Professores e professoras contratados/as da UPE emitem nota de repúdio contra atraso de salários

 

Professoras e professores contratadas/os da UPE-Petrolina emitem carta de repúdio contra o não pagamento dos seus salários. A instituição vem, historicamente, sendo precarizada. Seus regimes contratuais se dão por meio de prestação de serviços temporários, o que sucateia o trabalho docente e impacta na qualidade de ensino.

Abaixo, segue a carta de repúdio.

 

“Ao Governo do Estado de Pernambuco,

À Reitoria da Universidade de Pernambuco,

À Direção do Campus Petrolina,

Ao Corpo Discente.

CARTA DE REPÚDIO

Vimos por meio desta, informar à comunidade acadêmica e civil todo constrangimento que nós, professoras e professores contratadas e contratados pela Universidade de Pernambuco – campus Petrolina estamos vivenciando e manifestar o nosso repúdio ao descaso pelo qual estamos passando. A Universidade de Pernambuco não tem honrado seu compromisso contratual referente ao semestre 2017.1, deixando as professoras e professores que já enfrentam a precariedade existente no campus sem o pagamento dos valores do referido semestre. Essa não é a primeira vez que uma das maiores universidades do Vale do São Francisco trata os seus contratados dessa forma, precarizando as relações trabalhistas e desrespeitando os compromissos prioritários para toda a classe trabalhadora, o esperado pagamento.

O nosso contrato baseado em horas trabalhadas, prevê o pagamento da função que exercemos parcelado em três vezes. A primeira parcela é paga após cumprir as 80 horas, a segunda após 160 horas e a última após completada as 240 horas. Iniciamos as nossas aulas na primeira semana de abril e terminamos o semestre em meados de agosto, e até o momento só recebemos uma única parcela, no mês de junho. Cumprimos com nossas obrigações contratuais e encerramos o semestre de acordo com o solicitado pela direção e reitoria, porém este respeito não é recíproco. Sem representação sindical, estamos expostos a contratos de subtrabalho, pois não há um controle sobre as horas trabalhadas ou mesmo sobre os descontos de impostos direto na fonte, pois a Universidade não emite recibo ou holerite. Além dos recorrentes atrasos que perduram como um problema crônico da UPE, no qual não vemos interesse por parte das instâncias de poder da Universidade e nem do Governo do Estado de Pernambuco em tratá-lo.

A direção da unidade, a reitoria e o governo do estado de Pernambuco nos devem os seus posicionamentos e as soluções, pois é inadmissível que a desvalorização do profissional docente seja defendida pelo o argumento que temos que passar por isso para fazer curriculum. É essa lógica que a Universidade de Pernambuco e o Governo do Estado querem ensinar aos seus estudantes? Se não há uma formação docente de qualidade, que profissionais estarão no mercado de trabalho futuramente? Essa é a educação que o Governador do Estado Paulo Câmara e o Ministro da Educação Mendonça Filho defendem?!

É sabido que professoras e professores no Brasil não são valorizadas/os, e que os regimes de contratação são ainda mais precários que de efetivos, mas a situação da Universidade de Pernambuco é extremamente lamentável. Assim, é urgente que a UPE trate com mais respeito seus profissionais – e consequentemente seus estudantes –  efetuando devidamente os pagamentos das professoras e professores contratadas/os e regularizando o processo seletivo para que hajam contratos mais claros e um regime de trabalho menos precário, e por sua vez mais atrativo.

Desta forma, nós professoras e professores que continuamos em atividade no semestre que se inicia, paralisamos nossas atividades até que o pagamento total referente a 2017.1 seja efetuado.

Comissão de professoras e professores contratadas/os 2017.1 da Universidade de Pernambuco – campus Petrolina”.