Fim do Minha Casa Minha Vida, aumento das desigualdades sociais e violência do Governo Bolsonaro são denunciados por Gilmar Santos

“É um governo que não tem projeto de desenvolvimento nacional, não tem projetos para geração de empregos, mas tem projeto para entregar as riquezas dos nossos país para o capital estrangeiro e de maneira muito particular, para os interesses dos Estados Unidos”, disse o vereador

Foto: Camila Rodrigues

O vereador professor Gilmar Santos (PT) denunciou durante a sessão plenária desta terça-feira (05), na Casa Plínio Amorim, os diversos ataques que o Governo Bolsonaro tem direcionado à classe trabalhadora, principalmente após o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, ter anunciado na última quinta-feira (30), que não haverá mais contratações para a faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, o que, para o Gilmar, reflete o verdadeiro compromisso do governo federal com o aprofundamento das desigualdades sociais, da violência e da extrema pobreza num projeto violento de destruição do país.

A faixa 1 do programa é a que beneficia as famílias que tem renda bruta mensal de até 1.800,00 reais. De acordo com a coordenadora da região leste da União de Movimentos de Moradia (UMM), Evaniza Rodrigues, 100% das famílias de baixa renda das cidades médias e das regiões metropolitanas e capitais – que concentram a maior parte do déficit habitacional – “estão sem nenhuma política habitacional”.

“Esse é um ataque do governo Bolsonaro à população mais pobre do nosso país, ao decretar o fim do Minha Casa Minha Vida para a faixa 1, ou seja, para aqueles que ganham até 1800 reais e não terão mais nenhum programa de habitação federal que lhes garanta oportunidade de acesso à moradia. É um verdadeiro crime social contra a população brasileira que vivencia momentos de desespero diante do aumento do desemprego, quase 20 milhões de pessoas estão desempregadas. Nós tomamos conhecimento através de uma pesquisa do PNAD que no Brasil 104 milhões de pessoas estão ganhando em média 413 reais por mês, isso é uma situação de humilhação, de precarização, de desvalorização da vida, de escravização, é transformar os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros/as em escravos/as! É um governo que não tem projeto de desenvolvimento nacional, não tem projetos para geração de empregos, mas tem projeto para entregar as riquezas dos nossos país para o capital estrangeiro e de maneira muito particular, para os interesses dos Estados Unidos”, afirmou Gilmar.

Na ocasião, o edil destacou também os desmontes que a Caixa Econômica, banco responsável pelo financiamento das casas do MCMV, tem sofrido, o que interfere diretamente na prestação e fiscalização desses serviços.

“Esse é o fim de um dos mais importantes programas de habitação instituído entre o governo Lula e o governo Dilma. Nós tivemos aqui uma audiência sobre habitação, e vimos essa câmara lotada, vimos o desespero das pessoas de Petrolina em conseguir uma moradia e vivenciando os mais diversos constrangimentos. A Caixa Econômica, que é o banco que mais representa os projetos de habitação, está sendo desmontado também, é por isso que não está dando conta de fiscalizar esses desmandos que acontecem em Petrolina”, ressaltou o parlamentar.

Ao elencar as diversas formas de violência que o governo Bolsonaro tem promovido, Gilmar voltou a questionar as ligações da família Bolsonaro com as milícias no RJ e seu possível envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018.

“O assassinato da companheira Marielle Franco continua sendo motivo de grande desconfiança das ligações da família Bolsonaro com as milícias, com esse ato brutal e covarde que não ataca somente a vida e memória de Marielle, mas também a dignidade da população brasileira, a democracia. Me envergonha muito quando essa Casa em alguns momentos contribui para alimentar o discurso de violência, reafirmando estigmas, preconceitos, contra a companheira assassinada, e não reconhece que nós estamos vivendo um momento de profunda violência política, inclusive agora, com o filho do presidente fazendo apologia à ditadura militar, ao AI-5, que foi o pior Ato Institucional da ditadura, que fechou o congresso, que censurou a imprensa, que acabou com as liberdades civis e políticas. Como pode aqui em Petrolina nós termos tantas pessoas representando esse governo que ataca a vida da maior parte da população brasileira? É essa denuncia que precisamos fazer. Quem matou Marielle isso já está sendo praticamente concluído, o que nós queremos sabe é: Quem mandou matar Marielle? E me parece que todos os sinais indicam um comprometimento da família Bolsonaro, que representa essa apologia e apoio à violência política. Então fica o nosso repúdio a esse governo e os seus ataques à classe trabalhadora”, concluiu o edil.

