18 de julho: aniversário de Mandela e a resistência negra e popular

Caso vivo, Mandela completaria 101 anos; líder representa a luta de todo o povo negro

Símbolo de luta do povo negro, Mandela resistiu a 27 anos de prisão / Keith Bernstein

O racismo é estruturante na sociedade capitalista e patriarcal e, no caso brasileiro, durante o processo histórico de construção da nação, o povo negro sempre esteve às margens da sociedade. Na África do Sul, o apartheid foi a forma encontrada para excluir a maioria da população e destiná-las a condições sub-humanas de vida em prol do desenvolvimento da economia capitalista. 

Apartheid significa “separação” em africâner, língua falada na África do Sul. O apartheid foi um sistema de segregação racial instituído na África do Sul em 1948 pelas elites brancas que controlavam o país e sustentava-se no mito da superioridade racial europeia. Baseando-se na crença de que os brancos europeus eram superiores aos negros e outras etnias, os brancos acreditavam que deveriam viver separados. Os não-brancos eram proibidos de frequentar os mesmos lugares que os brancos, de ter a posse de terras, de circular livremente pelo território e, é claro, de participar das decisões políticas do país.

A partir do início do apartheid, o comprometimento de Mandela ao movimento pela liberdade se intensificou. A sua atuação logo chamou a atenção do governo, que o incluiu na lista de líderes banidos. O banimento e a perseguição do governo levaram Mandela a anos de trabalho na clandestinidade. Mandela passou 27 anos de sua vida preso. Mesmo de dentro da prisão conseguiu manter a liderança do seu povo pela luta contra o sistema racista. 

No Brasil, também é a população negra quem mais sente os retrocessos impostos em função do racismo estrutural. Os cortes e congelamento de investimentos públicos em educação e saúde, a destruição da política de aumento real do salário mínimo, o aumento do desemprego e essa precarização das relações de trabalho, o aumento da exploração dos bens naturais, entre outras medidas, justificadas como saídas para crise, impactam diretamente no aumento da desigualdade racial e social.

É preciso considerar a necessidade de compreensão de que nossa história, desconhecida pela maior parte da população, foi semeada de episódios sangrentos, brutais, mas também de muita resistência no enfrentamento à exploração e opressão. Assim como o reconhecimento dessa identidade na construção de uma plataforma democrática e popular.

 

*Rosa Maria é educadora do campo e militante do MST

Fonte: Brasil de Fato| Texto: Rosa Maria| Edição: Marcos Barbosa