Ignorada por parte da imprensa brasileira, entrevista de Lula repercute pelo mundo

Críticas ao governo Bolsonaro feitas pelo ex-presidente em Curitiba foram reproduzidas em dezenas de países


Lula falou por quase duas horas aos jornalistas Florestan Fernandes Jr. e Mônica Bergamo / Ricardo Stuckert

primeira entrevista do ex-presidente Lula (PT) desde a prisão política foi concedida na última sexta-feira (26), e o assunto ganhou as páginas dos principais jornais do mundo durante o final de semana. A entrevista à Folha de S. Paulo e ao jornal El País Brasilfoi repleta de críticas ao governo Bolsonaro (PSL) e repercutiu em países como Argentina, França, Itália, Inglaterra, Rússia, Portugal, Espanha e Estados Unidos. 

Apesar da notoriedade internacional, as emissoras brasileiras Globo e Record ignoraram a entrevista em seus jornais noturnos de sexta-feira.

A declaração de que o Brasil “está sendo governado por um bando de malucos” foi a que mais teve destaque fora do país. A agência de notícias italiana Ansa ressaltou ainda o momento em que Lula diz que o Brasil atingiu “o nível mais baixo da política externa que vimos”. 

Nos Estados Unidos, The New York Times chamou a atenção para as menções de Lula ao ministro Sérgio Moro: “Estou obcecado em desmascarar o juiz Moro e aqueles que me sentenciaram. Quero expor a farsa montada no Departamento de Justiça dos Estados Unidos”, disse o ex-presidente.

:: Relembre a decisão que autorizou a entrevista de Lula ::

O inglês The Guardian destacou a indignação do petista com o apreço de Bolsonaro pelos Estados Unidos: “Você deve amar sua mãe, você deve amar o seu país. O que é isso de amar os Estados Unidos? Alguém acha mesmo que os Estados Unidos vão favorecer o Brasil?”, repercutiu o jornal.

Na América Latina, a venezuelana Telesur e o argentino Página 12também destacaram trechos em que Lula desabafou sobre o governo de Bolsonaro: “Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é o Brasil estar governado por esse bando de malucos. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso”, ressaltou o petista.

A entrevista atingiu a maior audiência da plataforma on-line do jornal espanhol El País em todo o mundo e ganhou destaque na primeira página da versão espanhola com o trecho “Posso seguir preso por 100 anos, mas não trocarei minha dignidade pela minha liberdade”.

Edição: Fernanda Targa

Fonte: Brasil de Fato

Djamila Ribeiro escreve carta para Lula

“Saiba que você está em meus pensamentos e que a injustiça que se passa na carceragem da Polícia Federal de Curitiba é percebida por milhões aqui fora, sem contar internacionalmente, onde sua prisão é tida como um dos grandes absurdos políticos em curso”

Foto: Christian Parente)

Estimado Presidente Lula,

Expresso nesta carta minha profunda solidariedade frente às injustas condenações e perseguições judiciais sofridas por você e sua família. Acompanho desde o início a farsa jurídica posta em curso para legitimar o antipetismo, a deterioração de empresas nacionais e a alteração no curso eleitoral brasileiro, farsa cada vez mais escancarada agora com o juiz como ministro da justiça do candidato favorecido pelo seu afastamento na disputa.

Não o conheço para além de um cumprimento uma única vez na quadra do Sindicato dos Bancários em São Paulo, em 2016, bem como, embora tenha sido Secretária Adjunta de Direitos Humanos na gestão de Fernando Haddad, não faço parte de partido político. Nem por isso, deixo de admirar as conquistas de seus mandatos para o país; pelo contrário, sou de família de trabalhadores que o apoiaram desde minha infância.

Meu pai, Joaquim Ribeiro dos Santos, estivador do porto de Santos, uma semana antes de falecer no hospital da cidade, folheava o jornal que trazia sua foto como Presidente da República. Havia acabado de acontecer aquele dia apoteótico em Brasília, que tanto encheu as pessoas de esperanças. Olhando a foto, com os olhos marejados, Seu Joaquim disse “vivi para ver um trabalhador ser Presidente”. Sua eleição foi um último presente antes da morte de meu pai.