10 meses de Bolsonaro: 10 escândalos que chocaram o Brasil e o mundo

“A tragédia é tão grande que qualquer um que se disponha a enumerar os problemas nestes primeiros 10 meses deve, via de regra, delimitar a análise e ainda assim abrir mão de muitos erros cometidos desde o dia 1º de janeiro”

Foto: Divulgação

Quando Jair Bolsonaro (PSL) completou 100 dias como presidente da República, os números já eram alarmantes: cortes em direitos sociais e trabalhistas, falta de políticas claras de geração de emprego e renda, fim de programas antes considerados prioritários e incontáveis crises.

Agora, quando encerra-se o seu décimo mês à frente do cargo máximo da nação, a gestão de extrema-direita sugere futuro ainda pior diante de uma trajetória deplorável até aqui. A tragédia é tão grande que qualquer um que se disponha a enumerar os problemas nestes primeiros 10 meses deve, via de regra, delimitar a análise e ainda assim abrir mão de muitos erros cometidos desde o dia 1º de janeiro.

Na lista abaixo, o recorte leva em conta “apenas” os escândalos que envolvem não só o presidente como sua equipe e família. Aos que têm conseguido ânimo para acompanhar em tempo real os desdobramentos políticos do país, pode parecer pouco. Aos olhos da história, no entanto, este governo  já pode, sim, ser considerado um completo fracasso.

1.  O ministério dos criminosos e investigados

Sem apresentar uma proposta sequer e ausente de todos os debates, Jair Bolsonaro construiu sua candidatura à Presidência à base de notícias falsas e promessas que, antes mesmo de assumir o cargo, já começam a ser descumpridas. A principal delas era o combate à corrupção, conforme destacou reportagem da revista Carta Capital.

Sem dar a mínima para os seus próprios eleitores, o militar não só ampliou o número de ministérios prometidos como formou um time repleto de nomes com problemas na Justiça. Ao menos nove dos futuros ministros anunciados até agora são investigados ou réus em ações judiciais. A lista vai do caixa 2 confesso por Onyx Lorenzoni (DEM) ao calote no INSS do desconhecido deputado Marcelo Álvaro (PSL), que veio a ser seu ministro do Turismo.

2.  A rachadinha e os funcionários fantasmas

Embora tenha acontecido antes de assumir o cargo como presidente, a revelação de que Jair Bolsonaro manteve funcionários fantasmas em seu gabinete enquanto era deputado federal só veio à tona em abril deste ano. Bárbara de Oliveira Ferraz, Denise Marques Felix, Patrícia Cristina Faustino de Paula, Dulcineia Pimenta Peixoto e Mirian Melo Lessa Glycério de Castro recebiam entre R$ 1.023 e R$ 4.188 para assessorá-lo como parlamentar. O problema é que nenhuma delas apareceu uma única vez para trabalhar – as cinco secretárias sequer tinham crachá, item obrigatório para entrar no Congresso.

As funcionárias fantasmas, denunciadas em reportagem publicada pela Agência Pública nesta segunda (29), engordam a lista de casos que contrariam todo o discurso de combate à corrupção que Jair usou durante a campanha eleitoral, marcada ainda pelo escândalos das fakes news.

3.  As declarações machistas, misóginas, racistas…

Quem ainda se lembra do bizarro caso do “Golden Shower” hoje avalia a declaração do presidente durante como um prenúncio das aberrações que viriam em seguida. Aliás, foram tantas as declarações racistas, machistas, misóginas, preconceituosas e desinformadas que fica até difícil de listar.

