O racismo destrói as entranhas do Brasil

É preciso assegurar que todos os negros e negras no país tenham direitos iguais, pois, a desigualdade é o motor que impulsiona toda essa engrenagem, de maneira perversa, injusta, cruel

O racismo estrutural existe sim, e corrói as entranhas da vida brasileira há muito, muito tempo. Tempo demais. É inaceitável que continuemos assim. Nossa sociedade paga um alto preço pela normalização do racismo e isso é inadmissível; e fazemos quase nada para estancar esta ferida que sangra todos os dias: quando um menor é assassinado à queima-roupa, uma mãe perde seu filho para o tráfico, milhares de negros são demitidos, crianças negras são violentadas, povos quilombolas perdem suas terras, mães negras são insistentemente desrespeitadas em seus trabalhos como domésticas em casas de patroas brancas, e tantos outros fatos horrorosos que crescem exponencialmente. Todos os dados estatísticos apontam para números desfavoráveis e mais elevados quando consideradas as populações negras.

Em que ponto estas questões não incomodam cada cidadão brasileiro, pode ser considerado um mistério desafiador, mas que não deve ser ignorado. Não deveríamos jamais voltar para nossas casas, sentar confortavelmente nos sofás, jantarmos, assistirmos os jornais de canais abertos (contaminados do mesmo racismo estrutural e que só perpetuam a perspectiva conservadora, autoritária, e colonizadora do neo-liberalismo enquanto usam a concessão pública unicamente como meio de prosperarem financeiramente) e suas notícias falsas. Nenhum cidadão do país não deveria querer menos que um país soberano para todos os seus conterrâneos, para que todas as mães tenham escolas públicas de excelente qualidade para seus filhos, negros ou brancos, que a segurança pública respeite a legalidade da justiça e não atue de maneira punitivista, violenta, e burlando o processo da justiça para o qual todo cidadão é considerado inocente até que se prove o contrario. É para isso que pagamos os mais altos impostos do mundo e a grande massa de trabalhadores, de pobres, são aqueles que mais pagam estes impostos. E boa parte dessa massa é constituída de negros, tendo em vista toda a historicidade resultante da “libertação dos escravos” que jogou milhões, sem meios de sobrevivência, nas ruas, sem uma política adequada de inserção dos libertados na vida cotidiana, atitude mais que amoral e cínica, tendo em vista que foram os escravizados os principais responsáveis pela riqueza de seus antigos dominadores.

Há que preponderar a criação e a manutenção de políticas públicas neste sentido: assegurar que todos os negros e negras no país tenham direitos iguais, pois, a desigualdade é o motor que impulsiona toda essa engrenagem, de maneira perversa, injusta, cruel. E o fato de ser o racismo estrutural, não quer dizer que seja intransponível, imutável, ou invencível. A pressão sobre as autoridades governamentais tem de ser intensa e constante, mas a pressão por uma sociedade antirracista deve ser igual, de cada um, para cada um, pois está atrasada, defasada, modorrenta, doente, vazia, insuportável, sem ética, uma nação que normaliza o racismo em seu seio.

Fonte:Por Cristine Souza, do Jornal noite e dia

Pandemia: racismo estrutural e o silêncio da imprensa

O racismo estrutural atinge frontalmente a maioria da população pobre, destinatária das consequências nefastas durante a pandemia – portanto, o debate que cruza as condições econômicas com a raça não deveria ser silenciado.

Foto: Internet

Nestes tempos de pandemia, a preocupação com a covid-19 tem feito com que vários especialistas, governantes e jornalistas discutam diariamente, na imprensa, medidas para que o sistema de saúde brasileiro não entre em colapso, visando a diminuição da propagação do vírus e políticas para amparar as famílias atingidas com o isolamento social. No caso desta demanda, não me lembro de ter presenciado tamanha preocupação com a pobreza como está sendo agora. Isso é ótimo, mas tenho ressalvas sobre a maneira pela qual estão conduzindo a discussão. Não há abordagem das questões raciais como elemento fundamental na pobreza da população, sendo que a premissa do debate deveria ser o reconhecimento de que os mais desfavorecidos, economicamente, têm a pele negra. O racismo estrutural atinge frontalmente a maioria da população pobre, destinatária das consequências nefastas durante a pandemia – portanto, o debate que cruza as condições econômicas com a raça não deveria ser silenciado.