Naquela época tinha 22 anos, mais à frente ia ser mãe, a vida me traria tantos outros desafios até que me vi com 27 anos e inquieta para fazer uma Faculdade e ter uma carreira diferente daquela que vivia como secretária numa empresa no Porto de Santos. Fui então ao vestibular e passei em Filosofia na Universidade Federal de São Paulo, no campus do Bairro dos Pimentas, criado durante sua gestão. Fui uma adolescente negra nos anos 90, sabia da falta de perspectiva que havia para pessoas como eu, e as mudanças promovidas pelo seu governo possibilitaram uma outra realidade para mim e para tantas pessoas. Saí em 2015, mestra em Filosofia Política, e desde então tenho me saído muito bem. Oportunidades mudam vidas.

Por isso, embora tenha ficado brava com você algumas vezes, não deixo jamais de reconhecer a importância do seu governo para pessoas do meu grupo social, sendo eu mesma um exemplo disso. Reverencio as mulheres negras que fizeram parte decisiva de políticas públicas para as pessoas negras, como a grande Luiza Bairros, Matilde Ribeiro, Nilma Lino Gomes, na certeza de que será apenas quando o campo progressista entender a pauta racial para além de um ministério que haverá maturidade suficiente para entender os novos tempos e o povo brasileiro.

Como feminista negra, me alio a Joice Berth, Juliana Borges, Carla Akotirene, as mais velhas e mais novas, uma legião de mulheres negras que pensam o mundo, a economia, as cidades, os esportes, a saúde, a educação e que estão em outro patamar de afirmação política, muito além da visão de gabinete de pessoas brancas que não aceitam a reconfiguração de espaço e de poder frente às mudanças estruturais da sociedade, graças, em boa parte, às políticas públicas formuladas pelo governo.

Convenhamos, senhor Presidente, há uma série de fatos que mostram o quanto o setor progressista tem que evoluir e coexistir com outros campos. Coexistir com pessoas negras que são independentes da tutela e aprovação de pessoas brancas, indomesticáveis, e que ditam o mundo a partir de suas experiências em comum e luz própria. Senhor presidente, é isso que o futuro pede. Uma política de drogas totalmente diferente da que foi feita nos anos de superlotação carcerária, uma representatividade real aliada à consciência crítica no Judiciário brasileiro, uma reformulação do doctorvideos.net pensamento colonizado da elite progressista do país. A disputa além da branquitude de esquerda e de direita produz mudanças radicais na sociedade brasileira, mas se percebe uma grande dificuldade em entender isso de fato, materialmente.

Espero trocar outras cartas, Presidente Lula. Saiba que você está em meus pensamentos e que a injustiça que se passa na carceragem da Polícia Federal de Curitiba é percebida por milhões aqui fora, sem contar internacionalmente, onde sua prisão é tida como um dos grandes absurdos políticos em curso. Tenho ido bastante ao exterior, e explicar o que se tornou o Brasil tem sido um grande desafio aos olhos incrédulos de quem já viu o porte deste país, quando as pessoas tinham orgulho e eram respeitadas por serem brasileiras. Era no seu governo e no de Dilma essa realidade.

Fique bem, fique em paz. Peço a Oxalá que tranquilize seu caminho.

Um abraço,

Djamila Ribeiro

Fonte: Mídia Ninja

“É preciso lutar pela retomada do Estado Democrático e de Direito”

Manifestantes de todo o mundo foram às ruas em defesa da liberdade do ex-presidente Lula neste domingo (07), dia em que se completou um ano da sua prisão política

Foto: Reprodução

Ao completar um ano da prisão política do ex-presidente da República, Luíz Inácio Lula da Silva, multidões ocuparam as ruas neste domingo (10) em defesa da sua liberdade e para manifestar repúdio à justiça brasileira – que é declaradamente parcial, uma vez que não existem provas contra o mesmo.

Para o vereador professor Gilmar Santos (PT), que também participou das manifestações, a prisão de Lula faz parte de “uma grande articulação dos setores mais reacionários da justiça, das elites e da grande mídia golpista, da burguesia financeira nacional e internacional, tendo à frente os interesses do imperialismo americano” disse e complementou “Conforme declarações dos próprios golpistas, desde o segundo governo Lula esses setores vinham tramando alternativas para impedir o desenvolvimento de um projeto nacional que distribuísse renda e superasse as desigualdades do país”.

