“Quem envenena a população não merece aplausos”

“Vereador professor Gilmar santos vota contra moção de aplausos à Monsanto/Bayer proposta pelo vereador Ronaldo Cancão”

Foto: HyarllaWany

Na sessão ordinária desta terça-feira (23) foi apresentado o requerimento de Nº 103/2019, de autoria do vereador Ronaldo Cancão (PTB), para que fosse consignada pela Casa Plínio Amorim uma “moção de aplausos” à Monsanto/Bayer Petrolina.

Durante a votação do requerimento, o vereador professor Gilmar Santos (PT) ponderou as justificativas apresentadas por Cancão e afirmou que não há motivos para aplaudir uma empresa que, apesar da geração de empregos, envenena a população e o meio ambiente.

“A Monsanto que era uma das mais importantes empresas de produção de agrotóxicos, de herbicidas, agora sob administração da Bayer se transforma na maior empresa mundial de produção de agrotóxicos (…) e quando nós pensamos em geração de empregos eu me pergunto até que ponto a gente pode aplaudir uma empresa que polui o meio ambiente, que despeja agrotóxicos na região, que geram diversas doenças, que explora os trabalhadores e depois sacrifica suas vidas (…) Nós não podemos pensar em desenvolvimento sem saúde, sem sustentabilidade” disse.

Na oportunidade, o edil também listou algumas doenças que podem ser causadas a partir do contato direto ou indireto com os agrotóxicos, como por exemplo o Alzheimer, o espectro autista, a infertilidade, o câncer etc. Acrescentou ainda que é preferível investir e apoiar a produção de orgânicos, a agricultura familiar, e garantir a qualidade dos alimentos consumidos pela população, do que em hospitais para tratar das doenças causadas por essas substâncias tóxicas.

Assim como Gilmar, os vereadores Gabriel Menezes (PSL) e Cristina Costa (PT) se posicionaram contra o requerimento – que acabou sendo aprovado pelos vereadores da bancada do prefeito Miguel Coelho.

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No dia 10 de janeiro o Diário da Agricultura publicou o registro de 28 agrotóxicos e princípios ativos – entre eles o Sulfoxaflor, que vem causando polêmica nos Estados Unidos. As autorizações publicadas em janeiro foram aprovadas no ano passado durante o governo Temer (MDB), e nas duas primeiras semanas do governo Bolsonaro, mais 12 produtos receberam registro para serem comercializados.

Clique aqui para saber um pouco mais mais sobre a Monsanto/Bayer e sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde humana e ambiental.

Nos EUA, Monsanto é condenada a pagar multa milionária por herbicida

Por decisão de júri da Califórnia, a empresa terá de pagar 289 milhões de dólares para homem que contraiu câncer após uso de glifosato.

Este pode ser o primeiro de muitos casos relacionados aos efeitos cancerígenos do glifosato. Pixabay

Um júri da Califórnia condenou, na sexta-feira 10, a companhia Monsanto a pagar 289 milhões de dólares em indenizações a um homem que afirma ter contraído câncer devido à exposição a um herbicida da empresa que contém glifosato.

A mídia americana destacou que este deverá ser o primeiro de centenas de casos que a Monsanto deverá enfrentar na Justiça americana pelos supostos efeitos cancerígenos do glifosato.

Dewayne Johnson afirma que utilizou o herbicida Roundup, produzido pela Monsanto, de maneira frequente quando trabalhava como jardineiro numa escola de São Francisco.

O júri de San Francisco concedeu a Dewayne Johnson 250 milhões de dólares em indenizações punitivas e 39 milhões em ressarcimentos compensatórios. O júri do caso determinou que a Monsanto não alertou os clientes sobre os riscos que corriam ao utilizar o produto.

Os jurados também concluíram que a omissão da empresa em incluir os alertas necessários foi um “fator substancial” para provocar a doença de Johnson, de 46 anos, e que sofre com um linfoma. Durante o julgamento, os médicos da vítima afirmaram que ele só tem mais alguns meses de vida.