Teve dia em que, logo no café da manhã, Bolsonaro declarou a jornalistas de veículos estrangeiros que no Brasil “passa-se mal, não come bem. Agora passar fome, não”.  Teve também ataque ao Nordeste (algo que sempre fez como parlamentar): no dia 19 de julho, ao criticar os governadores da região, usou a expressão “paraíba” – termo ultrajante usado em tom pejorativo para desqualificar os nordestinos.

No mesmo mês, voltou a evocar a memória da ditadura militar numa provocação ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.  Bolsonaro disse saber detalhes sobre a forma como Fernando Santa Cruz, pai de Felipe, morreu. O atestado de óbito, contudo, diz que Santa Cruz foi morto por agentes da ditadura.

Também teve desdém às políticas ambientais (“questão ambiental só importa aos veganos que comem só vegetais”) e o ataque medonho, infantil, misógino à primeira-dama francesa Brigitte Macron.

4. As candidaturas laranjas

Entre os nove ministros com problemas na Justiça, o do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi o que viu o cerco se fechar de maneira mais aguda. Ele foi denunciado pelo  Ministério Público de Minas Gerais no âmbito do inquérito da Operação Sufrágio Ostentação, que investiga um suposto esquema de desvio de recursos por meio de candidaturas femininas laranjas do PSL de Minas Gerais nas eleições de 2018 – com suspeitas de que ao menos parte da verba tenha sido usada para impulsionar a campanha presidencial de Bolsonaro.

Os investigadores atribuem ao ministro, que foi eleito deputado federal como o mais votado em Minas, a articulação do esquema. O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais o denunciou por três crimes envolvendo candidaturas laranja do partido em 2018 – falsidade ideológica, apropriação indébita eleitoral, pela qual o candidato se apropria de recursos destinados ao financiamento eleitoral, e associação criminosa.

5.  A cocaína no avião da Presidência

Com imagem internacional já em completa falência, isso ainda no mês de julho, mais uma bomba atingiu em cheio o governo federal quando  um militar da Aeronáutica foi preso por porte de drogas em uma aeronave militar no aeroporto da cidade espanhola de Sevilha, onde o presidente Jair Bolsonaro faria escala na viagem rumo ao Japão . O militar era tripulante do voo que transportava a equipe avançada do presidente da República.

Embora não haja qualquer indício de envolvimento de Jair com o caso, a família do mandatário da nação tratou de reavivar a história com mais, digamos, problemas: o acusado de tráfico, sargento Manoel Silva Rodrigues, entrou com processo em setembro contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL)por ter sido impedido de se defender até o momento. 

6.  O desmoronamento do PSL

A pecha de “partido salvador da pátria” durou pouco e o PSL, como se sabe, já é o partido mais odiado do país. Isso porque o descontrolado presidente tratou de explodir a própria legenda internamente a partir de uma declaração surreal a um apoiador: Jair disse ao dito-cujo para esquecer o PSL e que o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE), “está queimado pra caramba”.

Em questão de horas o racha no PSL estava decretado e a briga ainda está muito longe de acabar. Com mudanças na liderança do partido e a troca de acusações públicas entre a família Bolsonaro e os apoiadores de Bivar gerou um dos capítulos mais nefastos da política brasileira recente.

7.  Encontraram o Queiroz, mas nada aconteceu até agora

A recente divulgação de áudios de Fabrício Queiroz, ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro e amigo há três décadas do presidente Jair Bolsonaro, fez ressurgir o escândalo que se arrasta desde 2018.

Queiroz passou a ser investigado depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou diversas transações suspeitas feitas por ele, uma delas envolvendo um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Esses dados financeiros levaram à abertura de uma investigação pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que suspeita da existência de um esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa. De lá para cá, o caso ganhou diversos desdobramentos: suspensão das investigações pelo STF, tentativa de blindar Flávio junto à Polícia Federal a mudanças na direção do Coaf.

