No espetáculo decadente da Lava Jato, mais um ator sai de cena. Confira o artigo

“O saldo da Lava Jato até aqui é trágico. Tendo alimentado a cena pública no Brasil, monopolizada pelo ódio nas ruas, por um lado, e pelo cinismo, por outro, a influência da operação sobre o Direito, sobre a política e sobre a economia é profunda, e é provável que levemos bastante tempo para conseguir rever os estragos”

Por Tânia Oliveria*

A saída de Deltan Dallagnol da operação Lava Jato marca um ciclo e abre uma série de questionamentos acerca da sobrevivência da investigação, que já dura mais de seis anos. É o mais importante fato desde que Sérgio Moro abandonou a operação para se tornar ministro de Estado.

Criada como “a maior operação de combate à corrupção”, a Lava Jato notabilizou-se pela prática de conduções coercitivas sem intimação prévia, delações premiadas com réus presos ou sob chantagem, vazamento de conteúdos de depoimentos e até mesmo de conversas privadas, prisões preventivas sem fundamentos e vazamentos ilegais.

Seus membros, longe de serem questionados, eram ovacionados. E passaram a operar em uma lógica totalmente midiática, de olho na aprovação popular e nos holofotes, com o total respaldo da grande imprensa, proferindo palestras, dando entrevistas e dialogando com as manifestações nas ruas.

A Lava Jato pretendeu, desde o início, que seu trabalho “purificasse” o Brasil, limpando o cenário político e promovendo um novo ordenamento no Direito Penal. Reside nesse objetivo aquilo que se percebe como o “messianismo” da operação e, em termos mais amplos, sua visão política, a auto idealização de seus membros como heróis nacionais.

Se houve, em qualquer momento, nobres intenções na Lava Jato de fazer investigação séria, elas não sobreviveram aos primeiros momentos. O que se viu, desde seu início, foram servidores públicos amesquinhados por convicções, sem respeitar limites elementares do devido processo e dos direitos dos acusados.

O esgarçamento foi de tal ordem que a Lava Jato alimentou a polarização política em curso no país, se colocando de um lado da disputa e traçando suas estratégias de ação, com datas para deflagrar etapas, vazar conteúdos, tudo de modo a influenciar e produzir resultados sociais e eleitorais.

A partir de junho de 2019, as conversas divulgadas entre os procuradores da República em Curitiba e o ex-juiz Sérgio Moro, que exteriorizaram um conluio persecutório entre acusação e juiz, fizeram com que a operação passasse a ser vista por diversos atores políticos, e por significativa parte da sociedade, com desconfiança.

Recentemente, a Lava Jato tem passado por uma turbulenta briga com o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, e teve importantes julgamentos e decisões revistas tanto no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), como no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que antes era absolutamente alinhado com as sentenças de Sérgio Moro, inclusive ampliando as penas aplicadas.

Dallagnol foi, desde o início, o coordenador da equipe da força-tarefa da Lava Jato. Símbolo da juventude que fez o coletivo ser chamado de “os meninos de Curitiba”, ele ganhou milhares de reais com palestras pagas, inclusive nos horários de expediente, para planos de saúde, para empresas do mercado financeiro, da indústria e do comércio; assinou um acordo ilegal com a Petrobras – posteriormente anulado pelo STF – para criar uma Fundação com vistas a gerir um fundo privado de 2,5 bilhões de reais; manteve-se, todo o tempo, ativo nas redes sociais, opinando, inclusive, sobre as escolhas de dirigentes das Casas legislativas, em evidente atuação política. A sucessão de ilegalidades praticadas pelo coordenador da força-tarefa é grande.

Natural, portanto, que com a guerra declarada entre Bolsonaro e Moro, com a saída deste último do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, com o decorrente acirramento do conflito entre o procurador Geral da República nomeado por Bolsonaro e sua equipe com a força-tarefa da Lava Jato, tenha se intensificado o tensionamento para que o Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP pautasse as representações contra Dallagnol. A mais antiga delas, do bizarro PowerPoint usado para apresentar a denúncia contra o ex-presidente Lula, foi alcançada pela prescrição e arquivada. Duas outras ainda são ou seriam pautadas.