Robert F. Kennedy, Jr., membro da equipe de advogados de Johnson, afirmou após o veredicto: “Este júri constatou que a Monsanto agiu com malícia e opressão porque estava ciente de que estava fazendo algo errado e com indiferente negligência à vida humana”. “Isso deve servir de sinal para a diretoria da Monsanto.”

Defesa da Monsanto

O glifosato é um herbicida que tem gerado grande controvérsia no mundo todo pelas discussões sobre seus efeitos prejudiciais tanto para saúde humana quanto para o meio ambiente. A Monsanto nega que seus produtos sejam perigosos, citando centenas de estudos mostrando que o ingrediente ativo do Roundup – o glifosato – é seguro.

Johnson desenvolveu uma erupção cutânea e foi diagnosticado com linfoma não-Hodgkin em 2014, aos 42 anos de idade. Seus advogados disseram que ele desenvolveu o câncer após ter borrifado grandes quantidades de Roundup e de um produto genérico, Ranger Pro, como jardineiro de uma escola num distrito da região metropolitana de São Francisco.

Dewayne Johnson abraça o advogado ao ouvir o veredito do tribunal da Califórnia (Josh Edelson/AFP)

Julgamento

A empresa, que foi recentemente comprada pela multinacional alemã Bayer por 62 bilhões de dólares, argumentou que o linfoma não-Hodgkin leva anos para se desenvolver e Johnson deve tê-lo adquirido antes de começar a trabalhar no distrito escolar em 2012.

Em comunicado, Scott Partridge, um dos vice-presidentes da Monsanto, afirmou que a empresa vai recorrer da decisão.

“Mostramos nossa empatia com Johnson e sua família. A decisão de hoje não muda o fato de que mais de 800 estudos e revisões – e conclusões da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), do Instituto Nacional dos EUA (NIH) e de autoridades reguladoras no mundo todo – apoiam que o glifosato não causa câncer”, afirmou.

Licença por mais cinco anos na UE

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) constatou que o glifosato “provavelmente não é cancerígeno” e que não há “riscos significativos para a saúde humana quando o produto é usado de acordo com o rótulo do pesticida”.

No entanto, em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde classificou o glifosato como “provavelmente cancerígeno para humanos”. No entanto, em 2016, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) disse que o glifosato é “improvável” de causar câncer.

A Califórnia inclui o glifosato em sua lista de produtos químicos conhecidos por causar câncer. Além disso, ambientalistas apontam potenciais efeitos nocivos do ingrediente ativo na biodiversidade e nos ecossistemas.

O julgamento foi duplamente prejudicial para a reputação da Monsanto, porque os registros revelados por um tribunal americano mostravam e-mails entre a empresa e os reguladores, sugerindo que possuía pesquisa atribuída a autores fantasmas classificando o produto como seguro.

A ideia de uma relação próxima entre reguladores e empresas de pesticidas também foi apresentada por grupos ambientais na Europa. O debate sobre o uso do glifosato vem ocorrendo há anos na Europa, onde houve apelos para sua proibição.

Em novembro último, a União Europeia ampliou a licença para uso do glifosato por mais cinco anos, apesar da resistência de alguns países-membros. Depois disso, o herbicida pode ser eliminado gradualmente ou banido.

http://www.cartacapital.com.br

 

 

Crescer Saudável e Monsanto em Petrolina: As dúvidas permanecem!

No dia 20 de Março aprovamos na Câmara Municipal de Vereadores um requerimento dirigido à Prefeitura de Petrolina com questionamentos sobre o Programa Crescer Saudável.

Justificando que “o programa ‘Crescer Saudável’ foi anunciado como parceria entre o município e empresas privadas, entre elas a Fundação Monsanto, uma transnacional que lidera a produção de herbicida glifosato (veneno agrícola) e sementes transgênicas”, fizemos as seguintes perguntas:

1. Qual o papel das empresas privadas parceiras na execução do programa?
2. O desenvolvimento das hortas que o programa prevê terá sementes e mudas provenientes de qual produtor ou empresa? Serão sementes e mudas geneticamente modificadas? Haverá uso de sementes crioulas e utilizadas pelas comunidades tradicionais da região?
3. Como funcionará a utilização dos alimentos produzidos nas hortas na merenda escolar e como ficará a aquisição de alimentos produzidos pelos pequenos agricultores?