O momento é dramático. Nesse sentido, é primordial desenvolver uma nova consciência social, carregada de olhares humanos que reconheçam as mazelas dos negros. Estamos numa situação em que nossos corpos irão ocupar a maioria das valas nos cemitérios do país. Assim sendo, é dever da imprensa amplificar a negligência do Estado no combate ao racismo estrutural, pois a omissão tem permitido a manutenção do privilégio de uma minoria branca, resultando na eliminação dos direitos dos negros. Moramos nas periferias das cidades, ausentes de condições estruturais para cumprir as orientações de higiene como pedem as autoridades de saúde neste período de isolamento social − que, por sinal, tem acarretado outras consequências. Para se ter uma ideia, álcool em gel na periferia é luxo. O racismo estrutural responde pela quantidade monumental de negros ocupando o mercado de trabalho informal, no qual somente temos renda se estivermos trabalhando. No mercado de trabalho formal, estamos na lista de potenciais demitidos com a crise instalada – isso porque somos a classe dos trabalhadores mais explorados. E cabe lembrar que, antes da pandemia, dados do IBGE apontavam que 64% dos desempregados eram negros. Imagine como serão os números depois da pandemia.

Concordamos com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as ações promovidas pelos governos no combate à covid-19. Alertamos apenas a imprensa sobre o quanto é importante, no debate público, demonstrar que o racismo criou estruturas discriminatórias, sendo responsável por esses milhares de famintos que pedem socorro. Não basta lançar luz sobre os mais pobres e não reconhecer as raízes da opressão. A sociedade precisa tomar um choque de realidade e fazer uma autoavaliação das próprias práticas racistas. Decerto que, em algum momento, a pandemia será superada e os negros seguirão sobrevivendo com as permanentes dificuldades. Ou plantamos a semente que colocará um fim à seletividade humana em função da cor da pele ou continuaremos sendo uma sociedade que não aprende com a história.

***

Ricardo Corrêa
Via Observatório da Imprensa

Projeto de Lei que institui o Estatuto da Igualdade Racial em Petrolina é tema de debate na Câmara Municipal

O projeto, da autoria de Gilmar Santos (PT), tem como objetivo garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, defesa dos direitos individuais, coletivos e difusos, o combate à discriminação e às demais formas de intolerância racial e religiosa.

Foto: Lizandra Martins

Nesta quarta-feira, 20 de novembro, data em que se comemora o dia da Consciência Negra, o vereador professor Gilmar Santos (PT), junto ao Mandato Coletivo, promoveu uma roda de conversa para debater sobre o Projeto de Lei nº 152/2019, da sua autoria, que institui o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa no âmbito do Município de Petrolina.

O projeto destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, defesa dos direitos individuais, coletivos e difusos, o combate à discriminação e às demais formas de intolerância racial e religiosa, foi lido e debatido por representantes da sociedade civil, movimentos sociais, instituições e organizações ligadas à luta antirracista que puderam fazer suas considerações para implementação do PL que já foi protocolado na Câmara Municipal na última terça (19), e será encaminhado para votação assim que finalizado.

“A regulamentação desse PL em Petrolina será uma conquista de direitos do povo negro, dos movimentos sociais organizados, de todas as pessoas que têm compromisso com a luta antirracista, com a promoção da igualdade de oportunidades e de defesa dos direitos humanos. Quando promovemos essa roda de conversa nesse dia 20, Dia Nacional da Consciência Negra, com companheiros e companheiras de luta, tanto de Petrolina quanto de Juazeiro, para discutirmos esse PL, reafirmamos nosso compromisso com a participação popular, com a luta coletiva e democrática. Queremos que a Lei que vai tratar sobre direitos do povo negro tenha sua participação direta no processo de construção. Somente assim poderemos enfrentar os grandes desafios e construir propostas de enfrentamento às profundas desigualdades e violências tão cotidianas na vida do nosso povo”, pontuou Gilmar.

