Professor Gilmar e movimentos sociais antirracistas representam Petrolina na 5ª Conferência Estadual de Igualdade Racial em Gravatá

Por omissão da Prefeitura, o município não garantiu delegação da gestão municipal na etapa estadual da Conferência. A representação foi garantida através de articulação do vereador e três representantes seguem para a etapa nacional em Brasília

O vereador Professor Gilmar Santos (PT) e representantes de movimentos sociais antirracistas de Petrolina estiveram em Gravatá, no Agreste pernambucano, para participar da etapa estadual da 5ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial de Pernambuco, realizada entre os dias 8 e 10 de agosto.

O evento, promovido pelo Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência, reuniu cerca de 250 delegados e delegadas eleitos/as nas conferências municipais, intermunicipais e livres. Com o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”, a programação foi organizada em três eixos: democracia, reparação e justiça racial.

Apesar de ter mais de 70% da população autodeclarada preta ou parda (IBGE, 2022), Petrolina não realizou sua conferência municipal e não garantiu delegados da gestão municipal na conferência estadual. A ausência é reflexo da negligência do município na implementação de políticas de promoção da igualdade racial, que até hoje não conta com um Conselho, um Fundo ou uma Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, mesmo após a aprovação, em 2020, do Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa, de autoria do Professor Gilmar (Lei Nº3.330).

A delegação que representa Petrolina só foi possível graças à articulação do Mandato Coletivo, que mobilizou lideranças e garantiu quatro vagas para a cidade na etapa intermunicipal, realizada em Serra Talhada no dia 2 de julho. Na ocasião, todos os representantes foram eleitos delegados/as para a etapa estadual.

Além do parlamentar, que integra a Frente Negra do Velho Chico, a delegação de Petrolina em Gravatá contou com Mariane Nunes (“Delicada”), capoeirista e representante do Coletivo Mulheres de Bamba; Mãe Jéssica de Yemanjá, do Templo Religioso Dona Colondina; e Victória Santana, representando o Fórum de Igualdade Racial de Petrolina. Dos quatro integrantes, três foram eleitos delegados/as para a etapa nacional, que será realizada em Brasília no próximo mês, com uma vaga na suplência. A Prefeitura Municipal de Petrolina, mais uma vez, não terá representação oficial nesta etapa nacional.

Durante a conferência estadual, o vereador contribuiu com propostas no Eixo 2: Justiça Racial. Uma de suas propostas foi eleita como prioridade e seguirá para a etapa nacional: “criar equipamentos culturais de artes e memória que desenvolvam formação antirracista e inclusiva, oferecendo cursos nas diversas linguagens artísticas (teatro, música, dança, audiovisual) e história da cultura dos povos de comunidades tradicionais, fortalecendo a cultura popular brasileira.

A proposta dialoga diretamente com as indicações que Gilmar já defendeu este ano na Câmara Municipal. Uma delas propõe a construção de um Memorial dos Povos de Terreiro em Petrolina, medida que considera fundamental para valorizar a cultura, garantir direitos e combater o racismo estrutural.

Durante a conferência estadual, o Professor Gilmar foi homenageado com uma Moção de Aplausos, em reconhecimento à luta do seu Mandato em defesa de políticas públicas que garantam a promoção da igualdade racial. A homenagem destacou a histórica autoria do Projeto de Lei que garantiu a implementação do primeiro Estatuto de Igualdade Racial e Combate à Intolerância Religiosa no estado de Pernambuco, mesmo enfrentando a resistência de vereadores bolsonaristas e o não reconhecimento do Estatuto pela Prefeitura, liderada à época por Miguel Coelho.

“O racismo institucional da gestão municipal de Petrolina tem impedido que a população negra participe da construção das políticas que impactam suas vidas diariamente, especialmente quem vive nas periferias, em condições precárias e sem igualdade de oportunidades. Seguiremos denunciando essa omissão e garantindo que nosso povo tenha voz nos espaços de decisão. Se a gestão não vai, nós vamos”, afirmou Gilmar.