Além disso, o parlamentar argumentou que a liberdade de lula representava uma ameaça real aos planos golpistas, que foram se efetivando com o Impeachment da presidenta Dilma.

“É diante disso que se compreende o processo arbitrário, com acusações e condenação sem provas, com total desrespeito à Constituição. Milhares de juristas, especialistas, operadores do Direito em âmbito nacional e internacional apontam para um só conclusão: Lula é um preso político” disse.

Gilmar também levantou críticas à Moro, referindo-se ao mesmo como “cabo-eleitoral do capitão da reserva que leva o Brasil a um abismo inimaginável.” Para ele, esse é um momento em que “as principais cortes da justiça, como por exemplo o STF, estão ameaçadas, chantageadas e, como disse o próprio Lula, acovardadas” .

Por fim, o vereador ressaltou a importância de estar nas ruas lutando pela liberdade de Lula. Para ele, o ato representa uma forma de “lutar pela retomada do Estado Democrático e de Direito, e de dizer não ao fascismo, ao imperialismo e às violências que se instauram em todo o país”.

Em Petrolina, a Jornada Internacional ‘Lula Livre’ se estenderá até quarta-feira (10), quando será realizado, às 18h, o Ato Cultural Pela Democracia, na Praça 21 de setembro, centro da cidade.

As manifestações aconteceram também em mais de 15 países, e o caso do ex-presidente está sendo analisado pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU.

Um ano de injustiça: Leia a carta de Lula aos brasileiros e brasileiras

Estamos vivos e fortes. Juntos, vamos reverter cada retrocesso, cada passo atrás na dura caminhada rumo ao Brasil que sonhamos e que provamos ser possível construir. Venceremos.

Foto: Ricardo Stuckert

Meus amigos e minhas amigas, incansáveis companheiras e companheiros de luta.

Há exatamente um ano, estou preso pelo crime de dedicar uma vida inteira à construção de um Brasil mais justo, desenvolvido e soberano. Impediram minha candidatura à Presidência para que eu não subisse outra vez a rampa do Palácio do Planalto, empurrado pelos braços de cada um e cada uma de vocês, para que juntos revertêssemos o desmonte do Estado brasileiro promovido pelos meus algozes.

Há exatamente um ano, estou isolado na cela de uma prisão em Curitiba. Jamais apresentaram uma única prova contra mim. Sou preso político, exilado dentro do meu próprio país. Separado do povo brasileiro, de meus familiares e dos amigos mais queridos. Proibido de dar entrevista, impedido de falar e de ser ouvido.

Pensavam que a imposição desse longo silêncio calaria para sempre a minha voz. Pois não calaram, nem calarão. Porque somos milhões de vozes.

Há exatamente um ano, sou acalentado pelo “Bom dia” e pelo “Boa noite, presidente Lula”, entoados a plenos corações não apenas pelos bravos integrantes dessa que é uma das mais longas vigílias de toda a história, mas também pela solidariedade que chega de todos os cantos do Brasil e até de outros povos do mundo.

Há exatamente um ano, meus adversários buscam um motivo para comemorar, e não encontram. Temos sofrido repetidos revezes desde o golpe contra a presidenta Dilma, é verdade. Mas nossas derrotas nos fortalecem para a luta, ao passo que suas vitórias não dão a eles um minuto sequer de paz.

Eles estão cada vez mais ricos, mas a fortuna obtida à custa do sofrimento de milhões de brasileiros não lhes traz felicidade. Eles estão cada vez mais raivosos e infelizes, envenenados pelo próprio ódio que destilam.

Na despedida do meu neto Arthur, o Brasil inteiro foi surpreendido pelo imenso e desnecessário aparato repressivo montado contra mim. Viaturas, helicópteros, militares portando armamento pesado. Tudo para impedir que eu até mesmo acenasse para aquelas pessoas solidárias à dor de um avô.

Na mesma hora compreendi que o medo deles não é do Lula. Eles têm medo é dos milhões de Lulas. Porque eles sabem do que somos capazes quando nos unimos para transformar este país.

Estamos vivos e fortes. Juntos, vamos reverter cada retrocesso, cada passo atrás na dura caminhada rumo ao Brasil que sonhamos e que provamos ser possível construir. Venceremos.

Um abraço, e até a vitória!