Para um governo que se dizia contra corrupção, o caso só evidencia as incoerências no discurso da família Bolsonaro. Para piorar, o futuro da investigação sobre Queiroz – que ainda tem influência direta nas decisões políticas da família – depende de o Supremo Tribunal Federal decidir se informações do antigo Coaf podem ou não ser compartilhadas com órgãos de controle e de investigação sem autorização judicial.

8.  Estudantes “idiotas”, Amazônia em chamas e o óleo no NE

O levante popular contra os cortes na Educação pública foi a maior manifestação contra o desgoverno de Jair Bolsonaro até agora. E, como não poderia deixar de ser, a mobilização de maio ganhou contornos ainda maiores quando o presidente chamou os estudantes de “idiotas úteis”. Isso bastou para que milhões de brasileiros e brasileiras saíssem às ruas para protestar contra a gestão retrógrada em curso.

Pouco tempo depois,  em outubro, veio a crise da Amazônia – a mais “internacional” de todas até agora. Nem mesmo a insistência em tirar a própria responsabilidade pelo problema conseguiu evitar o estrago. O fato é que, dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que, de janeiro a 22 de agosto de 2019, os satélites registraram o maior número de focos de queimadas no Brasil desde 2013. Se comparado com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 82%.

Mais recentemente, as manchas de óleo que chegaram em todo o litoral do Nordeste colocaram em xeque (pela enésima vez) a gestão bolsonarista – sobretudo seu ministro do Meio AmbienteRicardo Salles. Para variar, a cúpula bolsonarista tentou de tudo para se esquivar do problema acusando a Venezuela, os governos estaduais e até o Greenpeace. Infelizmente, o óleo ainda permanece nas praias e escancara o descaso federal com as questões ambientais.

9. A ligação ao caso Marielle

Quando o nome de Jair Bolsonaro surgiu nas investigações sobre a morte de Marielle Franco o mundo todo ficou em choque. De acordo com o  Jornal Nacional, da TV Globo, o porteiro do condomínio de luxo do presidente no RJ afirmou, em depoimento à polícia, que um dos principais acusados de matar a vereadora, o ex-PM Elcio Queiroz, buscou a casa de Bolsonaro no dia do crime, em 14 de março de 2018.

Ainda que Jair de fato estivesse em Brasília e o MP do Rio de Janeiro tenha dito que a declaração do porteiro é falsa, há muitas pontas soltas a serem amarradas. A principal delas é o fato de a promotora Carmen Carvalho, membro da equipe que investiga a morte da vereadora, ter feito campanha pela eleição de Bolsonaro – ela pediu afastamento nesta sexta (1) após enorme pressão.

Outra questão é a suposta falha a da Promotoria ao não examinar a possibilidade de que os arquivos de áudio que tratam da entrada de visitantes no condomínio do presidente Jair Bolsonaro e de Lessa tenham sido alterados antes de enviados às autoridades.

O que se sabe é que a relação da família Bolsonaro com as milícias já vem de longa data, com direito a condecorações, fotos e homenagens em declarações públicas – inclusive em defesa de milicianos presos posteriormente.

10. O AI-5 e  o criminoso ataque à democracia

Ao melhor estilo “cortina de fumaça”, dias depois de o pai ver seu nome envolvido ao caso Marielle, o deputado Eduardo Bolsonaro conseguiu desviar totalmente o foco ao defender medidas drásticas, como “um novo AI-5”, para conter uma eventual “radicalização” da esquerda, puxada por protestos contra o governo, a exemplo das manifestações ocorridas no Chile.

A menção ao Ato Institucional n.º 5, o mais duro conjunto de leis instituído pela ditadura militar, em 1968, causou forte reação nos três Poderes, além de – pela enésima vez – manchar a imagem do Brasil no exterior.  A declaração criminosa repercutiu nos principais jornais do mundo e pode gerar a cassação do deputado radical.

