Ao defender direito a moradia e expor problemas dos cemitérios de Petrolina, vereador Gilmar Santos é censurado pelo presidente Osório Siqueira

Em fala controversa, até o líder da situação, vereador Aero Cruz (PSB),  reconheceu o excesso do presidente da Casa e apelou para que o petista pudesse concluir o seu discurso. Confira o vídeo na matéria.

Foto: Angela Santana

Na sessão desta terça-feira, 24, o vereador Gilmar Santos (PT) foi mais uma vez atacado no seu direito de fala durante o pedido de ordem. Em novo episódio de flagrante autoritarismo, o vereador do PT teve seu microfone desligado pelo presidente da Casa, Osório Siqueira (PSB), numa tentativa clara de silenciamento das importantes denúncias que o parlamentar apresentou em sua fala.

O ato de censura ocorreu quando o vereador Gilmar comunicava aos presentes na sessão a falta de políticas públicas estruturantes por parte do governo do Miguel Coelho. Segundo ele, a cidade enfrenta problemas graves em vários setores e nada tem sido feito de modo a resolvê-los efetivamente. Duas questões importantes foram apresentadas pelo parlamentar: Uma delas foi a política de habitação que tem sido desmantelada pelo governo federal e municipal, haja vista que, em conversa com o secretário Fred Machado, ficou constatado que não existe qualquer garantia de recursos federais ou municipais para a retomada das moradias populares, tão importantes durante os governos Lula e Dilma. As únicas medidas encaminhadas pelo atual governo para o Ministério das Cidades foi a solicitação de 1000 unidades para residências urbanas (MCMV- Minha Casa Minha Vida) e 800 rurais (PNHR-Programa de Habitações Rurais), o que  não passam de promessas.

Foto: Angela Santana

A segunda questão apresentada foi a falta de espaço para sepultamento no Cemitério Campo da Paz , no bairro Henrique Leite, informações que recebemos por meio de denúncias dos comunitários que precisaram do serviço. Também em conversa com o secretário fomos informados de que o poder executivo tem conhecimento do problema e que ainda não tem recursos alocados para tal questão.

Vale observar que a mesa diretora não tem o mesmo rigor no controle do tempo com outros parlamentares, isso é observável inclusive nessa sessão. Antes de Santos utilizar o seu tempo, previsto para 3 minutos, o vereador Ronaldo Silva, que também deveria dispor de 3 minutos, teve autorização de Siqueira para usar a tribuna num tempo de 14 minutos. Silva tratou sobre as graves denúncias envolvendo o programa de distribuição de carne de bode, convênio entre a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e a Central Única dos Bairros (CUBAPE). Nessa ocasião, Gilmar lembrou ao presidente que quando se tratar de tema de interesse da população é pertinente que a mesa reflexibilizasse o tempo para que os vereadores pudessem tratar de maneira apropriada o assunto. Porém, quando Santos usava o seu tempo de fala, o comportamento de Siqueira mudou, impedindo o parlamentar de continuar o seu discurso.

Portanto, é notório que o regimento da Casa Plínio Amorim muitas vezes é usado de forma seletiva, beneficiando uns e prejudicando outros, configurando verdadeira discriminação no tratamento. O vereador Manoel da Acosap, primeiro secretário da Mesa Diretora, ainda tentou argumentar em favor do rigoroso cumprimento do regimento, segundo ele, para que a Casa funcione com ordem. Nesse momento, Santos questionou: “como pode uma casa cheia de tanta desordem falar de ordem?”

Diante dos fatos, o vereador Gilmar afirmou ainda que “é muito triste e lamentável que Petrolina, cidade de tanta riqueza e de gente tão trabalhadora, ter uma representação política tão irresponsável, mesquinha e ofensiva aos direitos da nossa população. A gestão do senhor Osório Siqueira, além de criar condições para a desordem gera verdadeira censura quando nos impede tratar de temas tão importantes para o nosso povo. Reafirmo que a nossa luta vai continuar e não vamos nos calar diante dessa afronta”.

Felizmente outros vereadores, inclusive da bancada da situação, reconhecendo o excesso de Osório, apelaram para que o vereador Gilmar Santos tivesse o direito de concluir sua fala, como foi o caso do vereador Aero Cruz (PSB), líder da situação na casa Plínio Amorim. Confira vídeo