Luiz Inácio Lula da Silva

“Já são cinco anos de investigação e nenhuma prova”, diz advogado de Lula

“Em conversa com o jornal Brasil de Fato, Cristiano Zanin reforçou a tese de perseguição política contra o ex-presidente”

Cristiano Zanin, advogado de defesa de Lula, durante julgamento de recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em janeiro de 2018 / Foto: Sylvio Sirangelo/AFP

Nos últimos cinco anos, Cristiano Zanin Martins, advogado criminalista e membro da equipe de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem tido pouco descanso. Ele e outros advogados e advogadas têm travado uma verdadeira batalha judicial para garantir que os direitos fundamentais do ex-mandatário sejam respeitados.

Lula está preso desde o dia 7 de abril em Curitiba, acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de haver recebido recursos ilícitos de uma empreiteira, através da reforma de um apartamento triplex na cidade de Guarujá, litoral paulista.

Lula não só nega a acusação, como afirma que é vítima de uma perseguição jurídica com fins políticos. Ao completar um ano de sua prisão, o Brasil de Fato conversou com Zanin para saber quais serão os próximos passos da defesa pela liberdade do ex-presidente. Confira:

Brasil de Fato: Já se passou quase um ano desde a decretação da prisão do ex-presidente pelo ex-juiz Sérgio Moro. Um ano que, apesar de todo o trabalho da defesa, o ex-presidente permaneceu preso e acabou impedido de participar das eleições presidenciais. Qual o balanço que a defesa faz de tudo o que aconteceu até agora?

Cristiano Zanin MartinsLamentavelmente, tudo o que nós afirmamos no comunicado feito ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em 2016, veio a ocorrer. Em julho de 2016, quando nós protocolamos aquele comunicado perante a ONU, nós já dissemos que o ex-presidente Lula estava sendo vítima de uma intensa perseguição, de uma verdadeira cruzada de alguns setores do sistema de Justiça brasileiro, e que o objetivo era condená-lo sem prova de culpa com o fim de inviabilizar, de impedir a sua atuação política e até mesmo uma eventual candidatura à Presidência da República em 2018.

Tudo isso veio a ser confirmado por um processo marcado por graves violações ao direito de defesa, às garantias fundamentais do ex-presidente Lula. Depois sobreveio uma sentença que claramente condenou o ex-presidente Lula sem nenhum elemento concreto, sem nenhuma base jurídica e que foi confirmada pela segunda instância. O ex-presidente não teve, até o momento, o direito a um processo justo,  a um julgamento imparcial e independente, e isso, possivelmente, foi levado em consideração pela ONU nas decisões liminares que foram concedidas no ano passado para que o ex-presidente pudesse concorrer nas eleições presidenciais, quando ele inclusive liderava todas as pesquisas de opinião. Infelizmente, o Brasil, descumprindo uma obrigação internacional que havia assumido por meio de tratados, deixou de cumprir essas liminares que foram concedidas pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU.

O que ocorreu na sequência, que é público e notório, foi que o juiz Sérgio Moro, que capitaneou todo o processo de condenação do ex-presidente Lula, veio se tornar o principal ministro de um governo eleito nessas circunstâncias, eleito a partir de um impedimento indevido da candidatura do ex-presidente Lula. Então, esse cenário, esse desfecho inclusive, da própria ida do ex-juiz Sérgio Moro ao governo federal, um governo de oposição ao ex-presidente, deixou claro para quem poderia ter alguma dúvida, de que Lula não teve jamais um julgamento imparcial e um julgamento justo. Nós esperamos que todo esse cenário possa levar o Comitê de Direitos Humanos da ONU a confirmar as violações grosseiras que nós afirmamos e que também haja sensibilidade das cortes superiores brasileiras para que venha a reverter essa condenação imposta ao ex-presidente Lula e restabelecer a sua liberdade plena o mais breve possível porque essa é a única situação compatível com a de uma pessoa que não praticou qualquer crime. E isso fica muito claro a partir de tudo o que aconteceu até hoje. Já são cinco anos de investigação intensa contra o ex-presidente Lula, contra os seus familiares e colaboradores e nenhuma prova de culpa foi apresentada, nenhum elemento concreto foi apresentado, a não ser insinuações, ilações que, como todos sabemos, não podem jamais fundamentar uma condenação criminal.

A defesa tem reiterado que o ex-presidente é vítima de lawfare. Gostaria que o senhor explicasse aos nossos ouvintes e leitores do que se trata e quais são as evidências dessa prática no caso do ex-presidente Lula?