O que tudo indica é que Deltan Dallagnol se rendeu ao fato inexorável de que a operação que o alçou ao “estrelato” é um espetáculo em decadência, que não mais existirá no formato de outrora; que seus seguidores nas redes foram reduzidos com a queda de Sérgio Moro, em decorrência da ligação de ambos, e que se torna cada dia mais temerário pra ele continuar à frente do cargo.

Tendo conseguido até o presente se livrar de punições, Deltan está pressionado e enfraquecido politicamente. E o que me parece evidente é que foi forçado a reconhecer isso e se retirar, por enquanto, da cena política nacional.

O saldo da Lava Jato até aqui é trágico. Tendo alimentado a cena pública no Brasil, monopolizada pelo ódio nas ruas, por um lado, e pelo cinismo, por outro, a influência da operação sobre o Direito, sobre a política e sobre a economia é profunda, e é provável que levemos bastante tempo para conseguir rever os estragos.

De todo modo, nossa comemoração da saída de Deltan Dallagnol da coordenação da força-tarefa da operação Lava Jato deve ser cautelosa.

Primeiro porque por trás dessa queda de braço com o PGR há a manipulação política descarada em favor de Jair Bolsonaro na briga com Sérgio Moro.

Desse modo, quando Aras afirma que é preciso “corrigir os rumos”, é preciso acompanhar, com lentes de alto grau, se estamos falando do cumprimento de leis, de regras de convivência e de procedimentos determinados, que recomendam que convicções são, com alguma frequência, óbices à busca da verdade.

Se estamos tratando da necessária prática democrática e republicana que a Lava Jato escancaradamente burlou ou estamos apenas mudando o elenco do espetáculo.

* Membra da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD

Fonte: Comitê Lula Livre

Bolsonarismo e lavajatismo: a mesma moeda

A luta é contra o neofascismo, o autoritarismo e o programa ultraliberal, expressos por Bolsonaro, Moro e toda a coalisão golpista. É polarizando a disputa política  por meio de um programa democrático e popular articulado com uma estratégia socialista que conseguiremos avançar e, em algum momento, vencer.

* Por Patrick Campos

O divórcio entre o bolsonarismo e o lavajatismo, ou melhor, entre os seus principais representantes, foi consumado na sexta-feira (24/04). No entanto, como o “casamento” entre eles foi celebrado no regime de “comunhão de bens”, cada um leva parte daquilo que construíram juntos. E isso não é pouca coisa. Daí a grande disputa acerca do que é de quem na partilha.

O bolsonarismo aproveitou bem a prataria e os lençóis de seda, aqueles bens que lhe deram aparência, ao menos momentânea, de civilidade e asseio. A associação de Bolsonaro com o ex-juiz da Lava Jato, rendeu perante um setor importante do antipetismo o status que muitos destes precisavam para colocar suas digitais no número 17 da urna eletrônica.

Afinal, o bolsonarismo possui raízes irrigadas pelo esgoto a céu aberto da vulgaridade e da corrupção. Se a polícia política da Lava Jato não tivesse atuado continuamente, em parceria com o oligopólio da mídia para golpear o petismo seguidas vezes, talvez o terreno em que a erva daninha do bolsonarismo se espalhou não tivesse tão bem preparado quanto estava nas eleições de 2018.

O lavajatismo, por sua vez, mais preocupado com aquilo que os vizinhos e amigos vão pensar a seu respeito, ocupa-se com a polidez e em esconder sua cumplicidade, conivência e atuação direta nos negócios escusos do bolsonarismo. Mas como nos ensinou Sponville, a polidez não é virtude moral, mas apenas a aparência desta, e, portanto, perigosa, pois pode esconder o pior sem que isso fique visível.

Moro, assim como os demais cruzados lavajatistas, não titubearam em colocar seus préstimos a serviço do clã Bolsonaro. Os bonecos infláveis de ambos eram cotidianamente inflados lado a lado, apoiando-se literalmente um no outro. Enquanto a força tarefa agia diuturnamente para igualar quase todos na régua da “corrupção endêmica do sistema”, livravam e deixavam correr solto o deputado defensor da ditadura e envolvido nos negócios da milícia.