Da Redação da Agência PT de Notícias

Novembro Negro e caso Marielle Franco foram tratados na tribuna por Gilmar Santos (PT)

“O parlamentar questionou as ligações da família Bolsonaro com as milícias no RJ e fez referência ao Projeto de Lei nº 147/2019 que ele e a vereadora Cristina Costa apresentaram na Casa Plínio Amorim na última terça-feira (29), lembrando que essa também era uma das bandeiras de Marielle”

Foto: Camila Rodrigues

Após o nome do presidente Jair Bolsonaro ser citado nas investigações da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes, ocorrida no dia 14 de março de 2018, o vereador professor Gilmar Santos (PT) cobrou durante a sessão plenária desta quinta-feira (31) uma resposta do Supremo Tribunal Federal a respeito das investigações, bem como apontou as ligações da família Bolsonaro com milícias e criticou o posicionamento do Ministro da Justiça Sérgio Moro, que em suas atribuições tem se preocupado mais em defender o presidente do que de fato em exercer seu papel enquanto Ministro.

De acordo com a reportagem do Jornal Nacional (TV Globo) que foi ao ar na noite da última terça-feira (29), o porteiro do condomínio de luxo do presidente no RJ, afirmou que o ex-PM Elcio Queiroz, um dos principais acusados do assassinato da vereadora, buscou a casa (nº58) de Bolsonaro no dia do crime. O suspeito teve entrada autorizada no condomínio por alguém na casa do então deputado federal, que teria sido identificado pelo porteiro como “Seu Jair”, mas acabou se dirigindo para a casa de Ronie Lessa, acusado de ter efetivado os disparos que ceifaram a vida de Marielle.

“Isso deve ser motivo de uma grande mobilização nacional para que essa investigação seja realmente isenta e que a justiça seja feita sobre os assassinatos da Marielle e do Anderson. As ligações da família Bolsonaro com milicianos não é nenhuma novidade para a população brasileira, nós sabemos que o presidente e seus filhos tem relações íntimas, políticas com bandidos na cidade do Rio de Janeiro (…) a grande novidade agora é o que está na imprensa nacional, e a pergunta que nós fazemos é: o “senhor Jair” era o filho do presidente, de mesmo nome, ou será possível que o próprio presidente em Brasília, através de todas essas tecnologias de conexão de telefones, atendeu esse comunicado do porteiro? (…) É necessário que se investigue!” ressaltou Gilmar.

Como pontuou o parlamentar, não é novidade a relação amistosa do clã político bolsonarista com grupos criminosos formados por policiais e militares no Rio. A sombra da milícia está em cada passo dado pela família do presidente e pode ser comprovada por fatos anteriores: Em 2015, Jair Bolsonaro fez um discurso em defesa de Adriano Magalhães da Nóbrega chefe da milícia do Rio das Pedras e articulador do Escritório do Crime, o maior grupo de matadores de aluguel do Rio; A mãe (uma das remetentes de depósitos para Fabrício Queiroz) e a esposa de Adriano trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro até novembro de 2018; Em maço deste ano a Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou 117 fuzis na casa de um amigo do policial militar Ronnie Lessa; A filha de Lessa namorou o filho mais jovem do presidente que tem fotos ao lado de Queiroz, também acusado pela morte da vereadora; Lessa é acusado de matar Franco; Tio da esposa de Michelle Bolsonaro foi preso em maio desse ano por integrar milícia no DF e a mesma recebeu em sua conta bancária dinheiros que podem ser oriundos desse tipo de serviço.

Para Gilmar, a execução de Marielle tem motivações políticas, pois, era uma mulher negra, periférica, mãe e lésbica que ocupava um cargo de poder enquanto vereadora e lutava pelo direito dos seguimentos socialmente empobrecidos e oprimidos pelo Estado. Combativa, a vereadora tornou-sem uma ameaça para as elites conservadores que vinham se articulando para a eleição de Bolsonaro.