O poeta Fabrício Nascimento, que estava presente na reunião, ressaltou a importância da participação popular na construção do projeto: “Eu achei esse PL importante por que ele vai contar com a participação desses vários movimentos sociais que atuam em favor do povo negro e eu acredito que é dessa forma que realmente deve acontecer (…) Por que quando um vereador simplesmente tem um projeto de lei e faz com que ele seja aprovado sem essa participação popular, vai ter simplesmente a visão dele, agora quando tem a visão de vários grupos se torna algo mais efetivo e fica mais fácil, não de executar, mas de correr atrás com essa participação para que seja realmente atendido”, disse.

Na ocasião, a iniciativa do PL foi parabenizado pela makota Ioná Pereira, representante da Acbantu na região, que também reforçou a necessidade da inclusão de políticas públicas voltadas para combate ao racismo e à intolerância religiosa no município: “a gente precisa dar passos, continuar dando passos, por que a gente já conseguiu algumas coisas que fortaleçam o povo preto, mas ainda tem muita coisa pela frente para a gente conquistar. Um Projeto de Lei como esse é um instrumento poderoso por que vai acabar influenciando, principalmente as histórias do Poder Público, abrindo espaços para o nosso povo (…) esperamos que esse projeto seja aprovado e não fique só na aprovação, por que é massa que a gente tenha as leis, mas elas precisam ganhar corpo com o povo preto”.

Tiano Félix, que é vereador pelo PT em Juazeiro-BA, também esteve presente no debate e afirmou que a provação do projeto será uma conquista não apenas para Petrolina, mas para toda a região do Vale do São Francisco, para a Bahia e para o Pernambuco.

“Parabenizo o professor Gilmar por essa iniciativa que vai ser abarcada por Juazeiro e Petrolina. Esse é um momento importante para a consolidação de uma política pública que visa atender os interesses e as necessidades de um seguimento tão marginalizado que é esse seguimento do qual a gente trata na construção do Estatuto da Igualdade Racial que dispõe da política, da transversalidade dessa e da responsabilidade da gestão pública no cumprimento de uma Lei assertiva de proteção e de resgate da importância do povo negro, do povo baiano, do povo pernambucano na construção dessas duas cidades”, afirmou o parlamentar.

Ao final da reunião surgiu a demanda da criação de uma comissão para discutir o PL e a criação ou instituição do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial junto ao poder executivo do município.

Novembro Negro

Ainda nessa semana, foi aprovado na Câmara Municipal, por unanimidade dos parlamentares presentes, o Projeto de Lei Nº 147/2019, da autoria do vereador professor Gilmar Santos (PT) e da vereadora Cristina Costa (PT), que institui o Novembro Negro no Município de Petrolina, o inclui no calendário oficial da Prefeitura e reconhece a data de 20 de Novembro como comemorativa para o povo negro do Município.

Leia a matéria na íntegra

Saiba como ajudar vítimas do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbábue e no Malaui

“Organismos de ajuda humanitária internacional recolhem doações para vítimas do ciclone no sudeste da África”

(Foto: Reuters/Siphiwe Sibeko)

A passagem do ciclone Idai no sudeste da África deixou centenas de mortos e desabrigados em Moçambique, no Zimbábue e no Malaui. Na região moçambicana de Beira, onde o estrago foi maior, há pessoas ilhadas, sem água e sem comida, e integrantes de equipes de ajuda humanitária estão preocupados com o risco de surto de cólera.

Confira abaixo algumas organizações internacionais e entidades filantrópicas que estão recebendo ajuda para as áreas afetadas.

ONU – Um comitê internacional de ajuda humanitária a crises das Nações Unidas aceita doações para fornecer alimentação medicamentos e abrigo para os três países atingidos pelo ciclone;

Unicef – Outro organismo da ONU iniciou campanha de emergência para coletar novas doações. Segundo estimativa da organização, há mais de 600 mil crianças desabrigadas;

Médicos sem Fronteiras – O fundo de emergência da organização humanitária reúne doações em dinheiro para arcar com equipamentos como filtro de transfusão, soro e purificadores de água;

Caritas – A organização católica internacional também aceita doações em dinheiro pela internet para custear alimentos, medicamentos, abrigo e outros itens de ajuda humanitária;