De tal forma que, os projetos de poder bolsonarista e lavajatista foram complementares e em grande medida, se confundem pelo grau de entrelaçamento. Até então visto como tosco, patético e caricato, o bolsonarismo agregou camadas de verniz moral quando associado aos lavajatistas e sua corrupção judiciária, tão bem aceita e praticada no “Estado profundo” brasileiro.

Juntos eles chegaram ao governo federal. Juntos eles ocuparam ainda mais espaço no já bastante instrumentalizado aparato de Estado. Juntos eles deram forma e conteúdo a uma política autoritária, neofacista e ultraliberal, com a qual possuem total acordo e unidade. E é justamente a partilha desta política que está em disputa no “andar de cima”.

Como na cena inicial de “Batman, o cavaleiro das trevas” (2008), em que cada bandido possui ordens para eliminar o outro na crença de dividir por menos o dinheiro do roubo, a prática bolsonarista é a da eliminação permanente. Atuam para deter e concentrar o máximo de poder. Para isso, vão riscando da lista aqueles aliados que já cumpriram com seu papel.

Movimentos de direita (MBL); Partidos da direita, centro-direita e seu próprio partido (PSL); setores militares (Santos Cruz); governadores (Dória, Witzel e Caiado); parlamentares (Frota, Joice, Janaina); seus próprios ministros (Mandetta e Moro); sem falar nas outras hipóteses de queima de arquivo mais literal…

O lavajatismo encontra-se entre estes, mas não apenas na figura do ex-juiz. Sob o governo de Bolsonaro o arco-íris dos ursinhos carinhosos da força tarefa desapareceu no horizonte. Revelado o plano de enriquecimento bilionário dos procuradores e a direção política dada pelo então juiz para as operações, os lavajatistas viram-se expostos e sem o apoio que esperavam.

Bolsonaro não perdeu a oportunidade e ainda agiu para nomear um dos seus para a Procuradoria Geral da República. A indicação de Augusto Aras, que não figurava sequer entre os nomes escolhidos pela corporação, resolveu parte do problema de “controle” sob a Lava Jato por parte do bolsonarismo.

Afinal de contas, foi também para ter a prática lavajatista a seu serviço que Bolsonaro nomeou o ex-juíz. Se Moro, enquanto juiz, não teve pudor em utilizar o judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal para perseguir e condenar seus adversários, fazendo assim sua carreira política, tal know-how serviria muito bem aos planos autoritários bolsonaristas.

Acontece que a expertise lavajatista que tanto serviu e segue servindo ao ex-juiz, não foi integralmente colocada a serviço de Bolsonaro. Além da perseguição e condenação de adversários, Bolsonaro precisa garantir que ele próprio e seu clã não sejam alvos de “fogo amigo”. Portanto, precisa ter ainda mais poder e ainda mais controle, algo que poderia quebrar o círculo de proteção lavajatista.

É neste ponto que no cálculo político de Bolsonaro, retirar Moro de seu ministério passou a ser um efeito colateral absolutamente aceitável se isso fosse necessário para que ele tivesse ainda mais controle sobre a Polícia Federal e ao mesmo tempo jogar carne fresca para as hienas. Até porque, o lavajatismo foi imprescindível para que ele pudesse ser eleito, mas não é imprescindível para ele governar.

Ainda assim, mesmo com essa separação de direito, não há separação de fato entre os projetos bolsonarista e lavajatista. Ambos continuam sendo forças que representam o autoritário, o neofascismo e o programa ultraliberal. Juntos proporcionaram um alinhamento da ultradireita que não desaparece num estalar de dedos. A separação torna cada um, inclusive, ainda mais autoritário.

É por isso que as forças democráticas e populares precisam avançar sobre o núcleo da política que ambos sustentam. E o caminho para isso passa por apresentar uma alternativa política para o projeto que eles representam, polarizando a disputa e não buscando atalhos ou saídas como o que aconteceu no 1º de maio.

