Suicídio já causa mais mortes de policiais do que confronto em serviço

Em 2018, 104 policiais civis e militares no Brasil cometeram suicídio, e 87 foram mortos em horário de trabalho

343 policiais civis e militares foram assassinados em 2018, no Brasil. Em 75% dos casos, os assassinatos ocorreram quando os profissionais estavam fora de serviço. Os dados são da 13ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O estudo também aponta que a violência à qual os policiais estão permanentemente expostos, o estresse psicológico e o acesso a armas têm causado graves efeitos: 104 policiais cometeram suicídio no ano passado. Esse número é maior do que o de policiais que foram mortos durante o horário de trabalho (87 casos).

O Anuário registrou, ainda, uma redução de 10,8% nas mortes violentas intencionais em 2018, no país. Ao mesmo tempo, houve um aumento de 19,6% no número de mortes decorrentes de intervenções policiais. No total, 6.220 mortes foram provocadas pelas polícias, com uma média de 17 pessoas mortas por dia. 99,3% das vítimas eram homens, 77,9% tinham entre 15 e 29 anos, e 75,4% negros.

Fonte: Observatório 3º Setor

Em mês que enfatiza a importância da prevenção ao suicídio, vereador Gilmar Santos (PT) cobra a ampliação e efetividade dos serviços públicos de saúde mental em Petrolina

“É muito importante que esse debate sobre o suicídio seja compreendido na esfera do comportamento, do adoecimento mental, na esfera biológica, mas é muito importante, principalmente, que essa Casa compreenda o suicídio como um debate social”, enfatizou o parlamentar.

Foto: Hyarlla Wany

Neste mês de setembro, em que são intensificadas as campanhas de prevenção do suicídio, a Casa Plínio Amorim recebeu na manhã desta última quinta-feira (12), o vice coordenador do Posto CVV- Centro de Valorização da Vida, Adalmir de Souza Nunes, para apresentar aos vereadores e à sociedade petrolinense o trabalho que é realizado pelos voluntários do posto no município e dos demais espalhados pelo Brasil inteiro.

O CVV atua realizando apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone (188), e-mail e chat, 24 horas todos os dias. De acordo com Adalmir, os serviços prestados pelo Centro conseguem evitar uma média de 90% dos suicídios, porém, ainda não é o suficiente, e a instituição vem buscando, através de doações, construir uma sede própria para que os atendimentos possam ser intensificados.

Adalmir de Souza| Foto: Hyarlla Wany

Após a apresentação de Adalmir, o vereador Gilmar Santos, que na última terça-feira (10) havia cobrado a ampliação e efetividade dos serviços públicos de saúde mental em Petrolina, destacou mais uma vez a grave crise social qual o país se encontra e reforçou a necessidade do fortalecimento desses serviços em Petrolina, visto o alto índice de suicídios no país e no mundo.

“O suicídio é um problema social, um problema de saúde pública que reflete os valores que a sociedade constrói e defende (…)  Lamentavelmente nós estamos hoje, no Brasil, dentro de um ambiente político e social promotor do suicídio, pois, nós temos o negligenciamento e abandono das políticas sociais necessárias para garantir a dignidade de todo ser humano, de todo brasileiro e brasileira. Eu fico assustado aqui quando vejo no material do CVV, dados do Ministério da Saúde de que por dia 25 brasileiros tiram sua própria vida, por isso, é muito importante que esse debate sobre o suicídio seja compreendido na esfera do comportamento, do adoecimento mental, na esfera biológica, mas é muito importante, principalmente, que essa Casa compreenda o suicídio como um debate social” salientou.

Gilmar Santos| Foto: Hyarlla Wany

Na ocasião, o parlamentar também chamou atenção para os índices alarmantes de suicídio em comunidades que são menos assistidas pelas políticas públicas. Segundo dados de 2016 da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 80% dos suicídios são reportados em nações de renda baixa ou média, e parte significativa dos casos ocorre em zonas distantes dos grandes centros, atingindo principalmente a população negra, em que jovens com até 29 anos, tem índice de suicídio 45% maior do que o de brancos; e indígena, com 15,2 registros a cada 100 mil indígenas, quase três vezes maior que a média nacional de 5,8 óbitos para 100 mil habitantes.

