Mandato Coletivo lança campanha do “Apitaço pela Vida das Mulheres” em Petrolina/PE

A ação consiste na distribuição de apitos e na divulgação de conteúdos digitais de sensibilização e combate à atitudes violentas dentro e fora de casa; “Apite por você, pela sua vizinha, pela sua amiga!”

Foto: Fabrício Nascimento

O machismo não entrou na quarentena e para muitas mulheres, ficar em casa para evitar o coronavírus é um pesadelo. Segundo um estudo recente da ONU, a pandemia é ‘catastrófica’ para mulheres no mundo todo por intensificar violência e pobreza.

Em face da crise sanitária e do isolamento social, ações propositivas de enfrentamento a esta realidade são essenciais para preservar a vida. Diante disso, as mulheres do Mandato Coletivo, juntamente com o Vereador Prof. Gilmar Santos (PT), organizaram a campanha do “Apitaço pela Vida das Mulheres”, lançada hoje (30), dia Nacional da Mulher.

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Atenção mulheres de Petrolina!!! Especialmente das nossas periferias! Se o coronavírus é uma grande ameaça para as nossas vidas, a violência contra a mulher é uma outra grande ameaça, anterior e que permanece nos afetando. Nós, mulheres do mandato coletivo, juntamente com o vereador professor Gilmar Santos, estamos criando a campanha do apitaço! 📣 A ideia é distribuir apitos para as mulheres das nossas periferias. É uma atitude muito simples, mas de grande importância na prevenção da violência doméstica. Se você ouvir um pedido de ajuda ou socorro de alguma vizinha, APITE, pois o apito pode inibir esse agressor ou alertar alguém que pode ligar para os telefones da polícia ou dos serviços de proteção. Quer fortalecer essa campanha? faça contato pelo WhatsApp (87 9 9802 0102) #mandatocoletivo #vereadorgilmarsantos #campanhadoapitaco

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A ação está voltada para o fortalecimento das mulheres no enfrentamento da violência,. A partir da distribuição de apitos em estabelecimentos comerciais e da veiculação de conteúdos digitais de sensibilização e combate ao machismo, a campanha visa coibir ações violentas dentro e fora das casa.

Higienizados previamente e distribuídos em embalagens plásticas, os apitos estão disponíveis em alguns estabelecimentos comerciais da cidade.  Farmácias, mercearias, quitandas e açougues receberam caixas personalizadas com identificação da campanha e informações da ação. Em apoio a campanha, diversas mulheres estão publicando vídeos nas redes sociais com a Hastag #ApitaçoPelaVidaDasMulheres.

Para Ângela Santana, integrante do Mandato Coletivo, os apitos podem alertar uma vizinhança e a comunidade sobre possíveis casos de agressão. “É uma atitude muito simples, mas de grande importância na prevenção da violência doméstica. O apito pode inibir esse agressor ou alertar alguém que pode ligar para os telefones da polícia ou dos serviços de proteção”, alertou.

A campanha é mais um complemento às ações já existentes no município e tem como objetivo criar e fortalecer redes de proteção. Os casos de machismo e violência de gênero devem ser denunciados através do 180.

No Brasil, a desproteção contra a violência de gênero em tempos de isolamento se soma a uma série de medidas não tomadas pelo Governo Federal para garantir padrões dignos de vida à população.

Segundo reportagem da Carta Capital, no canal de denúncias Ligue 180, administrado pelo governo federal, a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres anunciou um aumento de 17% no número de denúncias registradas pela plataforma no comparativo do começo e do fim do mês de março, período marcado por determinações de afastamento social em estados e municípios.

Para o presidente Bolsonaro o problema da violência contra a mulher está no isolamento social, como afirmou em entrevista: “Tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Como é que acaba com isso? Tem que trabalhar, meu Deus do céu. É crime trabalhar?”, resmungou. Especialistas alertam que violência contra a mulher não se resolve com o fim do isolamento, mas com desconstrução da ‘masculinidade clássica’ e da desigualdade de gênero, além de políticas sociais e de renda.

Para quem deseja apoiar a campanha ou tirar dúvidas, pode ligar para 87 9 9802 0102.

Como denunciar?

A Central de Atendimento à Mulher segue disponível 24 horas por dia pelo Ligue 180, pelo Disque 100 ou ainda pelo 153 da Patrulha da Mulher. Os casos mais urgentes devem ser denunciados junto à Polícia Militar no número 190.

A crise da pandemia e a violência contra a mulher

Mulheres, fiquem em casa, sigam à risca o isolamento social e ajudem a combater o coronavírus – mas não deixem de denunciar a violência doméstica

Foto Reprodução/Internet

A pandemia da Covid-19, provocada no mundo inteiro pelo novo coronavírus, evidenciou um fato que é estruturado na sociedade e leva milhares de mulheres à morte. Trata-se da violência contra a mulher – ou, neste caso específico, da violência doméstica.