Essa ideia de que uma frente ampla nacional com setores do centro e da centro-direita é a única saída é mentirosa. Pelo contrário, ela tem como consequência enfraquecer as forças democráticas e de esquerda pois as coloca ombreadas com golpistas, além de colocar razão na insana tese bolsonarista do “eles contra todos”.

A forma como a ultradireita está lidando com a pandemia do novo coronavírus é um prelúdio do que virá quando o pior momento da pandemia passar, que tende a ocorrer com um imenso custo de vidas humanas. É na luta contra este projeto de morte da direita, do que ele já está fazendo e daquilo que eles farão em breve que precisamos atuar.

A luta é contra o neofascismo, o autoritarismo e o programa ultraliberal, expressos por Bolsonaro, Moro e toda a coalisão golpista. É polarizando a disputa política  por meio de um programa democrático e popular articulado com uma estratégia socialista que conseguiremos avançar e, em algum momento, vencer.

*Patrick Campos, Advogado, membro do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT)
Via pontocritico.org/

Em novas conversas vazadas, procuradores do MPF criticam violações éticas de Moro

Para envolvidos na força-tarefa da Lava Jato, a agenda pessoal do juiz colocou em risco credibilidade da operação


Juiz Sérgio Moro foi duramente criticado por ter aceito o cargo de ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PSL) / Valter Campanato | Agência Brasil

Em nova matéria do Intercept, a partir de vazamento de diálogos sobre a Lava Jato, a atuação do ex-juiz Sergio Moro na condução da operação foi criticada por procuradores do Ministério Público Federal.

No dia 1º de novembro, uma hora antes de o ex-juiz anunciar ter aceito o convite de Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça, os integrantes da força-tarefa da Lava Jato já lamentavam que, ao aceitar o cargo (algo que ele havia dito que jamais faria), Moro colocaria em dúvida a legitimidade e o legado da operação.

Para eles, o projeto pessoal do juiz poderia promover questionamentos éticos e dar maior credibilidade às alegações de que a Lava Jato teria motivações políticas. Na conversa, a procurada Monique Cheker disse, “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”.

Um dia antes, quando já circulavam boatos de que Moro integraria o governo Bolsonaro, outra procurada que integrava a força-tarefa da operação, Jerusa Viecili, escreveu: “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo”.

Em seguida, a procuradora Laura Tessler concordou com a avaliação de Viecili:

“Tb acho péssimo. MJ [Ministério da Justiça] nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ [Lava Jato]. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo é muito mal visto… se juntar a ele vai queimar o Moro.” Viecili completou: “E queimando o moro queima a LJ”. Outro procurador da operação, Antônio Carlos Welter, enfatizou que a postura de Moro era “incompatível com a de Juiz”.

A matéria também mostra que os procuradores da Lava Jato e outros membros do MPF se indignaram com a esposa do ex-juiz, Rosângela Wolff Moro, que comemorou explicitamente a vitória de Bolsonaro nas redes sociais. “Erro crasso”, “perde a chance de ficar de boa” e “esse povo do interior é muito simplório”, foram expressões usadas pelos integrantes do Ministério Público.

Leia a matéria completa + prints

Fonte: Brasil de Fato|Edição: Aline Carrijo

Vereadores do grupo do senador FBC aprovam projeto que concede título de cidadão petrolinense ao juiz Sergio Moro

“A história não os perdoará!”, afirmou o vereador Professor Gilmar Santos (PT) ao se colocar contra o projeto.

Foto: Ângela Santana

Projeto de Decreto Legislativo Nº 005/19, de autoria do vereador Ronaldo Silva (PSDB), que concede título de cidadão petrolinense ao juiz Sérgio Moro, foi posto para votação na Casa Plínio Amorim durante a sessão plenária desta terça-feira (18). O projeto foi apresentado pela primeira vez em março de 2018 e foi retirado de pauta naquela oportunidade porque não tinha voto suficiente para aprovação, que segundo o Regimento Interno deve ser de 2/3, ou seja, 16 votos favoráveis.