“Eu espero muito que a sociedade brasileira e o STF não se acovardem e que a gente enfrente esse momento como grande oportunidade de devolver a democracia, a soberania, e a dignidade do povo brasileiro e derrubar esse governo, que é explicitamente comprometido com a violência e com a destruição do nosso país, e aí sim a memória da companheira Marielle será respeitada. Que a justiça seja feita. Marielle vive, Marielle presente! Viva a luta do povo brasileiro!” exclamou o edil.

Ainda durante a sessão, o parlamentar fez referência ao Projeto de Lei nº 147/2019 que ele, junto à vereadora Cristina Costa, apresentou na Casa Plínio Amorim na última terça-feira (29), lembrando que essa também era uma das bandeiras de Marielle, militante dos Direitos Humanos. O PL institui o Novembro Negro no Município de Petrolina, o inclui no calendário oficial da Prefeitura e reconhece a data de 20 de Novembro como comemorativa para o povo negro do Município.

“Com esse PL nós reafirmamos nossa luta para superação das desigualdades, para que a nossa população que está nas periferias, muitas vezes negligenciadas, abandonas, vivenciando o racismo nas escolas, a descriminação e a intolerância religiosa, tenha mais dignidade e seus direitos garantidos, assim como queria também a companheira”, concluiu.

Confira as reações às revelações do caso Marielle: “Quem estava na casa 58?”

Como reagiram a família, políticos e partidos sobre a conexão entre Bolsonaro e os assassinos da vereadora


Presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou vídeo ao vivo nas redes sociais sobre reportagem do caso Marielle Franco / Foto: Reprodução

As novas revelações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), que ligam o presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos assassinos, geraram uma avalanche de declarações nas redes sociais cobrando providências e investigação sobre os responsáveis pelo crime. 

No Twitter, Anielle Franco, irmã de Marielle, disparou: “Quem estava na casa 58?”, citando o número da residência de Bolsonaro no Condomínio Vivendas da Barra, onde Élcio Queiroz esteve horas antes do assassinato da vereadora, segundo divulgou a TV Globo na noite desta terça-feira (29). 

Em nota, o PSOL, partido de Marielle, pediu “esclarecimentos imediatos” sobre o fato. “Nunca fizemos qualquer ilação entre os assassinos e Jair Bolsonaro. Mas as informações veiculadas hoje são gravíssimas. O Brasil não pode conviver com qualquer dúvida sobre a relação do presidente da República e um assassinato. As autoridades responsáveis pela investigação precisam se manifestar”, declarou o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros.

No Twitter, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou que a bancada do partido solicitou uma “reunião urgente” com o ministro chefe do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Tofolli. “O Ministério Público precisa ter a autorização do STF para seguir com a investigação e revelar ao Brasil quem mandou matar Marielle.”

A presidenta do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmanm (PR), se solidarizou com a família de Marielle e com o PSOL: “Quem vai ter que se ver com a polícia e com a Justiça é sua família, Eduardo Bolsonaro. Envolvida com Queiroz, com as milícias e agora citada no caso do assassinato de Marielle e Anderson. Se a banda tocar é para vocês”. 

Carlos Lupi, presidente do PDT, foi irônico. “Cito Brizola: ‘Tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?”, indagou. 

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL- RJ), considerada herdeira política de Marielle, também utilizou o Twitter. “Quais são as relações de Bolsonaro com membros de grupos de extermínio? Quem dentro da casa de Bolsonaro poderia saber que Élcio ia na casa de Ronnie Lessa no dia do assassinato? Quem mandou matar Marielle?”

“Descontrolado”

Minutos após a reportagem do Jornal Nacional, Jair Bolsonaro foi às redes sociais e fez um pronunciamento ao vivo. Visivelmente nervoso, o presidente disparou contra a emissora carioca. “Um jornalismo podre da TV Globo, canalha e sem escrúpulos. Vocês não prestam, esculhambam a família, só promovem o que está dando errado”, afirmou. 