No dia 18 de Abril, recebemos a primeira resposta, onde se afirmava que “consta no Plano Municipal de Educação de Petrolina, Lei nº 2.713/2015, ‘Estabelecer, até o final da vigência deste Plano, parcerias com os diversos setores responsáveis pela educação, saúde e assistência social governamental e não governamental, visando garantir a qualidade educacional às crianças e apoiar os familiares assistidos nas instituições de educação infantil”.

Sobre os questionamentos, informaram que:

“I. O programa tem parceria 100% da INMED Brasil e Monsanto Found que é o braça filantrópico da empresa ao redor do mundo. Esta instituição existe desde 1964, e tem como uma de suas linhas de atuação o investimento em iniciativas que privilegiem a alimentação e a nutrição, em especial para mães e seus filhos com até 5 anos de idade…

II. As hortas escolares são orgânicas e utilizam sementes e mudas de produtores locais. Essa prática tem como objetivo incentivar a economia local. É feito um levantamento de preços no municípios para verificar onde há os produtos que possuem o melhor custo/benefício em relação à qualidade e preço. Para o evento de lançamento do programa, que ocorreu no dia 15 de Março, na CMEI Irmã Dourado, a terra foi comprada no ‘Boaterra Produtos Agrícolas Ltda’, os materiais de jardinagem, na ‘Florescer Flores e Jardins’, e as mudas na ‘Horta Comunitária do Otacílio Nunes’. Não Haverá uso de sementes e mudas geneticamente modificadas.”

III. A horta escolar não tem como objetivo a grande produção de verduras e legumes, seu principal papel é o de ser uma ferramenta pedagógica para o ensino de nutrição e da constituição de bons hábitos alimentares na infância. […] dessa forma o que for colhido nas hortas escolares poderá ser utilizado para incrementar a merenda e o excedente distribuído aos familiares.

No dia 29 de Junho, uma segunda resposta foi encaminhada, respondendo aos questionamentos da seguinte maneira:

“I. Na execução do Projeto Crescer Saudável não há participação de empresas privadas. O Programa tem execução exclusiva da INMED Brasil e Monsanto Dund, Organização da Sociedade Civil, sem fins lucrativos, que atua no Brasil desde 1993 com programas com programas nas áreas de saúde, educação, esportes e cultura.
Em Petrolina a participação da referida organização se dá de modo a acompanhar a gestão do projeto para que os resultados e as metas aprovados sejam efetivamente alcançados.

II. As hortas escolares são orgânicas e utilizam sementes e mudas de produtores locais. Essa prática objetiva incentivar a economia local. Quanto as aquisições são feitas levantamento de preços no mercado local para verificar onde há os produtos que possuem o melhor custo/benefício em relação a qualidade e preço. Não existe uso de sementes e mudas geneticamente modificadas.

III. Nem todas as escolas participantes do programa têm espaço físico para o desenvolvimento das hortas, o que compromete a aquisição direta, contudo sua obtenção através de pequenos agricultores não está sendo afetada dentro do que a prefeitura já realiza atualmente.
As escolas que irão receber a horta, passarão por capacitação oferecida pela equipe INMED Brasil no preparo dos canteiros, semeio, controle de pragas e doenças.”

Agradecemos a Secretaria Municipal de Educação pelo atendimento das solicitações. Acreditamos que é essa a relação, de respeito e colaboração, que o conjunto da gestão municipal deve ter com a Câmara de Vereadores.

As respostas obtidas, apesar de tentarem diminuir as preocupações, ratificam o papel da Monsanto na execução do Projeto. E neste ponto, o fato de ser um braço filantrópico da empresa não torna sua ação menos danosa. Uma empresa com seu histórico certamente buscará melhorar sua imagem pública com ações de marketing e propaganda.

Por estas razões reforçamos nossa preocupação com a condução do Programa Crescer Saudável, ao passo que encaminharemos cópias integrais dos documentos recebidos para análise de grupos como o Sertão Agroecológico da UNIVASF e o departamento de Nutrição da UPE, além de disponibilizar logo mais aqui no site do mandato.