Conforme o vereador Gilmar Santos (PT), o motivo principal para a não votação naquele momento, foi que o Juiz Sérgio Moro estava no auge da operação lava jato que incriminava o senador Fernando Bezerra Coelho. “Agora o projeto volta à pauta e se naquela ocasião a gente já se perguntava: quais eram os relevantes serviços prestados por Sergio Moro à população de Petrolina? Hoje, nós temos a comprovação de que ele não tem serviços, pelo contrário, ele tem desserviços contra não apenas o povo de Petrolina, mas a toda população brasileira” afirma.

Vereador professor Gilmar Santos (PT)| Foto: Camila Ferreira

Durante a justificativa do seu voto contrário, Santos citou a notícia-crime protocolada pelo Coletivo de Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD) no Supremo Tribunal Federal (STF), que solicita a prisão do ex-juiz e ministro Sérgio Moro, e dos procuradores federais Deltan Dallagnol, que comandou a operação Lava Jato, Laura Gonçalves Tessler, Carlos Fernando dos Santos Lima e Maurício Gotardo Gerum.

Para o vereador, após esse escândalo divulgado pelo site The Intercept Brasil, mostrando as relações imorais do então juiz Sergio Moro com os procuradores da Lava Jato, as relações parciais e promiscuas, prejudicando o judiciário, a democracia, o presidente Lula, mas, acima de tudo, a dignidade do povo brasileiro, atacando a soberania popular, não faz sentido os vereadores concederem título de cidadão a um criminoso. E acrescentou: “Não sou eu quem está dizendo, são os operadores do direito, os especialistas do direito, que tem vergonha e compromisso com a democracia e o povo brasileiro”.

O parlamentar chamou atenção dos colegas vereadores sobre a responsabilidade para com o voto de cada um e fez um pedido: “hoje aqui os senhores e senhoras não vão apenas passar uma vergonha se votarem nesse título, mas estarão sendo cúmplices desse crime e sendo irresponsáveis com o direito, com a democracia e a Constituição brasileira. E eu quero dizer que estarei com a consciência muito tranquila por votar contra. Eu tenho compromisso e espero que cada um de vocês também tenha o mesmo compromisso com a dignidade do nosso povo. É verdade que as circunstancias podem até favorecer a irresponsabilidade, o ódio e a estupidez, mas eu quero lembrar e gostaria que ficasse bem gravado: a história não os perdoará!”, concluiu.

O vereador Ronaldo Silva, sem argumentos para justificar a concessão do título, usou de ataques gratuitos contra o público presente, que se manifestou contrário ao título com vaias, e aos vereadores que votaram contra. “Podem vaiar! Vocês devem fazer parte da quadrilha… deve ser! Porque defensor de bandido aqui não. Bandido tem que ir pra cadeia, e o juiz Sérgio Moro colocou tanto políticos, principalmente do PT, como também empresários” disse.

Além disso, o edil destilou ataques homofóbicos e de ódio contra o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, e seu companheiro ao dizer: “vejam quem é que fez as gravações, que gravou e passou: um casal de gays”.

Resultado:

O projeto foi aprovado com16 votos a favor, 3 contra e 2 abstenções.
Votaram à favor: Ronaldo Silva (PSDB), Ronaldo Souza (PTB), Rodrigo Araújo (PSC), Aero Cruz (PSB), Elias Jardim (PHS), Osório Siqueira (PSB), Zenildo Nunes (PSB), Manoel da Acosape (PTB), Gaturiano Cigano (PRP), Ruy Wanderley (PSC), José Batista da Gama (PDT), Major Enfermeiro (PMDB), Gilberto Melo (PR), Alex de Jesus (PRB) e Osinaldo Souza (PTB).

Votaram contra: Gilmar Santos (PT), Cristina Costa (PT) e Paulo Valgueiro (MDB).

Se abstiveram: Gabriel Menezes (PSL) e Elismar Gonçalves (MD).
O vereador Domingos de Cristália (PSL) não compareceu à sessão.

