Este ano serão discutidas as temáticas da ditadura militar e a sua atualidade em práticas de genocídio da juventude negra, o descaso com o saneamento básico e a necessidade de políticas públicas para a periferia da cidade.
Entre os dias 26 de abril e 1º de maio, uma série de atividades culturais e formativas vão movimentar os bairros José e Maria, Santa Luzia, Dom Avelar e Terras do Sul, na zona Norte de Petrolina. É a terceira edição do “Abril pra Luta”, iniciativa organizada por um coletivo de ativistas sociais com o apoio das Associações de Moradores e de outras entidades sociais. O objetivo é descentralizar as manifestações artísticas, políticas e desportivas no município, incentivando o protagonismo periférico pela apropriação de pautas que impactam e ameaçam o cotidiano das comunidades.
Este ano, serão discutidas as temáticas da ditadura militar e a sua atualidade em práticas de genocídio da juventude negra, o descaso com o saneamento básico e a necessidade de políticas públicas para a periferia da cidade. Os temas serão aprofundados a partir de diversas atividades lúdicas e culturais, como a exibição de filmes, performance, intervenções poéticas, teatro, dança, oficinas, batalha de Rap, festival, torneio de travinhas e ciclismo. Todas são gratuitas, abertas ao público e organizadas com coragem e ousadia, na construção de paisagens sociais livres e emancipatórias.
A programação deste ano, com o tema “Periferia Viva”, inicia nesta sexta-feira, 26 de abril, às 19h, na Associação das Mulheres Rendeiras do bairro José e Maria, com a performance “Evocando as Ausências – Ditadura? Nunca mais!”, do Rizoma Companhia de Teatro. Em seguida, haverá a exibição do curta-metragem “Filhos da Ditadura”. O assunto discutido na abertura do evento é a atualidade da ditadura militar brasileira, tendo o professor de História e vereador Gilmar Santos como debatedor.
No sábado, 27 de abril, o “Abril pra Luta” desembarca na Avenida Principal do bairro Terras do Sul, às 7h, com o “Baba do 7X1 Nunca Mais”, uma disputa de travinhas com premiação. Às 9h, o Espaço Sonhar recebe a oficina de Capoeira Angola e História, com a confecção de cartazes. À noite, às 19h, a Associação das Mulheres Rendeiras volta a ser sede do evento: com a intervenção teatral “Alforrias”, da Trupe Daqui, e o espetáculo de dança “Batuques”, da Cia Balançarte de Dança.
O bairro Santa Luzia será o palco do dia 28 de abril. A partir das 17h, acontecerá, na Praça Tácio Ítalo (Clube do bairro), uma roda de Capoeira Angola, seguida de uma Batalha de Rap às 18h, com premiação para o primeiro e o segundo lugar e participação da banda Novo Ciclo Rap. Simultaneamente à batalha, será oferecida uma oficina de Slackline (equilíbrio em fita). Na segunda-feira, 29 de abril, a Praça Dom Avelar do bairro Dom Avelar recebe, às 19h, o Cine Reaja Periferia, com a exibição do documentário “No meu Bairro”, produzido pelos estudantes da Escola Antônio Padilha.
Já no dia 30 de abril a Associação das Mulheres Rendeira recebe o Festival Canto Para Resistir, a partir das 19h. Entre as atrações musicais confirmadas, estão as bandas Perdidos do Norte e Norte BA Crew e os artistas Catarine Castro e Camila Roque, Libório, Maércio, Dj Analu e Kayque Bruno. Haverá também intervenções do projeto Ser Tão Poeta e experimentação cênica de Laiane Santos, do Núcleo Biruta de Teatro. A programação do “Abril pra Luta” segue até o dia 1º de maio, no bairro Santa Luzia, às 16h, com o “Bike no grau – o corre do trabalhador”, em parceria com o Clube de Ciclismo de Petrolina. A concentração será na Praça Tácio Ítalo.
“As atividades e discussões são pensadas de acordo com as necessidades de cada bairro. Um exemplo é o bairro Terras do Sul, que não tem nenhuma política pública de esporte e lazer. Há 2 anos, a atividade que acontece lá é o ‘Baba do 7X1 Nunca Mais’, que traz a discussão da importância do esporte, do lazer e da própria educação na formação das crianças”, destaca Karoline Souza, uma das organizadoras do evento. Segundo ela, o intuito é plantar a semente do questionamento. “As pessoas já sabem que os projetos não chegam de fato em suas comunidades. Estão lá e vivem diariamente essa negligência, então não precisamos dizer que falta, precisamos dizer por que falta e reivindicar a vinda de boas iniciativas para nossos bairros”, afirma.
Entre as entidades parceiras do “Abril pra Luta” 2019, estão a Associação das Mulheres Rendeiras, a Associação Raízes, o Mandato Coletivo do vereador professor Gilmar Santos, o Ponto de Cultura “As Histórias dos Heróis do Povo Negro”, a Associação de Moradores do José e Maria, a Associação de Moradores do Terras do Sul, o Conselho Comunitário do bairro Santa Luzia, a Associação de Moradores do Dom Avelar, o #SouPeriferia, o Rizoma Cia de Teatro, a Cia Balançarte de Dança, a Cia Biruta de Teatro, a Trupe Daqui, o Ser Tão Poeta, o coletivo de Capoeira Angola, o Espaço Sonhar, o Velho Chico Roots e a banda Fogo no Monturo.
Ascom Abril pra Luta