movimentos ligados ao tema. 

A audiência se configurou como uma resposta à precariedade dos serviços na rede pública e ao abandono das políticas voltadas a essas pessoas, amplamente denunciadas pela população. Na tribuna, o vereador Professor Gilmar propôs a criação de um comitê popular de monitoramento das políticas de inclusão e acessibilidade, que trate com prioridade a saúde mental das mães atípicas e a criação de um fundo emergencial de assistência para famílias de pessoas com síndromes raras. 

Vereador Professor Gilmar no uso da Tribuna

“É urgente que o governo faça um estudo sobre o orçamento e encontre caminhos para garantir esse suporte. Muitas mães vivem aflitas, sem recursos para comprar suplementos, fazendo rifas e pedindo ajuda para sobreviver. Não se trata de uma população de mil pessoas; é um grupo pequeno, que poderia ser mapeado com um censo. Não queremos estar aqui enxugando lágrimas. Nós queremos mais que abraços e solidariedade. Queremos que a solidariedade se transforme em ação concreta, em luta concreta, e em celebração por conquistas”, defendeu o parlamentar.

Entre relatos de mães emocionadas, Patrícia Bonfim, mãe de uma criança com síndrome rara e presidenta do Grupo Raros, destacou a falta de acesso a diagnóstico precoce e gratuito, a ausência de profissionais capacitados, a descontinuidade no cuidado e políticas públicas efetivas. “Somos esquecidos”, lamentou, referindo-se à invisibilidade das famílias e cuidadores/as. 

Patrícia Bonfim (Presidenta do Grupo Raros)

Marcelo Forte, psicopedagogo com altas habilidades/superdotação, TEA e outras condições, também denunciou a exclusão enfrentada cotidianamente. “Nós estamos excluídos em todos os espaços e é por isso que estamos aqui, para sermos ouvidos”, enfatizou.

Marcelo Forte (psicopedagogo com altas habilidades/superdotação, TEA e outras condições)

Maria Helena, professora de LIBRAS e pessoa com deficiência auditiva, afirmou que a Audiência foi um passo importante para escancarar as dificuldades enfrentadas e chamar a atenção do poder público “para que todos sejam impactados” a fim de melhorar o cenário sobre estas questões.

A partir das reivindicações, surgiram outros encaminhamentos importantes, entre eles: 

  • capacitação de servidores;
  • ampliar o acesso ao tratamento, com ações nas Unidades Básicas Saúde (UBSs); 
  • garantir profissionais da psicopedagogia nas escolas e rede de apoio para familiares; 
  • intensificar palestras de conscientização nas unidades de saúde e nas escolas, enfrentando o bullying e o capacitismo; 
  • melhorar o atendimento nas policlínicas e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), incluindo contato por telefone e ambientes mais acolhedores;
  • fortalecer o trabalho de organizações da sociedade civil.

A iniciativa integra as ações do Mandato Coletivo, representado pelo vereador Professor Gilmar, que há anos denuncia o abandono dessas causas e cobra soluções concretas. Em 2024, o vereador criou a Lei Nº 3.693/2024 que institui a Semana Municipal de Conscientização sobre Síndromes e Doenças Raras.

No requerimento de solicitação da audiência, o Mandato expôs a situação precária dos serviços de saúde voltados ao TEA em Petrolina, a partir de um relatório do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, de 2023, que classificou o município com desempenho “muito baixo” (acima apenas da categoria “crítico”) na prestação desse tipo de assistência.

A 1ª Audiência Pública sobre os temas foi um espaço necessário de fala, acolhimento e aprendizado. Além de familiares e amigos dos grupos representados, estiveram presentes membros da Associação dos Amigos do Autista do Vale do São Francisco (AAMAVASF), Grupo Raros e outras organizações sociais, estudantes de Psicologia da UNIVASF, da Prefeitura de Petrolina, Ministério Público de Pernambuco (MP-PE), das Defensorias Públicas da União e do Estado de Pernambuco e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). 

Por Glícia Barbosa
Edição: Victória Santana
(ASCOM | Mandato Coletivo)

Professor Gilmar denuncia retirada de verba da infraestrutura para bancar São João de Petrolina

Vereador aponta dívida bilionária da gestão e cobra transparência sobre uso de recursos públicos

Foto: Nilzete Brito (Ascom/CMP)

Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Petrolina, realizada nesta terça-feira (03), o vereador Professor Gilmar Santos (PT), líder da bancada de oposição, fez duras críticas à gestão municipal por retirar mais de R$ 7 milhões de áreas essenciais, como infraestrutura e serviços públicos, para reforçar o orçamento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, responsável pela organização do São João.