Centro de Excelência contra a Fome nos EUA – A entidade se dedica a entregar alimentos em regiões atingidas por desastres;

Save the Children – Organização destinada a ajudar crianças pelo mundo coleta ajuda para o desastre causado pelo ciclone Idai e outras tragédias humanitárias;

SOS Children’s Villages – Entidade que ajuda crianças e comunidades atingidas por tragédias humanitárias faz campanha por doações para oferecer cuidados a vítimas do ciclone Idai;

Oxfam – Entidade internacional de combate à pobreza que reúne 19 organizações e milhares de parceiros. A Oxfam está na região afetada e procura assegurar aos sobreviventes acesso à água tratada e comida. O objetivo é ajudar 500 mil pessoas;

Comitê Judaico-Americano de Distribuição Conjunta – A organização filantrópica judaica dos EUA aceita doações em reais brasileiros para reforçar a ajuda com itens médicos aos países atingidos pelo ciclone;

Catholic Relief Services (CRS) – Fundo católico norte-americano que recebe ajuda de diversos países para catástrofes humanitárias está em campanha para recolher doações após passagem do ciclone Idai;

ASEM Mozambique – Organização filantrópica sediada em Moçambique sofreu com os danos do ciclone na região de Beira e pede ajuda;

Humanity & Inclusion – Há integrantes desse grupo em Moçambique, e eles pedem doações para fornecerem alimentos, água e abrigo aos atingidos pelo ciclone;

ActionAid – Neste momento, as necessidades mais imediatas incluem água potável, alimentos, combustível, kits de higiene, mosquiteiros, barracas e outros suprimentos. O fundo de emergência recebe doações em dinheiro, no valor mínimo de R$ 35. A meta é arrecadar R$ 50 mil.

 

Fonte: G1

Reaja ou será morto: 6º Coletivo na Rua abordará extermínio da juventude negra

O Mandato Coletivo, do vereador Gilmar Santos e sua equipe,  realizará a 6ª edição do Coletivo na Rua, dentro da programação do Festival “Afrocoletividade”, no mês das consciências negras, intitulado “Reaja ou será morto/a: redução da maioridade penal, encarceramento e extermínio da juventude negra”. A ação será no dia 23/11, uma quinta-feira e se iniciará às 18h30min, contando com apresentações artísticas e participação de estudiosos e moradores em torno da temática.

O local será a Praça da Juventude do bairro João de Deus. Através de projeto protocolado pelo vereador Gilmar Santos na manhã do dia 16/11(quinta-feira)  e conforme reivindicação dos moradores da comunidade, a quadra poliesportiva que se encontra na Praça levará o nome do jovem José Alex Soares da Silva. José Alex, um jovem negro da comunidade, acusado injustamente de assalto, foi cruelmente espancado e morto por policiais, acionados pela dona de um posto de gasolina quando voltava de um jogo de futebol no ano de 2010, juntamento com o amigo Diego Pereira, que sobreviveu ao crime e ainda reside no bairro.

O tema desta edição – “Reaja ou será Morto/a”, convoca a juventude negra a compreender a luta contra os contextos sociais, culturais e políticos que violentam e marginalizam as pessoas negras no país. O racismo institucionalizado pelo estado brasileiro revela-se nos números divulgados no Atlas da Violência 2017, documento aponta que os jovens negros entre 12 e 29 anos estão mais vulneráveis ao homicídio do que brancos na mesma faixa etária.  A cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil 71 são negras. Os assassinatos de jovens brancos diminuíram, ao passo que o de jovens negros aumentaram e o texto do documento diz: “ a juventude negra é assassinada no Brasil como se estivesse em uma situação de guerra”. Essa é a situação do racismo em nosso país.

A plenária popular é um espaço de debate e reflexão de pautas importantes para a vida em sociedade e que tem como objetivo estabelecer o diálogo entre a população e o Mandato Coletivo, a partir de demandas locais e questões de grande relevância para a cidade e seus moradores. Através do Coletivo na Rua é possível perceber maior apropriação dos cidadãos sobre o que é o mandato do vereador e o caráter coletivo de sua representatividade.