A acusação que foi dirigida contra o ex-presidente Lula no caso do triplex, assim como outras acusações, têm em comum a absoluta falta de materialidade. Não há nenhuma evidência, não há nenhuma prova contra o ex-presidente Lula, mas isso não impediu que ele fosse condenado e essa decisão utilizada para mantê-lo preso há cerca de um ano. Então, essa situação, associada a uma clara intenção de perseguição política, nos leva a classificar esse caso como um caso emblemático de lawfare, que é justamente o uso perverso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.

A defesa também tem afirmado reiteradas vezes que durante todo o processo de instrução apresentou provas da inocência do ex-presidente Lula no caso do triplex do Guarujá. Quais provas foram essas? Em contraponto, o que a acusação apresentou?

A acusação não fez qualquer prova de culpa do ex-presidente Lula. A sentença condenatória, assim como a sua confirmação em segundo grau pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, deu-se fundamentalmente com base no depoimento de um corréu, em um depoimento prestado sem o compromisso com a verdade e por uma pessoa claramente interessada em obter benefícios do Ministério Público. Por outro lado, nós fizemos as provas, durante diversas audiências, após oitivas de 73 testemunhas, de que o ex-presidente Lula não praticou qualquer ato ilícito, não praticou nenhum ato de ofício, não recebeu qualquer contrapartida, ao contrário do que foi afirmado pela denúncia feita pelo Ministério Público. E fomos além. Nós demonstramos que aquele apartamento do Guarujá pertencia, ou pertence até hoje à OAS, e havia sido dado em garantia em uma operação feita entre a OAS e a Caixa Econômica Federal e, portanto, para que alguém recebesse a propriedade daquele apartamento teria, segundo aquele contrato feito entre a OAS e a Caixa, que pagar 100% do valor do apartamento à Caixa Econômica Federal. O que jamais aconteceu.

Então essa situação mostra o caráter frívolo da acusação que foi dirigida contra o ex-presidente Lula, mostra a absoluta falta de materialidade, mostra que o Ministério Público não fez qualquer prova de culpa do ex-presidente e mostra ainda que as provas de inocência que nós, advogados de defesa, fizemos, foram desprezadas tanto em primeira instância quanto na segunda instância. Nós temos recursos pendentes de julgamento nos tribunais superiores e entendemos que esses recursos devem levar à reversão da decisão condenatória porque essa decisão condenatória viola frontalmente a legislação federal e também a Constituição Federal.

Equipe de advogados de defesa do ex-presidente Lula. Foto: Miguel Schincariol/AFP

Como o senhor já mencionou nessa entrevista, além das duas instâncias superiores ainda há uma expectativa sobre o julgamento do mérito do caso do ex-presidente no Comitê de Direitos Humanos da ONU. Como vai esse processo?

Nós apresentamos esse comunicado individual ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em 2016, fizemos diversas atualizações desse comunicado até o presente momento, tínhamos uma expectativa de que ele pudesse ser analisado no mês de março, quando ocorreu uma reunião do Comitê, mas tivemos conhecimento de que o Brasil acabou por apresentar uma nova manifestação no último dia 19 de março que pode ter inviabilizado essa análise.

Mas outras duas sessões do comitê irão acontecer ainda neste ano, possivelmente em julho e em novembro, e nós temos a expectativa de que o Comitê possa, em uma dessas duas sessões que ocorrerão neste ano, analisar esse comunicado porque é um comunicado já instruído, com todas as evidências de violações grosseiras às garantias fundamentais do ex-presidente Lula e que está, portanto, pronto para julgamento, e esse julgamento poderá reconhecer a ocorrência dessas grosseiras violações às garantias fundamentais do ex-presidente Lula e ajudar o Brasil a se reencontrar com o Estado de Direito, com a legalidade e, consequentemente, permitir o restabelecimento da liberdade plena do ex-presidente Lula porque ele não praticou qualquer crime.

Além dos recursos impetrados pela defesa em outras instâncias, também há um julgamento no STF que pode ter impacto sobre o caso do ex-presidente Lula e é o julgamento das ADCs que questionam o entendimento do Supremo sobre a prisão após condenação em segunda instância. O presidente do Supremo, Dias Toffoli, retirou esse julgamento da pauta, atendendo a um pedido da OAB, como o senhor avalia esse adiamento?