A denúncia foi feita por meio do Requerimento nº 0315/2025, apresentado pelo parlamentar e rejeitado pela base governista, com 16 votos contrários e apenas 3 favoráveis.

Segundo Gilmar, o Decreto nº 050/2025, assinado pelo prefeito Simão Durando (União), abriu um crédito suplementar de mais de R$ 8 milhões, sendo R$ 7.182.000,00 redirecionados para a secretaria que promove o São João, às custas de recursos retirados de áreas fundamentais para a população.

“Qual o valor previsto desse recurso para o evento do São João? Qual é a justificativa? De onde o prefeito está tirando dinheiro da população e colocando na secretaria que promove o São João? De quais ações, serviços e programas foram retirados esses valores?”, questionou o vereador durante o discurso.

Apesar de reconhecer a importância cultural e econômica da festa junina, o Professor Gilmar foi enfático: “Não é justo promover uma grande festa enquanto o povo das periferias continua no abandono, vivendo no esgoto e sem moradia digna”.

Outro ponto grave destacado pelo parlamentar foi o aumento do endividamento do município. Segundo ele, a gestão já endividou o município com mais de R$250 milhões nos últimos oito anos. Com o novo empréstimo que a Prefeitura deverá fazer na ordem de R$800 milhões, junto a instituições financeiras internacionais, acumula mais de R$1bilhão, sem apresentação detalhadas dos investimentos, nem mudanças significativas para diversos bairros da periferia.

“Com tantos milhões, por que as nossas periferias continuam abandonadas? Por que não tem um programa de moradia? Por que que a comunidade do Topázio, por exemplo, tem que passar por esse sofrimento nesse momento, já que não faltam milhões? Por que tantas ocupações de luta por moradia?”, questionou Gilmar, denunciando o descompasso entre os recursos disponíveis e a ausência de políticas públicas eficazes.

O vereador também cobrou responsabilidade da Câmara Municipal no exercício de sua função fiscalizadora. “Essa Casa é chamada de Casa do Povo. Então tem que agir como tal. Se a gente não sabe quanto entra e como é gasto, é farsa. Não é gestão, é maquiagem”, disparou.

O Requerimento nº 0315/2025, que pedia explicações formais do Executivo sobre o remanejamento de recursos, foi rejeitado por ampla maioria dos vereadores do prefeito. Diante desse resultado vergonhoso o vereador vai acionar o Ministério Público e a Justiça, para que a Lei de Acesso a Informação seja respeitada e os direitos da população sejam assegurados.

Por Glícia Barbosa
Edição: Victória Santana
ASCOM | Mandato Coletivo

1.º Simpósio sobre Questão Racial na Univasf debate reparação histórica e ações afirmativas para a população negra

Com o apoio do vereador Professor Gilmar-PT, o evento se consolidou como um espaço de luta, reconhecimento e construção coletiva de caminhos para a igualdade racial no Brasil

Por que a reparação à população negra continua necessária? Essa foi a questão central do 1º Simpósio sobre Questão Racial, realizado na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), entre os dias 13 e 15 de maio de 2025. Com o apoio do vereador Professor Gilmar Santos-PT, o evento foi promovido pelo Observatório de Políticas Afirmativas Raciais (Opará), em parceria com a Reitoria da Univasf e a Seção Sindical dos Docentes da Univasf (Sindunivasf).

Reunindo especialistas de diversas regiões do país, o simpósio debateu e propôs políticas de reparação histórica, com foco em ações afirmativas e na implementação de cotas no serviço público. A programação foi direcionada a gestores públicos, estudantes, professores/as, pesquisadores/as, representantes da sociedade civil e dos movimentos sociais antirracistas. O evento se consolidou como um espaço de luta, reconhecimento e construção coletiva de caminhos para a igualdade racial em Petrolina e no Brasil.

A coordenadora do evento, Ana Luísa Oliveira, destacou a importância da parceria com o Mandato Coletivo representado pelo Professor Gilmar, para aproximar o debate da realidade local. “O Mandato contribuiu também com a discussão sobre o nosso Estatuto da Igualdade Racial, aqui de Petrolina, trazendo um panorama dos desafios para pensar políticas públicas e reparação no âmbito municipal, o que é importante para contextualizar o debate aqui no Vale do São Francisco”, ressaltou.

Na manhã do dia 14, o professor Gilmar participou da mesa-redonda “Eficácia na implementação e reparação das vagas da Lei nº 12.990/2014 e outras ações afirmativas”. Durante a exposição, foram discutidos os desafios na execução da reserva de vagas para pessoas negras em concursos públicos federais, bem como estratégias para fiscalizar e garantir a efetivação desses direitos.