Confira vídeo:

“A delinquência de Moro, Dallagnol e procuradores da Lava Jato atacam não apenas Lula e o PT, mas todo o Estado democrático de direito, sacrificando toda a nação”

Transformaram o judiciário brasileiro em centro de um golpe, em comitê político-eleitoral para eleger o Bolsonaro, venderem nossas riquezas a preço de bananas e criaram esse cenário de violência e destruição

Foto: Hyarlla Wany

O vereador professor Gilmar Santos (PT) aproveitou sua fala na Tribuna Livre durante a sessão plenária desta terça-feira (11), para manifestar seu repúdio aos procuradores da Lava Jato, em especial Deltan Dellagnol, que coordenou a operação, e ao ministro da justiça e ex-juíz Sergio Moro, que foram desmascarados neste domingo (09), após a agência de notícias The Intercept Brasil ter divulgado troca de mensagens, entre ambos, que revelam “discussões internas e atitudes altamente controversas, politizadas e legalmente duvidosas da força-tarefa da Lava Jato”. Dentre outros elementos, o conteúdo revela trama para impedir vitória do PT nas eleições de 2018, assim como interferências de Moro no Ministério Público para acusar Lula

“Se tínhamos convicções sobre o golpe promovido pela elite nacional, os oligopólios da mídia, representada pela Rede Globo e boa parte do judiciário sobre o país, agora temos provas. O trabalho dos jornalistas do The Intercept, ao desmascarar a farsa da Lava Jato é um grande serviço à soberania popular e nacional”, afirmou Gilmar.

Na ocasião, o parlamentar também ponderou a importância do compromisso com os interesses públicos, com o cumprimento das leis e, sobretudo, com a Constituição, para o desenvolvimento de uma sociedade digna, civilizada e democrática; o que, para ele, não vêm acontecendo. “Como é que se pode acreditar que um ministro da justiça que é injusto, que não cumpre as Leis nacionais? Como é que se pode acreditar num ministro da justiça que cria esquema para sacrificar o seu país?” questionou. 

De acordo com o edil, os comportamentos de Moro e Dallagnol são de “delinquência”, pois, além de ferir os princípios de imparcialidade previsto na Constituição e no Código de Ética da Magistratura, representam um ataque direto à democracia que vinha sendo instituída no país e à uma série de direitos conquistados pelo povo brasileiro ao longo dos anos.

“A delinquência de Moro, Dallagnoll e os procuradores da Lava Jato atacam não apenas o presidente Lula e o PT, mas todo o Estado democrático e de direito, prejudicando toda a nação” disse.

Apesar das denúncias serem recentes, o material existente é suficiente para perceber que o Brasil foi vítima de um golpe efetivado por meio de uma operação irresponsável e criminosa, comandada pelos próprios representantes do ‘povo’ e da ‘justiça’. A prisão do ex-presidente Lula que “uma vez sentenciado por Sergio Moro, teve sua condenação rapidamente confirmada em segunda instância, o tornando inelegível no momento em que todas as pesquisas mostravam que liderava a corrida eleitoral de 2018”,  escancara a real função política da Lava Jato e o jogo de interesses: Moro, até então juiz, fraudou o sistema de justiça para condenar Lula e manipular eleição abrindo caminhos para a vitória de Bolsonaro, que logo o nomeou Ministro da Justiça.

Segundo Gilmar, não é à toa que “esses criminosos” ocupam cargos junto ao (des) Governo Bolsonaro. O parlamentar sugeriu ainda que todas as consequências e danos advindos desse golpe sejam debitadas na conta de todos os envolvidos nesse processo.

“Os milhões de desempregados, a quebra de milhares de empresas, o desmonte das instituições, os congelamentos da educação e da saúde, a volta da escravização promovidas pelas leis de terceirização e da reforma trabalhista, a eleição do Bolsonaro e todas as destruições que ele faz contra o país. Tudo isso deve ser debitado na conta do senhores da Lava Jato” disse e completou “Foram eles que assumiram a condução desse projeto de criminalização da política, com foco principal no PT; foram eles que violaram todas as leis possíveis para processar, condenar, prender e impedir o companheiro Lula de concorrer às eleições, usando de mentiras e calúnias. Transformaram o judiciário brasileiro em centro de um golpe, em comitê político-eleitoral para eleger o Bolsonaro, venderem nossas riquezas a preço de bananas e criaram esse cenário de violência e destruição.