Nós da defesa do ex-presidente Lula não participamos diretamente dessas ações que tramitam no Supremo Tribunal Federal discutindo a questão da prisão em segunda instância. Mas, evidentemente, acompanhamos porque é um tema que tem total interesse da defesa e cujo desfecho pode ter bastante repercussão no caso do ex-presidente Lula.

A nossa visão é de que a Constituição Federal brasileira não permite outra interpretação que não seja a de impedir qualquer execução de pena sem a existência de uma decisão condenatória transitada em julgado. A Constituição é expressa nesse sentido, ao garantir, ao assegurar a presunção de inocência até que haja uma decisão definitiva transitada em julgado. E, por isso, nós entendemos também que seria muito importante que o Supremo possa reafirmar esse entendimento o quanto antes, possa restabelecer uma linha jurisprudencial que já era afirmada anteriormente por aquela corte, exatamente nesse sentido.

A interpretação dada em 2016 por maioria de votos, com todo respeito, não é compatível com a nossa Constituição. As pessoas podem ter opiniões, podem gostar ou não dessa leitura constitucional. Mas não e possível modificar o texto constitucional por uma interpretação que venha a se dar pelo Supremo Tribunal Federal em outro sentido. É preciso, efetivamente, garantir a inteireza do texto constitucional, e isso somente será possível se o Supremo Tribunal Federal reafirmar essa posição, a posição de que ninguém pode ser preso, ninguém pode ser obrigado a cumprir uma pena sem que haja uma decisão condenatória definitiva transitada em julgado.

Finalmente, os senhores, advogados de defesa, chegaram a apresentar provas de uma suposta cooperação ilícita entre agentes da Operação Lava Jato e autoridades dos Estados Unidos. A quem foi dirigida essa denúncia e resultou em quê?

Nós levamos ao processo que tramitou na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba provas de que houve cooperação informal de autoridades estadunidenses com autoridades brasileiras. Inclusive, naquilo que chamaram de construção do caso. É preciso ressaltar que o Brasil tem um acordo firmado com os Estados Unidos, prevendo uma série de formalidades para que haja uma cooperação entre os dois países. E no caso do ex-presidente Lula, nós mostramos que essas formalidades não foram observadas. A própria cooperação dos Estados Unidos é classificada como informal, o que não é possível. Cooperação informal é algo ilegal, é algo ilícito, é algo que não pode ser aceito no nosso país porque viola o tratado internacional que foi firmado com os Estados Unidos.

 

Fonte: Brasil de Fato

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira

Natal com Lula reúne centenas de militantes em Curitiba na Vigília

Militantes de todo o Brasil vieram ao Paraná para celebrar o Natal perto do ex-presidente Lula, nesta segunda-feira (24)

A Vigília Lula Livre reuniu centenas de pessoas nesta segunda-feira (24), véspera de Natal. Ao longo do dia houve intensa programação artística. À noite, um ato político antecedeu uma celebração inter-religiosa. Em seguida, cerca de 300 militantes participaram da Ceia de Natal em homenagem a Lula. “Que alegria ver vocês aqui, celebrando a esperança no futuro, na luta, na organização e na resistência. Vamos fazer a luta até vermos Lula livre”, disse o deputado federal Pedro Uczai (PT-SC).

Uczai ressaltou que o povo está com Lula, que há 262 dias é preso político em Curitiba. “Lula, estamos contigo, porque você mudou a vida de milhões de pessoas, nos fez sonhar e termos orgulho de sermos brasileiros. Não vamos deixá-lo sozinho nesta noite de Natal”, afirmou.

O presidente do PT-PR, Doutor Rosinha, afirmou que, apesar de uma certa dose de tristeza, não é hora para lamentações. “Somos todos irmãos e irmãs que estamos aqui e tantos outros que não puderam estar. Somos irmãos e irmãs na mesma causa e não vamos soltar nossas mãos para buscar a liberdade de nosso irmão que está ali dentro. A História mostra que quem se organiza e luta, vence. O povo brasileiro não vai deixar Lula sozinho, como não vamos deixa-lo nesta noite”, disse.