Segundo a Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cresceu em 9% a violência contra a mulher depois do isolamento social. No último dia 6 de abril, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, faz um apelo global para que se protejam mulheres e crianças, dada a exacerbação da violência pelo confinamento.

A preocupação é real e emergencial para nós, brasileiras e brasileiros, já que somos o quinto país no Ranking Mundial de Mortes de Mulheres. É inquestionável a necessidade do confinamento, mas é também inquestionável, sob este novo contexto, a coexistência de dois fenômenos que afetam historicamente a vida das mulheres: a relação de opressão sobre o gênero e a construção das masculinidades.

Mas o que é gênero? É um conjunto de relações, atributos, papéis, crenças e atitudes que definem o que significa ser mulher ou homem na vida social. Nas sociedades em geral, as relações de gênero, quando desiguais, tendem a aprofundar outras desigualdades sociais e a discriminação de classe, raça, idade, orientação e identidade sexual, etnia, deficiência, língua ou religião, dentre outras.

Podemos resgatar, neste momento de crise pandêmica e, por consequência, econômica, a afirmação histórica da pensadora francesa e ativista Simone de Beauvoir (1908-1986): “Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”. Em nossos dias, tudo decai com mais força sobre a vida das mulheres. E pior: lá na ponta no confinamento de estruturas periféricas, quando desagregamos a mesma informação por raça/cor, são as mulheres negras que mais morrem.

“Não é a violência que cria a cultura”, afirma a socióloga Luiza Bairros, ex-ministra da SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). “É a cultura que define o que é violência. Ela é que vai aceitar violências em maior ou menor grau, a depender do ponto em que nós estejamos enquanto sociedade humana, do ponto de compreensão do que seja a prática violenta ou não.”

Por isso, precisamos informar e formar. Em 2019, houve 3.739 homicídios dolosos de mulheres – uma queda de 14,1% em relação a 2018. Apesar disso, houve um aumento de 7,3% nos casos de feminicídios – crimes de ódio motivados pela condição de gênero. É uma questão cultural que se fortalece por séculos.

Numa condição de confinamento como a que temos agora, emerge a reatividade, as relações tóxicas, que viram pavio de pólvora e se desdobram em xingamentos, empurrões, humilhações e violência física seguida muitas vezes de morte. Tanto que as denúncias já cresceram, conforme dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), órgão ligado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Nos primeiros 16 dias de março – ou seja, na fase pré-isolamento social –, a Ouvidoria teve uma média diária de 3.045 ligações recebidas e 829 denúncias registradas. Já no período imediatamente posterior ao isolamento, de 17 a 25 de março, houve 3.303 ligações e 978 denúncias registradas. Direitos conquistados voltaram a sucumbir!

O Pacto de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher – que previa orçamento e ações governamentais voltadas a políticas públicas para as mulheres – se esvaiu. Esse retrocesso ocorre justamente quando precisamos, mais que nunca, de equipamentos de proteção à mulher, como Centros de Referência, Casa Abrigos, Casa da Mulher Brasileira e Delegacias de Defesa da Mulher. Sob isolamento, as brasileiras não podem prescindir de equipamentos com capacidade de acolhimento e atendimento.

Para que o Estado enfrente a violência contra a mulher, é fundamental a intensificação de ações em rede, com foco em três pilares: Proteção (assistência/atendimento), Prevenção (educação de gênero, autonomia e empoderamento) e Punição (acesso à Justiça e ampliação dos direitos). Em briga de marido e mulher, mete-se a colher, sim. Sem sororidade e empatia, mulheres e homens, em sua diversidade e pluralidade, não alcançarão um mundo de paz.

Em caso de violência doméstica, denuncie por telefone (através do Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher), pela internet (no site da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos) ou pelo aplicativo (app) Direitos Humanos BR (que está disponível para os sistemas Android e iOS). No site da Ouvidoria, além do registro das ocorrências, a plataforma também permite o envio de vídeos, fotos e áudios.

Mulheres, fiquem em casa, sigam à risca o isolamento social e ajudem a combater o coronavírus – mas não deixem de denunciar a violência doméstica contra vocês próprias ou contra outras mulheres. A busca de apoio nos equipamentos públicos especializados é sempre a melhor opção. Ou, como afirma uma ótima campanha nas redes sociais, “mulher, ficar em casa não significa ficar calada”.

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Por Flávia Costa
Via Portal Vermelho

Nota em solidariedade à estudante Camila Roque, vítima de agressão policial em Petrolina

Em defesa da vida e de uma cultura de paz, sigamos em luta, e em resistência!

É com profunda indignação e repúdio que, em pleno mês da Consciência Negra, o vereador Prof. Gilmar Santos (PT) — Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de Petrolina — e o Mandato Coletivo, recebem a notícia da agressão policial sofrida pela companheira Camila Roque, mulher, negra, diretora da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE) e militante da União da Juventude Revolucionária (UJR). O fato ocorreu no último dia 09 desse mês, quando quatro policiais abordaram a jovens e outras duas estudantes no centro da cidade de forma abusiva e com armas em punho.