“Hoje os nossos indígenas lideram o ranking de pessoas que cometem suicídio no mundo (…) e não estão se matando porque gostam de se matar, estão se matando porque essa sociedade e a política assumiram um projeto de violência sobre a Amazônia, sobre os meios ambientais, sacrificando essas comunidades tradicionais. Tudo em nome, disso que o professor Adalmir colocou, da vida material, de um progresso equivocado que mais nos atrasa do que nos promove. Me preocupa muito a situação da população negra, a população que vivencia nas nossas periferias o empobrecimento, a repressão policial, a falta de oportunidades, são 20 milhões de brasileiros em situação de desemprego, 20 milhões de pessoas possivelmente desesperadas e possivelmente mais expostas à situação de suicídio (…) Como não ter suicídio em uma sociedade que ataca a dignidade das nossas mulheres? Uma sociedade misógina, preconceituosa, em que o índice de violência e feminicídio só aumenta? Como não ter suicídio em uma política social destruída?”, questionou o edil.

Além disso, Gilmar sugeriu a implantação de um programa em defesa da vida e dos direitos humanos nas escolas do município e cobrou mais atenção dos demais parlamentares e do poder público com relação ao tema e apoio ao Centro de Valorização da Vida.

“Nós não temos hoje uma política social séria nos municípios, por isso chamo atenção aqui dos vereadores da base do governo, para que as nossas escolas municipais, as escolas públicas, tenham um programa sério de defesa da vida e dos direitos humanos, para que as nossas crianças e adolescentes aprendam a importância de conviver sem preconceitos, sem intolerância, sem misoginia, sem LGBTfobia. É muito grande a quantidade de jovens que são vítimas desses preconceitos. Nós gostaríamos muito que o CVV pudesse ter o apoio do poder público municipal, e não gostaria que em nenhum momento os senhores e as senhoras que tem essa solidariedade, para cada vítima, não tivessem a sensação de estar negligenciando o assunto porque não tem as políticas públicas para fortalecer esses serviços”, concluiu.

** Qualquer pessoa interessada em prestar trabalho voluntário ao CVV ou contribuir para a construção da sede em Petrolina, pode entrar em contato com a instituição através do e-mail Petrolina@cvv.org.br, ou pelo celular/whatsapp (87) 98857-3487.

Precisa de ajuda? Falar é a melhor solução! Ligue 188.

Gilmar Santos (PT) critica postura autoritária do Governo Municipal durante o Grito dos Excluídos e chama atenção sobre situação social do país e alto índice de suicídio

Ao enfatizar a importância da manifestação, o parlamentar destacou a grave crise social do país e cobrou a ampliação e efetividade dos serviços públicos de saúde mental no município de Petrolina

Durante seu pronunciamento na sessão plenária desta terça-feira (10), o vereador professor Gilmar Santos (PT) falou sobre a importância do Grito dos Excluídos — movimento oriundo das pastorais sociais da igreja católica e que reúne movimentos sociais e populares no Brasil desde 1995, na luta pela garantia de direitos –, e criticou a postura autoritária do Governo Municipal que, durante o ato em Petrolina, tentou silenciar  a manifestação no dia 07 de setembro ao autorizar o alto volume do som militar utilizado pela prefeitura durante o desfile oficial. Na ocasião, o vereador fez discurso em defesa dos manifestantes e solicitou do prefeito mais respeito com o ato pacífico da população.

Grito dos Excluídos, Petrolina-PE, 2019| Foto: Lizandra Martins

Ao enfatizar a importância do Grito dos Excluídos, o edil destacou a grave crise social do país, com o aumento do desemprego e da extrema pobreza. Além disso, por ocasião do Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, cobrou a ampliação e efetividade dos serviços públicos de saúde mental no município, principalmente nas periferias, pois, de acordo com dados de 2016 da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 80% dos suicídios são reportados em nações de renda baixa ou média, e parte significativa dos casos ocorre em zonas distantes dos grandes centros, atingindo principalmente a população negra e indígena.

“A profunda desigualdade social do nosso país atinge principalmente as populações mais empobrecidas, negligenciadas e violentadas pela sociedade e pelo Estado. O nosso povo negro, principalmente nas zonas urbanas, é o que mais apresenta índices crescentes de suicídio. Não podemos esquecer também que os nossos indígenas lideram números mundiais sobre o assunto. Agora com o atual governo que tem forte disposição em destruir a Amazônia e outras áreas ambientais, esses números podem aumentar. Precisamos afirmar uma rede de solidariedade, mas, principalmente, de políticas públicas de proteção à vida, e à dignidade humana”, salientou Gilmar.

Precisa de ajuda? Ligue 188