Durante sua participação, o vereador, que é autor do Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa de Petrolina, o primeiro aprovado no estado de Pernambuco, reafirmou o compromisso do Mandato Coletivo com a luta antirracista e a construção de políticas públicas voltadas à população negra. “Nosso mandato segue firme na defesa da democracia, da justiça racial e da reparação histórica. É preciso que o poder público municipal, em todas as esferas, assuma essa responsabilidade. Quero parabenizar o Observatório Opará pela realização do simpósio, que se consolida como um espaço fundamental para o fortalecimento do debate e da mobilização por direitos”, destacou Gilmar.

Para Marina Helena Costa, psicóloga e pesquisadora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), as ações afirmativas são fundamentais para garantir o acesso da população negra ao ensino superior e fortalecer vínculos dentro da universidade. “É um espaço em disputa, que tem conflitos, mas onde conseguimos nos aquilombar, nos reconhecer e construir vínculos muito importantes, que vão além da comunicação entre áreas ou da produção de conhecimento científico e acadêmico”, destacou.

Inês Eugênia, estudante de Jornalismo, reforçou a importância das políticas de cotas para o acesso e a permanência de pessoas negras na universidade. “Como mulher negra e cotista, entendo o quanto essas políticas foram fundamentais para que eu pudesse ingressar no ensino superior, realizar minha formação e me preparar para o mercado de trabalho. Participando do simpósio, vi que em outras universidades isso nem sempre acontece. Por isso, é essencial garantir que mais pessoas tenham o mesmo acesso que eu tive”, afirmou.

Além das palestras e mesas-redondas, a programação contou com a apresentação de trabalhos científicos, cursos voltados à promoção da igualdade racial, trocas de experiências, feira cultural e atrações artísticas. 

A abertura do simpósio foi marcada por uma homenagem à artesã Ana das Carrancas, que recebeu o título de Doutora Honoris Causa In Memoriam, a maior honraria concedida pela Univasf, em reconhecimento à sua contribuição cultural para o semiárido brasileiro.

Nesta primeira edição do simpósio, representantes de entidades públicas e privadas de todo o país se mobilizaram com o objetivo comum de refletir e propor caminhos concretos para a reparação histórica da população negra no Brasil.

Ao reunir diferentes setores da sociedade, o Observatório de Políticas Afirmativas Raciais (Opará) e o Mandato Coletivo reafirmam o compromisso coletivo com a construção de um futuro pautado na justiça social, no enfrentamento ao racismo estrutural e na garantia de uma igualdade racial que atenda, de fato, às necessidades e aos direitos do povo negro.

Por: Glícia Barbosa
Edição: Victória Santana

(ASCOM | Mandato Coletivo)

Professor Gilmar denuncia a doação de prédios abandonados pela Prefeitura para a Fundação Nilo Coelho

Durante sessão na Câmara de Petrolina, vereador do PT criticou duramente a transferência de imóveis públicos à Fundação ligada ao grupo político da gestão municipal, classificando a medida como injusta, antidemocrática e herdeira do coronelismo

Na sessão ordinária da Câmara Municipal de Petrolina realizada nesta terça-feira (29), o vereador Professor Gilmar (PT) fez duras críticas ao Projeto de Lei Nº 020/2025 e ao Projeto de Lei Nº 021/2025, ambos de autoria do Poder Executivo, que autorizam a concessão de uso gratuito de dois imóveis públicos à Fundação Nilo Coelho (FNC). Os projetos foram aprovados com 17 votos favoráveis. O Professor Gilmar foi contrário ao PL.

Os imóveis em questão são: o prédio da antiga biblioteca municipal, situado na Rua Aristarco Lopes, no centro da cidade; e o antigo banheiro público localizado na Orla Fluvial de Petrolina. Ambos os espaços encontram-se em situação de abandono há anos.

Para o vereador, a medida reforça um modelo de gestão que perpetua práticas antidemocráticas e oligárquicas, transferindo patrimônio público para entidades ligadas ao mesmo grupo político que comanda o Executivo. “É a repetição de uma velha prática em Petrolina, onde a Prefeitura doa espaços para a Fundação Nilo Coelho, esta constrói equipamentos e depois aluga para o próprio município. Isso é, no mínimo, injusto do ponto de vista do interesse público”, afirmou.

Gilmar citou como exemplo a Escola Municipal Monsenhor Bernardino, no bairro Vila Eulália. “O terreno foi doado à FNC, que construiu a escola, e hoje a Prefeitura paga aluguel. Em vez de fortalecer políticas públicas, a Prefeitura fortalece uma fundação privada com capital estimado em quase R$ 80 milhões, enquanto inúmeras instituições locais lutam por apoio e por uma sede própria”, denunciou.