Em outro trecho, o presidente pede apoio ao governador do Rio de Janeiro. “Eu não tive acesso ao processo, senhor [Wilson] Witzel. Eu quero falar sobre o processo. A partir da madrugada dessa quinta-feira, estou à disposição de vocês.”

No Twitter, internautas criticaram o tom do presidente e alertaram para o nervosismo do ex-militar. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também comentou o pronunciamento do presidente. “Está assumidamente descontrolado e nervoso na própria live em que faz para tentar se defender. Algo estranho no ar”, finalizou a parlamentar. 

Entenda o caso

Denúncia divulgada pela TV Globo sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes apontam que o principal suspeito dos crimes citou o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), no caso. Com isso, as investigações devem ser levadas para o Supremo Tribunal Federal (STF), por conta do foro privilegiado de Bolsonaro.

Segundo as revelações do Jornal Nacional, na noite desta terça-feira (29), a Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio na Barra da Tijuca, na zona sul do Rio de Janeiro, onde vivia a família Bolsonaro e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado pelo Ministério Público e pela Delegacia de Homicídios de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora e seu motorista.

Horas antes do crime, em 14 março de 2018, Élcio Vieira de Queiroz teria anunciado na portaria do condomínio que iria visitar Jair Bolsonaro e acabou indo até a casa do PM reformado. Élcio é acusado pela polícia de ser o motorista do carro usado no crime. Os dois suspeitos foram presos em 12 de março deste ano.

Conforme apresentou o JN, no dia da visita, Bolsonaro estava em Brasília e não em sua casa no Rio de Janeiro.

Bolsonaro negou o envolvimento no assassinato da vereadora, por meio de um  vídeo ao vivo nas redes sociais e chamou o governador do Rio de Janeiro de “inimigo”. Ele ainda ameaçou a não renovação da concessão da TV Globo em 2022. “Acabei de ver aqui na ficha que o senhor [Witzel] teria vazado esse processo que está em segredo de Justiça para a Globo. O senhor só se elegeu governador porque o senhor ficou o tempo todo colado no Flávio Bolsonaro, meu filho”, disse.

Segundo o presidente, Witzel teria vazado a informação da investigação porque é pré-candidato à disputa presidencial em 2022.

*Com colaboração de Igor Carvalho.

Fonte: Brasil de Fato|Edição: Vivian Fernandes

Bolsonaro foi citado por suspeito de matar Marielle Franco, revelam investigações

Investigações da Polícia Civil revelam que um dos suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foi ao condomínio onde mora o ex-PM Ronnie Lessa, apontado como autor dos crimes. Na portaria, o suspeito teria dito que iria visitar Jair Bolsonaro, que também tem casa no local, mas estaria em Brasília no dia. Com a revelação, inquérito deve ser levado ao STF

Investigações sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes revelaram que um dos suspeitos dos crimes citou Jair Bolsonaro. Com isso, as investigações devem ser levadas para o Supremo Tribunal Federal, por conta do foro privilegiado de Bolsonaro.

Segundo revelações do Jornal Nacional na noite desta terça-feira (29), a Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Sul do Rio, onde Bolsonaro tem casa e o policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle.

O porteiro contou à polícia que, horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, o outro suspeito do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. Mas os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília no dia.

Ainda de acordo com a reportagem do Jornal Nacional , às 17h10 da data do crime, ele escreve no livro de visitantes o nome de quem entra, Élcio, o carro, um Logan, a placa, AGH 8202, e a casa que o visitante iria, a de número 58. Élcio é acusado pela polícia de ser o motorista do carro usado no crime.

O porteiro contou que, depois que Élcio se identificou na portaria e disse que iria pra casa 58, ligou para a casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar. Disse também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do “seu Jair” – ele confirmou isso nos dois depoimentos.

No registro geral de imóveis, consta que a casa 58 pertence a Jair Messias Bolsonaro. O presidente também é dono da casa 36, onde vive um dos filhos dele, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSL).

Como houve citação ao nome do presidente, a lei obriga o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a situação.

Fonte: Brasil 247