“Não podemos nos calar diante de tamanha violência! O Estado não pode continuar estendendo a sua mão violenta às populações mais pobres das cidades. Esse não pode ser o modelo de Segurança Pública de um Estado ou de um país. O caso de William não é uma exceção, é uma regra. É uma constante nas periferias de Petrolina. O que está acontecendo?”, cita um trecho do documento.
Diante do recente caso de violência policial contra o casal de comerciantes William Gomes da Silva Souza e Rosimere Cordeiro Pinheiro, além do colaborador José Erick, agredidos por policiais do 2º Batalhão Integrado Especializado (BIEsp), entidades que atuam no campo dos Diretos Humanos e do Movimento Negro divulgaram uma nota de repúdio e uma petição online exigindo uma apuração criteriosa do caso.
Willian e Rosimere atuam há mais de 10 anos na avenida principal do bairro José e Maria com o comércio de acarajé. As vítimas residem no bairro Vila Eulália, zona periférica de Petrolina-PE, onde o fato foi registrado.
A cena de terror foi acompanhada por Rosimere, que teve uma pistola apontada para a sua cabeça, mesmo estando com o filho de pouco mais de um ano no colo. Toda a agressão foi presenciada por mais dois menores: uma filha de 05 e um filho de 12 anos, além do pai de Rosimere, de 71 anos.
A descrição da vendedora de é semelhante a outras abordagens policiais realizadas nas periferias de Petrolina. Para Rosimere “a polícia não é para nos agredir. A polícia não é para nos aterrorizar. A polícia é para nos proteger, para nos defender. (…) Estou com medo de sair de casa. Estou com medo de ficar em casa”.
O caso foi registrado junto a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Câmara de Vereadores de Petrolina/PE que, após emitir nota de repúdio, encaminhou a denúncia para a Central de Inquéritos do Ministério Público do Estado de Pernambuco.
“Temos denunciado, insistentemente, a diferença da abordagem nos bairros populares e negros de Petrolina e em bairros brancos e de classe média da cidade. Não assistimos a notícias de policiais arrombando a porta das mansões e dos apartamentos da orla da cidade, avaliados em R$ 2 milhões. Não há notícia de mulheres das classes mais altas serem levadas em camburões repletos de homens e serem xingadas e ameaçadas com seus filhos nos braços. Esse modus operandi precisa parar”, Diz um trecho da nota que acompanha a petição.
A nota questiona o Estado enquanto violador dos Direitos Humanos, principalmente nas periferias. “Não podemos nos calar diante de tamanha violência! O Estado não pode continuar estendendo a sua mão violenta às populações mais pobres das cidades. Esse não pode ser o modelo de Segurança Pública de um Estado ou de um país. O caso de William não é uma exceção, é uma regra. É uma constante nas periferias de Petrolina. O que está acontecendo? Precisamos dar um basta a essa realidade. Precisamos denunciar esse caso a instâncias superiores de dentro e de fora do país”, questiona um dos trechos.
Em nota, a CDHC disse que está dando assistência às vítimas e reafirmou o compromisso de lutar pela garantia dos direitos do povo petrolinense. “A comissão assegura que trabalhará para que todos os fatos sejam explicados e que os responsáveis arquem com as consequências de seus atos de violência”, cita a nota.
Para assinar o documento é necessário que a pessoa preencha os campos com nome e endereço de e-mail e finalize clicando no botão laranja. Até o fechamento deste texto, a petição já alcançava mais de 100 assinaturas.
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Com informações do Blog Ponto Crítico