Sobre o prédio da antiga biblioteca municipal, abandonado há mais de dez anos, Gilmar enfatizou: “O próprio texto do prefeito diz que o prédio está em total estado de abandono. Isso é um atestado de incompetência, de falta de compromisso com a cultura, com o bem público. Ao invés de revitalizar o espaço, a Prefeitura entrega à iniciativa privada, como se estivesse premiando o abandono”, declarou.

O vereador também denunciou a situação do antigo banheiro da Orla, construído na gestão do ex-prefeito Miguel Coelho. “Está tomado por lixo, fezes e urina. É dinheiro público jogado fora. E ao invés de recuperar o espaço, a Prefeitura o doa, porque não é capaz de administrar um banheiro público”, criticou.

Gilmar ainda questionou a escolha da Fundação Nilo Coelho, sem transparência ou consulta pública. Ele mencionou instituições como o Grupo Raros, formado por mães de crianças com síndromes raras, e a Associação de Amigos de Autistas, que há anos lutam por estrutura e espaço físico. “Nada contra a Fundação Nilo Coelho. O que precisamos discutir é o papel do poder público e o uso responsável do patrimônio público. Por que não debater com a população? Por que não fazer uma escuta pública envolvendo outras instituições que realmente necessitam de apoio? É inaceitável que se ignore quem realmente precisa, enquanto se beneficia quem já detém poder e patrimônio”, apontou.

Durante sua fala, o vereador fez duras críticas ao comportamento da base governista na Câmara, comparando a votação com práticas herdadas do coronelismo da República Velha. “É a mesma lógica do cabresto: o secretário de governo vigia os vereadores, pressiona, puxa pelo braço, para garantir que sigam a cartilha do coronel. É um ataque à democracia, à autonomia do Legislativo e à verdadeira representatividade que o povo espera”, concluiu.

Gilmar ainda reforçou seu compromisso com a fiscalização das ações do Executivo e com a defesa dos interesses da população, especialmente das periferias. “Meu voto é contra esse projeto, porque é contra esse modelo de cidade que continua tirando dos mais pobres para fortalecer os mais ricos. Precisamos romper com esse ciclo de desigualdade e injustiça”.

Por Victória Santana (ASCOM | Mandato Coletivo)

Mãe do Professor Gilmar é homenageada com as maiores honrarias da Câmara Municipal de Petrolina por sua trajetória de luta e solidariedade nas periferias

Aos 84 anos, Dona Diuza recebeu o Título de Cidadã Petrolinense e a Medalha Dom Malan em meio a música, poesia e reconhecimento por uma vida dedicada à transformação social

Na última sexta-feira (25), a Câmara Municipal de Petrolina concedeu à senhora Maria Diuza dos Santos, mãe do vereador Professor Gilmar-PT, as suas maiores honrarias: o Título de Cidadã Petrolinense e a Medalha de Honra ao Mérito Dom Malan. A homenagem reconhece a trajetória de vida de Dona Diuza, marcada por resistência, solidariedade e compromisso com a coletividade, especialmente nas periferias da cidade, onde vive há mais de quatro décadas.

A cerimônia foi realizada na Associação das Mulheres Rendeiras do bairro José e Maria, local de luta, afeto e formação da homenageada, onde dedicou grande parte da vida ao fortalecimento de mulheres periféricas por meio do trabalho digno e da construção coletiva.

O evento lotou o espaço e emocionou a todos os presentes. Dona Diuza chegou no salão acompanhada de seus netos e familiares, em uma entrada marcada por grande comoção. Foi homenageada pelas amigas da Associação, Dona Santinha e Dona Angelita, além da roteirista Dione Carlos, que acompanhada pelo sanfoneiro Iván Greg, interpretou a música Maria Maria, celebrando sua trajetória de força e ternura. Antes do discurso oficial, a cerimônia foi encerrada com o vereador Professor Gilmar, seu filho e autor da proposição, recitando uma poesia autoral dedicada à mãe, um momento de intensa emoção e gratidão compartilhada com todos os presentes.

O coração que floresce

Na casa de Dona Diuza, as plantas têm nome, história e propósito. Cada vaso é um pequeno altar onde ela deposita o amor pela terra, o respeito ao tempo e a crença de que a natureza cura. Cultivar não é apenas uma ocupação, é labor, um gesto político, uma forma de cuidado e um jeito de existir no mundo. Como quem rega o futuro com as mãos que um dia enfrentaram a enxada, o fogo do fogão de feira, e as lágrimas silenciosas das perdas.