Luiz Marinho, presidente do PT-SP, também marcou presença no Natal com Lula. “A festa está bonita, com uma energia muito boa. É bom ver a militância manter a chama da esperança, que é o que Lula representa. Lula merece nosso sacrifício, pois sempre fez sacrifícios por nós e continua fazendo”, afirmou.

Marinho deixou uma mensagem de otimismo à militância: “O momento é de dificuldades, mas isso vai passar. Assim como derrotamos a ditadura, lá atrás, vamos derrotar também esse processo de ditadura implantado com apoio do Judiciário, que dá um verniz democrático para o golpe que estamos vivendo. Se acharam que prendendo Lula ele deixaria de liderar, se enganaram. Ele continua nos liderando”, afirmou Marinho.

João Granzotto, padre aposentado, veio de Maringá participar do Natal com Lula. “O povo não deixou Lula sozinho. É isso que o sustenta e ele está tendo um testemunho disso sob sua janela. O que o está sustentando também é a esposa, Marisa, que do céu o está protegendo, dando coragem, e está orgulhosa dele”, disse.

Por Luis Lomba, de Curitiba para a Agência PT de Notícias

Deputados do PT pelo Brasil são diplomados com sinal de “Lula livre”

Parlamentares petistas fizeram questão de lembrar o ex-presidente nas cerimônias de diplomação pelo Brasil

Foto: Reprodução

Nesta terça-feira (18), dezenas de deputados federais, estaduais, senadores e governadores foram diplomados pelos tribunais eleitorais de seus respectivos estados.

Mesmo preso desde abril em Curitiba, o ex-presidente Lula foi um dos personagens mais lembrados durante as cerimônias. Vários deputados eleitos do PT fizeram questão, no momento em que receberam seus diplomas, de formar um “L” com os dedos – o sinal de “Lula livre” que já virou uma tradição entre a militância petista.

Alguns dos deputados, inclusive, ainda gritaram “Lula livre” em suas diplomações, como foi o caso de Enio Verri (PT-PR).

Já a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), além de fazer o sinal de “Lula livre”, recebeu seu diploma ao som da versão brasileira da tradicional música de esquerda “Bella Ciao”. No Brasil, a militância de esquerda adaptou o refrão para os dizeres “Ele não”, em referência ao presidente eleito Jair Bolsonaro.

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Nota do PT: Cai a máscara de Sérgio Moro

Ao aceitar convite para ser ministro de Bolsonaro, parcialidade e intenções políticas de juiz ficam ainda mais claras “aos olhos do Brasil e do mundo”

Ao aceitar o convite para ser ministro da Justiça deJair Bolsonaro, Sérgio Moro revelou definitivamente sua parcialidade como juiz e suas verdadeiras opções políticas. Sua máscara caiu.

Moro foi um dos mais destacados agentes do processo político e eleitoral. Desde o começo da Operação Lava Jato agiu não para combater a corrupção, mas para destruir a esquerda, o Partido dos Trabalhadores e o governo que dirigia o país. Todas as suas ações foram meticulosamente pensadas para influenciar nesse sentido.

Em 2016 gravou e vazou ilegalmente conversas privadas da presidenta da República; condenou Lula, sem provas e por “atos indeterminados”; fez malabarismo judicial para descumprir a ordem de soltura do TRF 4; manipulou o calendário do processo para impedir um depoimento de Lula, no qual poderia se defender e divulgou uma delação mentirosa de Antonio Palocci às vésperas do primeiro turno.

As decisões arbitrárias, ilegais e parciais de Sergio Moro levaram o Comitê de Defesa dos Direitos Humanos da ONU a abrir um procedimento formal sobre o processo contra Lula, além de determinar a garantia dos direitos políticos de Lula, o que foi desrespeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral, em clara desobediência aos tratados internacionais vigentes.

Moro sempre foi um juiz parcial, sempre agiu com intenções políticas, e isso fica evidenciado aos olhos do Brasil e do mundo, quando ele assume um cargo no governo que ajudou a eleger com suas decisões contra Lula e a campanha de difamação do PT que ele alimentou, em cumplicidade com a maior parte da mídia.

O juiz que atuou tão fortemente contra Lula é o mesmo que beneficiou os verdadeiros corruptos da Petrobrás e seus agentes, que hoje gozam de liberdade ou prisão domiciliar, além dos milhões que acumularam, em troca de depoimentos falsos, de claro cunho político.

