Militantes do PT em ato de apoio a pré-candidatura de Marília Arraes

O ato ocorreu um dia depois do PT ter divulgado uma resolução que poderia limar a candidatura da vereadora

Marília Arraes não compareceu ao ato de apoio da sua candidatura neste domingo (10/06) / Foto: Divulgação

A pré-candidatura de Marília Arraes (PT) ao governo do Estado continua sendo trabalhada por uma parte do Partido dos Trabalhadores (PT) que considera a vereadora competitiva para a próxima eleição. Os apoiadores de vereadora fizeram um ato de apoio no auditório da sede do sindicato dos bancários, na Manoel Borba, área central do Recife que começou por volta das 11 horas e acabou no começo da tarde deste domingo (10/06). Isso ocorreu um dia depois da direção nacional do PT lançar, em Belo Horizonte, uma resolução afirmando que pretende fazer uma aliança com o PC do B e o PSB – partido do governador Paulo Câmara –, o que em princípio limaria a candidatura de Marília Arraes, porque Câmara vai concorrer a reeleição.

“A resolução traduz a situação. Não poderemos ter alianças picadas, nem em Pernambuco nem na Paraíba. Tem que resolver em todos os 11 Estados. É um pacote. O PSB terá que resolver as alianças em todos os Estados e declarar o seu apoio formal a Lula – o que é prioridade – fechando uma aliança nacional”, revela o secretário de Formação Política do PT, Múcio Magalhães, que passou a fazer parte desde ontem do Grupo de Tática Eleitoral (GTE) da sigla o qual atua nacionalmente. Quando discursou no evento, ele classificou a “resolução de ambígua, uma concessão para quem queria nos limar”.

E acrescenta: “Não aceitamos de jeito nenhum a retirada da pré-candidatura de Marília sem o apoio formal do PSB nos 11 Estados. Se for fechada uma aliança nacional, faremos o debate e o comando nacional terá legitimidade para retirar a pré-candidatura de Marília, que é boa para Pernambuco e o PT nacional”, conta.

DECISÃO

Ainda no evento, Múcio diz que “o PT pode decidir a eleição em Pernambuco”. A frase dele se baseia em dois indícios. Mesmo preso, o ex-presidente Lula (PT) vai puxar votos para o candidato que apoiar na próxima eleição em Pernambuco. E segundo, a pré-candidata Marília Arraes ficou bem posicionada numa pesquisa que o próprio PT divulgou na última semana, comparando com Paulo Câmara e o senador Armando Monteiro Neto (PTB). Durante o evento, Múcio chegou a dizer que “esse papo de aliança com o PSB só começou a existir porque a candidatura de Marília virou uma ameaça a Paulo Câmara.

Outra entusiasta da candidatura de Marília é a deputada estadual, Teresa Leitão. “A candidatura de Marília se expandiu para fora do PT. Essa é uma plenária de respaldo ao que vamos fazer, como vamos nos pautar pra se manter a favor do PT, de Pernambuco e da nossa candidata”, defende a parlamentar. O PT tem pelo menos oito tendências e há quem acredite que uma parte da militância não vai aceitar a retirada da pré-candidatura de Marília.

Inicialmente, neste domingo seria uma reunião dos militantes do PT para avaliar as pré-candidaturas. Com a resolução lançada no sábado (09/06), o evento passou a ser um ato de apoio a Marília que não compareceu. Segundo a assessoria de imprensa da pré-candidata, ela passou o dia em reuniões com a agenda fechada e não poderia ser divulgado mais informações sobre os encontros. Entre os militantes, a versão é de que ela não foi ao evento para não acirrar mais os ânimos entre os seus apoiadores e a direção nacional do partido, o que já está ocorrendo. O auditório do sindicato tem 260 lugares e ficou lotado. Também estiveram presentes cerca de 40 dos 300 delegados que o PT tem no Estado. Grandes nomes do Estado, como o senador Humberto Costa não foram ao ato nem o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro.

As pré-candidaturas ao governo do Estado do ex-prefeito de Petrolina, Odacy Amorim, e do militante José de Oliveira serão retiradas de pauta por orientação da presidente do partido (em nível nacional), Gleisi Hoffmann, segundo informações da secretária de Comunicação da legenda, Sheila Oliveira.

Questionado sobre o não comparecimento ao evento, Bruno Ribeiro conta que o cargo de presidente exige cautela e não pode estar apoiando pré-candidaturas, embora converse com todos. “A aliança (com o PSB e PC do B) ainda não se concretizou e é natural que Marília e os seus apoiadores continuem trabalhando. “Se houver a aliança, isso muda o cenário em vários Estados, inclusive em Pernambuco. A resolução deixou claro que a prioridade é a aliança. Os desafios do País pedem a união dos partidos de centro-esquerda”, defende Bruno. Ele argumenta que não comenta, pela imprensa, as orientações de Gleisi Hoffmann, se referindo a retirada das outras duas pré-candidaturas da legenda.

 

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