Maria Diuza dos Santos nasceu entre os ventos e veredas do sertão pernambucano, em 1940, no sítio Baixa Verde, povoado de Santa Filomena (Piauí), onde aprendeu desde cedo a transformar desafios em sabedoria. Casou-se com Euclides Paulo dos Santos, o conhecido e querido “Dió”, com quem construiu uma história de parceria, afeto e resistência. Dessa união nasceram oito filhos: Deomário, Vilanir, Francisca, Adercino, Gilberto, Gildenir, Alzenir e Gilmar. Criaram sete, pois o primogênito faleceu ainda bebê. Cada filho foi uma extensão do amor e da coragem desse casal que, fizeram da vida um exercício constante de entrega e luta.

As dificuldades de criar os filhos na roça, levaram o casal, em 1972, a migrar para Juazeiro, na Bahia. Lá, encontraram na feira uma nova forma de sustento, vendendo alimentos típicos e reafirmando a dignidade do trabalho popular. Em 1979, com a iminente ameaça do rompimento da barragem do São Geraldo, foram obrigados a recomeçar mais uma vez, agora em Petrolina, Pernambuco, onde se fixaram no bairro Jardim Maravilha e viveram por mais de 30 anos. Foi ali, entre barracas, panelas e redes estendidas, que a matriarca consolidou seu papel de referência comunitária e materna.

Filha da caatinga, criou seus filhos na labuta da feira do Ouro Preto, no bairro Jardim Maravilha, vendendo buchada, caldo de mocotó e sarapatel, e oferecendo, junto à comida, palavras de coragem e acolhimento. Não foi o sertão que a moldou com dureza, mas ela quem ensinou que, por trás da terra árida, há uma potência de vida esperando por cuidado, por mãos generosas, por fé. 

Mesmo diante das maiores dificuldades, nunca abandonou seu profundo compromisso com o amor cristão e a solidariedade. Era conhecida por abrir as portas de sua casa a quem precisasse, gente de Petrolina e de longe, acolhendo, ofertando teto, alimento e palavra amiga, como quem estende um pedaço do próprio coração. Sua religiosidade a guiou pelas missas no bairro Ouro Preto, pelos projetos comunitários, e pelo cuidado com a saúde por meio das plantas medicinais, numa parceria com as Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Entre folhas, orações e partilhas, Dona Diuza fez da fé um gesto diário, uma prática viva, ensinando que a palavra de Jesus é sobre cuidar, amparar, dividir o pouco para multiplicar esperança.

No coração de Dona Diuza também floresce a luta constante e fecunda das Mulheres Rendeiras. Desde 2009, ao lado de Angelita e Santinha, ela forma um trio formoso e “quente”, como dizem, tecendo dignidade com as próprias mãos. Na Associação das Mulheres Rendeiras do bairro José e Maria, um quilombo urbano onde, há 27 anos, mulheres transformam o que parece pouco em abundância, Diuza cultiva mais que plantas: cultiva vidas. Lá, entre linhas, agulhas e sonhos, ela fortaleceu gerações de mulheres periféricas, bordando autonomia, trabalho digno e construção coletiva no tecido da resistência.

Não por acaso, Dona Diuza é mãe de Gilmar Santos, Professor Gilmar, que entre os encontros da Pastoral da Juventude do Meio Popular e as partilhas com a mãe, aprendeu que política se faz com gente, com solidariedade, com abraço e com coragem. Sua luta pelas periferias, pelo povo preto, pelas mulheres e pela justiça social é o reflexo vivo do legado materno que carrega. É como se cada passo dado por Gilmar na Câmara, cada lei proposta, cada denúncia feita nas ruas de Petrolina, fosse também um desdobramento das lições que aprendeu com ela: lutar, acolher, resistir. A mata que Oxóssi protege é a mesma que Dona Diuza cultiva no coração, com folhas, orações e gestos de amor.

Essa mesma mulher sertaneja e periférica, que caminhou lado a lado com as Irmãzinhas da Imaculada Conceição, que abriu as portas de casa para gente de perto e de longe, é agora reconhecida como símbolo de cidadania e dignidade. O título que Petrolina entrega a Dona Diuza é mais do que uma honraria: é o reconhecimento de que sua história borda, com delicadeza e coragem, o tecido da memória coletiva do povo dessa terra. Com a entrega da Medalha de Honra ao Mérito Dom Malan, a Câmara reconhece não apenas sua trajetória, mas a de tantas outras mulheres que, como ela, movem este país com afeto, resistência e luta.

Por Victória Santana e Glícia Barbosa (ASCOM | Mandato Coletivo)
Fotos: Lizandra Martins