Essa nomeação, cujo convite fora feito antes do primeiro turno, como revela o vice- presidente General Mourão, hoje na Folha de São Paulo, é mais um sinal de que o futuro governo pretende instalar um estado policial no Brasil.

O PT conclama os democratas, os que defendem a Constituição e o estado de direito, a reforçar a campanha Lula Livre, por meio de um julgamento justo e do respeito às convenções internacionais assumidas soberanamente pelo Brasil, assim como cobra do Conselho Nacional de Justiça – CNJ que paute imediatamente a representação contra Sérgio Moro, que se encontra no plenário desde o ano de 2016, pelos desvios de sua função e a parcialidade na sua atuação.

Comissão Executiva Nacional do PT 

Fonte: http://www.pt.org.br

 

100 dias de injustiça: povo brasileiro pede Lula Livre Já

Partidos dos Trabalhadores divulga nova página do site de Lula que reúne depoimentos de brasileiros que não aceitam a prisão política, bem como todas as ilegalidades do processo.

No dia 7 de abril, o maior líder político do Brasil tornava-se preso político a partir de um processo fraudulento e de um julgamento parcial e totalmente político encabeçado pelo juiz Sérgio Moro. Desde então, Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se um símbolo, uma idéia que ganhou as ruas do Brasil e do mundo entre aqueles que defendem a democracia, um país justo e que tenha o povo como prioridade.

Há cem dias Lula é preso político, situação denunciada por artistas, intelectuais, juristas, lideranças de todo o mundo e que é resumida em uma das maiores manifestações democráticas que o Brasil já presenciou: a Vigília Lula Livre, que desde o dia 8 de abril firma resistência na porta da sede da Polícia Federal. Ali, os motivos da prisão política de Lula são expostos diariamente: fez pelo povo, gerou 20 milhões de empregos, tirou o Brasil do Mapa da Fome e incluiu os pobres, pela primeira vez na história, no orçamento da União.

Nos últimos três anos, Lula lidera todas as pesquisas eleitorais e é o mais confiável para melhorar a economia, em frangalhos desde que o governo golpista assumiu o poder. e desde a injustiça cometida contra ele tem subido nos levantamentos, o que prova que o povo brasileiro sabe, quer e luta por sua candidatura.

Na nova página lançada nesta terça-feira (17), encontram-se os depoimentos desses guerreiros que tornaram-se a trincheira da democracia e da Justiça e que há cem dias resistem em Curitiba. Eles contam suas histórias e mostram porque Lula vale a pena e que só com ele o Brasil poderá ser feliz de novo. Para aqueles que não sabem como contribuir, acesse o link e doe para a pré-campanha. É hora de mudar esse história. Basta de injustiça! Lula Livre Já!

Da Redação da Agência PT de Notícias

fonte: http://www.pt.org.br

Festival Lula Livre reunirá artistas e intelectuais dia 28 no Rio de Janeiro

Segundo o manifesto, o evento não significa apenas um gesto de solidariedade ao mais popular presidente do país, mas uma exigência para que se respeite a Justiça.

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Um grande número de artistas e intelectuais e representantes de movimentos sociais marcará presença em um evento previsto para o próximo dia 28 de julho, nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro: Festival Lula Livre. O objetivo é convocar para um dia de festa e luta em defensa da democracia e pela liberdade do ex-presidente, preso político que está desde abril na sede da Polícia Federal, em Curitiba.

A organização afirma que já há mais de 10 músicos confirmados, mas só serão divulgados posteriormente. Em junto, Chico Buarque e Martinho da Vila anunciaram oficialmente a realização do festival. Ao lado de um grupo como Lucélia Santos, Luís Nassif, Conceição Evaristo, Fernando Morais, José Celso Martinez Correa, Hildegard Angel, Luiz Carlos Barreto e Ziraldo, os dois anunciaram, através de nota, o grande evento pela libertação de Lula.

De acordo com a nota, o objetivo é pedir a imediata libertação de Luiz Inácio Lula da Silva que, de acordo com os artistas, “não significa apenas um gesto de solidariedade ao mais popular presidente deste nosso país. Significa também um gesto de solidariedade a todos nós, brasileiros e brasileiras. Um gesto de exigência para que se respeite a Justiça, pilar básico de qualquer sistema minimamente democrático”.

http://www.revistaforum.com.br