A Marcha das Margaridas leva reivindicações e propostas das mulheres do campo para o centro do poder, sempre com foco na igualdade de gênero, combate à fome e à violência
Margarida Maria Alves foi assassinada com um tiro no rosto em 12 de agosto de 1983, há exatos 35 anos. A mando de fazendeiros da região, pistoleiros armados de calibre 12 atiraram no rosto da presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, na frente de seu filho e de seu marido, na porta de casa.
O crime foi motivado pelas denúncias que a sindicalista fazia contra abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região. Durante os 12 anos em que presidiu o sindicato, Margarida moveu mais de 73 ações contra as usinas de cana de açúcar da região. Depois de sua morte, ela se transformou num símbolo da luta das mulheres camponesas por terra, justiça e igualdade.
Os conflitos entre trabalhadores rurais e proprietários de terra seguem fazendo vítimas e manchando de sangue a história do campo no Brasil, o país mais violento do mundo para populações camponesas. Só em 2017, 71 pessoas foram assassinadas no campo por lutarem por terra ou em defesa do meio ambiente – maior número registrado desde 2003. Os crimes costumam ser motivados pelas disputas de interesses entre comunidades tradicionais, agricultores e grupos interessados em explorar territórios, como o agronegócio. A maioria deles, porém, segue sem esclarecimentos.
Desde o ano 2000, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com apoio da Articulação de Mulheres Brasileiras, da Marcha Mundial de Mulheres, da Central Única dos Trabalhadores e de outras 27 federações estaduais e mais de 4 mil sindicatos, realizam em Brasília a Marcha das Margaridas.
Sempre em agosto, as Marcha das Margaridas leva reivindicações e propostas das mulheres do campo para o centro do poder, sempre com foco na igualdade de gênero, combate à fome e à violência.
Mais de 20 mil mulheres do campo participaram da primeira edição da Marcha das Margaridas, há 19 anos.
Texto: Jornal GNN