Em sessão solene pela passagem do Dia Internacional da Mulher, Mandato Coletivo exige mais recursos para políticas da Defesa da Mulher

“Não pensar nos descasos com o saneamento básico, saúde, educação e políticas culturais é o que sustenta as violências contra as mulheres. Violência física, moral psicológica e financeira”

Foto: Hyarlla Wany

Aconteceu nesta terça-feira (12), na Casa Plínio Amorim, a sessão solene pelo Dia Internacional da Mulher, onde foi lançada oficialmente a Comissão dos Direitos da Mulher, presidida pela vereadora Cristina Costa (PT). A Comissão que surge como ferramenta de proteção e combate à violência contra a mulher é a primeira do tipo em todo o Pernambuco.

Durante o evento também foi oficializado o funcionamento da Patrulha da Mulher (lei nº 3020/2018) no município, que tem como objetivo agir na proteção, monitoramento e acompanhamento das mulheres vítimas de violência.

Além dos parlamentares, a sessão contou também com a participação de representantes de instituições e movimentos sociais para debater projetos, leis e demais políticas públicas voltadas para a mulher.

Foto: Ângela Santana

A representante do Mandato Coletivo do vereador professor Gilmar Santos (PT) e integrante da comunicação da Rede de Enfrentamento da Violência Contra a Mulher, Laiane Santos, disse que a política feita de mulheres para mulheres é fundamental, pois, só estando nesse papel é possível pensar ações que beneficiem as mesmas.

“…Elas dizem Não aos cortes sociais nas políticas que prejudicam primeiramente as mulheres periféricas, em sua maioria negra. O dia da mulheres serve para nos questionarmos: Como estão as creches e as escolas dos filhos dessas mães? Como estão as condições de trabalho das mulheres? E o porquê de ser apenas 16 mil reais de recursos municipais destinados ao programa de geração de rendas às mulheres vítimas de violência em Petrolina? Não pensar nos descasos com o saneamento básico, saúde, educação e políticas culturais é o que sustenta as violências contra as mulheres. Violência física, moral psicológica e financeira”, disse Laiane em entrevista com a equipe.

Foto: Ângela Santana

O Vereador professor Gilmar Santos (PT), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos, também participou da sessão e reforçou a importância de espaços de debate sobre esse tema no município e alertou a comunidade presente para a política produzida pelo presidente da República e como essa política interfere diretamente na vida das mulheres.

“Nós estamos vivenciando em nosso país um momento de profunda violência na forma como a política tem se colocado. Hoje nós temos um presidente da República que de forma declarada é um inimigo das mulheres, porque através do seu discurso de ódio, através da banalização do feminicídio, através da forma excludente como planeja esse governo, retira a participação das mulheres de todas as políticas públicas necessárias. Nós temos uma grande violência e uma cumplicidade com todas as violências que aparecem no nosso cotidiano” Disse Gilmar.

Além disso, o parlamentar trouxe essas expectativas para a realidade da cidade e de como existe contradição nas ações de determinados políticos que se apresentam enquanto defensores dos direitos da mulher, mas que compactuam com projetos que negligenciam as mesmas enquanto mães, trabalhadoras, estudantes etc.

“Nós tivemos essa Casa aprovando uma lei da chamada “ideologia de gênero” para perseguir e atacar a dignidade de todas vocês mulheres; Essa aprovação é uma expressão de como não se compreendeu a luta das mulheres. Tivemos essa Casa aprovando também a lei da Escola Sem Partido, para perseguir professores e professoras. Para a nossa felicidade, uma mulher que estava em exercício no mandato, resolveu vetar totalmente esse projeto de lei. Porém, esse projeto ainda está nessa Casa para que os vereadores derrubem esse projeto. Se nós não tivermos coerência na nossa ação enquanto Parlamentares, nós ficaremos aqui apenas fazendo homenagens, que são importantes; mas não podemos homenagear essas atrocidades que infelizmente atropelam todas as conquistas importantes que vocês, mulheres, tiveram até então (…) Todos aqueles representantes da sociedade que votaram pelo congelamento dos recursos na educação e na saúde por vinte anos, são cumplices do feminicídio. Todos aqueles que votaram pelos cortes nos programas de moradia como o “Minha Casa, Minha Vida”, todos aqueles que hoje fragilizam o Bolsa Família, todos aqueles que de alguma maneira dificultam o desenvolvimento da educação democrática, aqueles que contribuem para a perseguição dos professores e professoras, são cúmplices do feminicídio” Disse.

Por fim, Gilmar finalizou sua fala dando exemplos de como o descaso na educação, no transporte, na saúde, na pavimentação etc atinge de forma direta as mulheres de Petrolina, bem como, cobrou ao poder executivo mais investimento nas políticas públicas voltadas para a mulher.

“Vale lembrar das mães, das mulheres dos Residenciais do “Minha Casa, Minha Vida” que não tem transporte, educação, que não tem assistência de saúde suficiente; das mulheres que estão nas ocupações no João de Deus em busca de moradia; das mulheres que estão na fruticultura tendo contato cotidiano com agrotóxicos, com veneno depois as levam para o Hospital do Câncer. É essa a luta necessária! O governo Miguel Coelho precisa colocar mais dinheiro no orçamento de políticas públicas para as nossas mulheres. A forma concreta de enfrentar essa luta é através do recurso público” Conclui.

Tudo na tragédia do Museu Nacional fede aos nossos tempos sombrios

A tragédia do incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro é a bola da vez para a consternação coletiva em torno de uma história rotineiramente reduzida a pó. Tudo nela fede aos nossos tempos sombrios

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Tiago Barbosa, DCM

A crônica diária de destruição do Brasil tem nos obrigado a perceber tudo como extensão simbólica da nossa falência enquanto nação.

A tragédia do incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro é a bola da vez para a consternação coletiva em torno de uma história rotineiramente reduzida a pó.

Tudo nela fede aos nossos tempos sombrios.

O esqueleto de fogo exibido ao vivo pelas TVs deu forma física ao tradicional desprezo do país por memória, cultura e educação – traço exacerbado pela agenda neoliberal recente de cortes excessivos no orçamento e de menosprezo a pautas de relevância social.

O sumiço sob chamas do maior e mais importante acervo científico do país ocorre em meio ao congelamento, por vinte anos, dos recursos destinados à ciência, tecnologia, saúde, cultura e educação – medida endossada por uma elite cinicamente abalada, hoje, com o ocaso do museu.

O equipamento público bicentenário agonizava com verba minúscula em 2018 e problemas estruturais no edifício denunciados há poucos meses. Chegou a suspender a visitação por falta de dinheiro.

Mas a indiferença governamental torrou um patrimônio com mais de 20 milhões de itens catalogados – de Luzia, fóssil mais antigo das Américas, a coleções paleontológicas de valor inestimável para o conhecimento.

A cremação pública do passado também metaforiza a tentativa contemporânea no Brasil neoliberal de enfraquecer instituições voltadas à construção e compreensão da nossa identidade.

O governo atual tentou fundir as pastas da Cultura e da Educação para “economizar”, e um dos candidatos a presidente de extrema-direita defende a extinção do Ministério da Cultura.

Isso sem falar na criminalização constante das políticas públicas adotadas para financiar manifestações identitárias – tidas como prática perdulária na cartilha da austeridade – e na tentativa repulsiva da linguagem neofascista de dar novo significado histórico e normalizar traumas como a ditadura militar.

O incêndio no museu é mais um alerta à reflexão sobre o tratamento dado à nossa história. Ou abrimos os olhos de vez para o nosso passado ou seremos reduzidos a cinzas em um futuro próximo.

Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br