Trabalhadores/as da Agricultura Familiar sofrem violência do Estado em reintegração de posse injusta, no Pontal, Petrolina, PE

Uma verdadeira operação de guerra foi realizada nesta terça (8), em Petrolina –  Sertão de Pernambuco, contra trabalhadores rurais que ocupavam algumas áreas no projeto Pontal – interior de Petrolina.

Imagens feitas pelos agricultores(as)

Segundos relatos e imagens registradas pelos próprios agricultores, a ação conjunta entre as polícias Federal e Militar, envolveu um grande contingente de policiais que usaram de aparatos militarizes para contenção de manifestações em massa como: bombas de efeito moral, balas de borracha, máquinas e até um helicóptero foi usado com vôos rasantes para disparar as bombas e balas nos moradores daquelas áreas ocupadas para cumprir uma ordem Judicial de reintegração de posse.

Cerca de 600 famílias divididas entre os acampamentos D. Tomás e Democracia, no Projeto Pontal , ocupavam uma área de aproximadamente 7.000 hectares e desde 2006 revindicavam apenas 10 hectares por famílias para o cultivo diversificado de culturas como: milho, feijão, mandioca, banana, e outros.

Entre as famílias estão pessoas que tiveram suas terras desapropriadas com a promessa de receberem terras irrigadas para seu sustento, mais segundo as mesmas a terra destinada na área de sequeiro não oferece condições de plantio por se tratar de terra sem irrigação.

Agora as famílias com suas casas e cultivos destruídos, estão sem saber o que fazer com seus pertences porque muitas não tem para onde ir e nem podem pagar aluguel.

As áreas do Projeto Pontal pertencem a União e é administrado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Parte dessas áreas, que estão em processo de licitação e pela forma com que as famílias foram expulsas só haverá espaço para o empresariado, poderia ser destinada para Reforma Agrária.

Segundo o Vereador Gilmar Santos (PT) secretário da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara de Vereadores, que esteve presente no local e conversou com as famílias – esta ação que ele caracterizou como uma “violência” – tem o apoio de  autoridades políticas de Petrolina que poderiam ter intervido para evitar tal situação e que a luta pela terra é uma luta Justa. É uma luta por direitos, afirmou ele, e continua: “O Senador Fernando Bezerra Coelho, o deputado Federal Fernando Filho e o então deputado Federal Guilherme Coelho, todos eles tem interesses na expulsão destes trabalhadores(as)  para que empresários venham ocupar este espaço, excluindo assim a agricultura familiar’.

Apesar de ter sido relatado pelos agricultores(as) a ação truculenta das polícias por não se importar com a presença das crianças residentes no local, não houve relatos de feridos e nem resistência por parte dos mesmos.

O vereador se solidarizou com as famílias e se colocou a disposição para atuar na mediação e diálogo entre as partes.

 

 

Conquista dos Trabalhadores/as Rurais: Juiz suspende reintegração de posse da área do Projeto Pontal

Foto: Angela Santana

Nesta sexta-feira, 08, o Poder Judiciário mandou oficiar em caráter de urgência a Polícia Federal, para informar que a reintegração de posse da área do projeto pontal está suspensa.

Desta forma, a ação de reintegração que estava marcada para o dia 12/09/2017 não deverá ocorrer. Veja aqui Despacho

É possível que audiências e/ou reuniões ocorram para tratar do assunto com todos envolvidos.

Para o advogado dos ocupantes, Daniel Besarria, o conflito não se limita ao processo judicial. “Estamos presenciando uma luta que não se limita a reintegração ou não da área. Trata-se da dívida histórica de políticas agrárias, de lidar com a reforma agrária com a seriedade que o assunto requer”, disse.

As famílias que ocuparam a Codevasf e depois o INCRA em Petrolina, agora estão mais aliviadas, uma vez que poderão ter esperança de conquistar definitivamente suas terras.

A ação judicial teve o apoio do Senador Humberto Costa, da vereadora Cristina Costa e do vereador Gilmar Santos, parlamentares do Partido dos Trabalhadores.