Para Mãe Jéssica, a ida a Gravatá é mais um passo na luta coletiva: “Essa participação é fundamental para que possamos fortalecer nossas pautas, garantir que nossas tradições sejam respeitadas e que as políticas públicas contemplem o povo de terreiro e todas as comunidades tradicionais. Voltamos para Petrolina mais fortes e mais articulados.”

Por Victória Santana
ASCOM | Mandato Coletivo

Mandato Coletivo assina documento de movimentos antirracistas em defesa da população negra e periférica

A população negra representa dois terços da população de Petrolina-PE e mais de três quartos da população de Juazeiro-BA. A garantia dos direitos desta população garante efeitos positivos sobre toda a sociedade.

Foto: Lizandra Martins

Organizações, entidades e movimentos negros, sociais, culturais, artísticos e de Direitos Humanos de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, produziram um documento onde solicitam, dos principais municípios do submédio São Francisco, uma agenda sistemática no sentido de proteger a população negra e periférica durante a pandemia do Covid-19, agravada pelo surto de H1N1.

A população negra representa mais da metade da população brasileira, mais de dois terços da população de Petrolina-PE e mais de três quartos da população de Juazeiro-BA. “A garantia dos direitos da nossa população negra terá efeitos positivos sobre toda a sociedade. Não temos direito à inércia ou neutralidade racial.”, diz um trecho da nota.

Após o envio do documento às prefeituras, o Mandato Coletivo Professor Gilmar Santos subscreveu o texto como forma de reafirmação da luta em defesa da população negra e periférica de Petrolina-PE.

“Esperamos que estas proposições contribuam para que todos nós, sociedade civil negra organizada e poder público cumpram com a Constituição brasileira e com os princípios dos Direitos Humanos.
Aguardamos uma resposta do poder público municipal de Petrolina e Juazeiro nos próximos dias”, diz outro trecho da petição.

CDHC da Câmara Municipal de Petrolina emite nota de pesar pela morte dos jovens Matheus dos Santos e Lucas Levi

“A onda crescente de violência que ronda a nossa cidade deve ser tratada pelos governos com foco na prevenção da violência e, principalmente, no enfrentamento às desigualdades e injustiças sociais pelas quais passam a população empobrecida dos nossos bairros periféricos”, diz a nota

Sepultamento dos jovens no cemitério do bairro João de Deus

É com profundo pesar que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Petrolina recebe a notícia do assassinato de mais dois jovens negros, pobres e periféricos do nosso município.

A onda crescente de violência que ronda a nossa cidade deve ser tratada pelos governos com foco na prevenção da violência e, principalmente, no enfrentamento às desigualdades e injustiças sociais pelas quais passam a população empobrecida dos nossos bairros periféricos.

É extremamente preocupante que numa época em que as politicas sociais de proteção e promoção da dignidade humana estejam sendo destruídas a ação prioritária do Estado seja investir na repressão policial, muitas vezes de forma truculenta (contra os pobres, pretos e periféricos), como principal prioridade.

Transformar as polícias em principal resposta para esse caos social é colocar em risco toda a sociedade — inclusive a vida dos próprios policiais. Esses, quando transformados em “heróis” se vêm obrigados a resolver problemas que não são da sua responsabilidade. São servidores públicos, maioria de origem periférica, que também vivenciam condições precárias de trabalho. Quando se veem impotentes, incapazes de resolver esses problemas pelos meios legais, muitos adoecem ou passam a cometer ilegalidades, ao ponto de se envolverem até mesmo em grupos de extermínio; outros chegam a atentar contra a própria vida. Daí o motivo de termos no país a polícia que mais mata e a polícia que mais morre.

É diante desse cenário que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal reafirma o compromisso e abertura para o bom diálogo com a sociedade e todas as instituições interessadas em construir propostas e caminhos para a superação dessa triste realidade.

Aos familiares e amigos dos jovens Matheus e Lucas Levi, nossa solidariedade.

Continuaremos em luta para que Petrolina muito mais que uma referência econômica injusta, passe a ser um município-referência em igualdade de oportunidades e de cultura de paz.

Comissão de Direitos Humanos e Cidadania

Câmara Municipal de Petrolina