Ainda durante a sessão, o vereador mencionou a nota do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Colégio de Presidentes de Seccionais a qual, por deliberação unânime, “recomenda que os envolvidos (Moro e Dallagnol) peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita”, e concluiu dizendo:

“Ou eles caem ou país se afunda num abismo maior ainda. E uma das primeiras providências a serem tomadas é a libertação do presidente Lula e a anulação de todo o processo e condenações contra ele. No dia 14 teremos a greve geral, penso que essa deve ser uma das principais pautas dos movimentos, queda do Moro e desses procuradores, do governo Bolsonaro e Lula livre”.

DesMOROnou: Conversas entre Moro e Dallagnol escancaram função política da Lava Jato

O conteúdo, divulgado pelo The Intercept Brasil, revela trama para impedir vitória do PT nas eleições, assim como interferências de Moro no Ministério Público para acusar Lula

Foto: Divulgação

A agência de notícias The Intercept Brasil divulgou neste domingo, 09 de junho, três reportagens polêmicas que revelam “discussões internas e atitudes altamente controversas, politizadas e legalmente duvidosas da força-tarefa da Lava Jato” entre o procurador que coordenou as investigações, Deltan Dallagnol, e o atual ministro da justiça, Sergio Moro.

Segundo o Intercept, as três matérias, que são apenas o começo de uma grande investigação jornalística, foram produzidas a partir de “arquivos enormes e inéditos – incluindo mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens – enviados por uma fonte anônima”.

Além de revelarem comportamentos antiéticos e transgressões dos envolvidos, as reportagens explicam algumas consequências das ações da Lava Jato como, por exemplo, a prisão do ex-presidente Lula que “uma vez sentenciado por Sergio Moro, teve sua condenação rapidamente confirmada em segunda instância, o tornando inelegível no momento em que todas as pesquisas mostravam que liderava a corrida eleitoral de 2018”, o que escancara o jogo de interesses políticos: Moro frauda o sistema de justiça para condenar Lula e manipular eleição abrindo caminhos para a eleição de Bolsonaro, que logo nomeou o então juiz Sergio Moro, Ministro da Justiça.

Entre outros elementos, as reportagens revelam o desejo dos procuradores da Lava Jato em impedir a eleição do PT, bem como suas ações para atingir esse objetivo; e as interferências secretas e antiéticas de Moro ao Ministério Público para acusar Lula, ferindo o principio de imparcialidade previsto na Constituição e no Código de Ética da Magistratura.

Em nota, Moro disse que “lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores”. O que o ministro esqueceu foi que em 2016 ele mesmo se pronunciou dizendo “a democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras” ao vazar ilegalmente grampo dos ex-presidentes Lula e Dilma.  

O Intercept afirmou que não procurou os envolvidos antes das publicações “para evitar que eles atuassem para impedir sua publicação e porque os documentos falam por si”. Além disso, em matéria a agência disse que “Nós tomamos medidas para garantir a segurança deste acervo fora do Brasil, para que vários jornalistas possam acessá-lo, assegurando que nenhuma autoridade de qualquer país tenha a capacidade de impedir a publicação dessas informações”.

As máscaras dos “defensores da justiça”, “heróis anticorrupção” começam a cair, deixando às vistas da população brasileira as teias de reais interesses que fundamentam o plano do (des) governo Bolsonaro- que vem legislando em causa própria.  Segundo o Intercept, esse é apenas um começo do que se pretende tornar uma investigação jornalística contínua das ações de Moro, de Dallagnol e da força-tarefa da Lava Jato.

Leia matérias na íntegra:

Parte 1: Como e porque o Intercept está pulicando chats privados sobre Lava Jato e Sergio Moro

Parte 2: Procuradores da Lava Jato tramaram em segredo para impedir entrevista de Lula antes das eleições por medo de que ajudasse a “eleger o Haddad”

Parte 3: Deltan Dallagnol duvidava das provas contra Lula e de proprina da Petrobras horas antes da denúncia do triplex