Identificando material de formação marxista na bolsa das jovens, um dos policiais desdenhou, desqualificou o material e ameaçou apreendê-lo. Camila argumentou sobre a ilegalidade da ação e sobre o direito de liberdade de pensamento e expressão, previsto na Constituição Federal. Após o abuso de autoridade e tentativa de intimidação, as jovens foram liberadas. Porém, Camila foi seguida por um dos policias, que a agrediu com um soco no rosto, a xingou de “terrorista” e a ameaçou dizendo que “Bolsonaro vai acabar com isso tudo”.

Expressamos aqui nossa solidariedade à Camila e às demais jovens diante de tamanha covardia e truculência promovida por agentes do Estado que deveriam garantir segurança à nossa sociedade. Sabemos o quanto essa ação é representativa da estrutura racista, machista, misógina, sexista, desigual e opressora que permeia a nossa história e as nossas instituições, principalmente na atual conjuntura, estimulada por lideranças políticas reacionárias e fascistas, a começar pelo próprio presidente da República.

Reafirmamos nosso compromisso de continuarmos em luta contra toda e qualquer forma de violência, e pela promoção e defesa de políticas públicas que garantam igualdade e oportunidades para as minorias mais oprimidas da nossa sociedade e, de maneira particular, às mulheres negras.

Sabendo que esse tipo de prática não deve fazer parte do comportamento da maioria dos policiais e de que há profissionais sérios e comprometidos com os direitos humanos nos órgãos de segurança pública, exigimos as devidas providências e punições para esses maus policiais.

Em defesa da vida e de uma cultura de paz, sigamos em luta, e em resistência!

Vereador Professor Gilmar Santos- PT
Mandato Coletivo

PM agride diretora da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco

A estudante Camila Roque e mais duas militantes da UJR foram covardemente agredidas por policiais militares em Petrolina (PE). Durante a abordagem, os quatro PMs esconderam suas identificações e sacaram armas contra as estudantes. Até agora, o Batalhão da PM se nega a colaborar na identificação dos policiais.

Foto: UESP

No último dia 9 de novembro, a estudante Camila Roque, diretora da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE) e militante da UJR, foi covardemente agredida por quatro policiais militares em pleno centro da cidade enquanto se dirigia ao campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

Camila e mais duas estudantes foram abordadas pelos policiais e revistadas ilegalmente, já que a revista de mulheres deve ser realizada por policial do sexo feminino. Suas mochilas foram abertas, mas apenas livros e agendas foram encontrados. Ao perceberem que um dos livros era de teoria marxista, os PMs disseram que o material seria recolhido. “Nesse momento, falamos que isso era ilegal e que até onde sabíamos ainda vivíamos num país democrático, onde temos o direito de ler o que quisermos”, relatou Camila. “O que nos chamou a atenção desde o começo, foi que todos os policiais estavam cobrindo com as mãos suas identificações e em nenhum momento explicaram os motivos dessa abordagem tão violenta”, explica.

Ao perceberem que a intimidação não estava surtindo efeito, os quatro policiais militares liberaram as militantes, que seguiram caminho até que Camila foi novamente abordada e, desta vez, agredida com um soco no olho, xingada de “terrorista” e avisada de que “Bolsonaro ia acabar com isso tudo”.

Imediatamente após a agressão, uma rede de solidariedade com movimentos sociais, de mulheres negras, parlamentares de esquerda e com a importante participação da diretora da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE) se formou na cidade para defender as três companheiras e denunciar a truculência policial, sinal dos tempos de radicalização do fascismo e da impunidade em nosso país. Na delegacia, um boletim de ocorrência foi registrado, mas todas as providências para que os PMs fossem identificados esbarraram na omissão do Batalhão da Polícia Militar de Petrolina, que se recusou a apresentar a escala de ronda do dia.

“É um absurdo que ainda sejamos obrigados a conviver com esse tipo de impunidade em nosso país. Nós, jovens negros e pobres, sofremos diariamente com o racismo e a violência da polícia que, ao que parece, conta com o apoio das autoridades do Estado”, disse Camila.

A UESP e a União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE) já entraram com denúncia da violência na Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE e o Ministério Público também está empenhado em identificar os quatro policiais covardes e responsabilizá-los pelo fato.

O momento político que vivemos no Brasil exige de todos os militantes sociais atenção e cuidados redobrados contra a covardia de grupos fascistas – fardados ou não – que agem cada vez mais livremente. A melhor defesa contra a violência reacionária dos poderosos é crescer o movimento de massas e a luta contra o fascismo, pois somente pondo fim a esta sociedade podre na qual vivemos podemos acabar com a violência.

Fonte: Jornal A Verdade