Vereador Gilmar Santos manifesta pesar pelo assassinato de Pedro Gonzaga no Hipermercado Extra, no RJ, e diz que o crime é reflexo do racismo

“O que aconteceu com aquele jovem é o resultado da violência que nós chamamos de racismo”

Foto: Hyarlla Wany

Na última sessão plenária da Casa Plínio Amorim (19), o vereador professor Gilmar Santos (PT) dedicou parte do seu tempo na tribuna para manifestar pesar pelo assassinato do jovem Pedro Gonzaga, 19, que foi estrangulado na última quinta-feira (14) por um dos seguranças do Hipermercado Extra, no Rio de Janeiro.

“Todos os senhores e senhoras acompanharam esse fato que ocorreu no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, onde um jovem foi brutalmente assassinado pela truculência, a irresponsabilidade, a falta de preparo de um segurança na unidade do supermercado Extra. Esse jovem, Pedro Gonzaga, de dezenove anos, estava com a sua mãe que estava o encaminhando para uma unidade de CAPS (…) esse jovem portanto estava em tratamento, um jovem negro. Passaram no extra para um lanche e esse jovem teve uma crise, um surto, e em determinado momento, em contato com seguranças, esse jovem cai. Os seguranças levantam e ele cai mais uma vez. Mas na segunda vez que ele cai, um dos seguranças resolve imobilizá-lo, mas o imobiliza com muita violência. As pessoas que estavam próximas diziam “ele está sendo sufocado”, o jovem gritava “eu não consigo respirar” e mesmo diante do apelo dessas pessoas aquele segurança continuava pressionando, violentando, até o momento que sufocou e tirou a vida daquele jovem”

Gilmar também atrela o assassinato do jovem ao racismo estrutural que se faz presente em nossa sociedade e que se manifesta através da discriminação, da violência.

“Eu faço questão de colocar esse assunto aqui nessa Casa porque o que aconteceu com aquele jovem é o resultado da violência que nós chamamos de racismo. A cultura do racismo que trata o corpo negro como um corpo marginal, que trata o corpo negro, a pessoa negra como ameaça, que trata a carne negra como a carne mais barata da sociedade (…) E aí eu chamo a atenção dos senhores: Nós somos representantes do povo e não podemos nos calar em nenhum momento diante de uma violência promovida, orientada seja pela discriminação da raça, da orientação sexual, regional. E quero dizer aos senhores, hoje fica muito difícil, assim como aquele jovem, Pedro Gonzaga, respirar o clima atmosférico dessa sociedade orientada pelo preconceito, pelo ódio e pela intolerância. Aquele jovem está dentro dessa orientação nacional que autoriza para matar, que orienta para matar, especialmente os jovens que estão sem oportunidades nas nossas periferias”.

Na oportunidade, o vereador também cobrou a efetividade do projeto de lei que denomina o equipamento público Quadra Poliesportiva do bairro João de Deus como José Alex de Soares Silva, jovem negro que foi assassinado no dia 10 de janeiro de 2010 após ser confundido com um assaltante em Petrolina.

“Peço aos senhores que a gente não recue um minuto, um segundo diante de qualquer ato de violação, de violência a qualquer pessoa (…) O racismo é cientificamente falso, ele é moralmente condenado e é socialmente injusto. A vida de Pedro Gonzaga é a mesma vida de José Alex, morador do João de Deus que foi torturado, e que por sinal eu espero que a indicação que nós fizemos aqui para nomear a quadra da Praça da Juventude seja efetivada. Não é uma homenagem à aquele jovem, é uma denúncia à violência racial que ocorreu aqui nos porões da delegacia da Polícia Civil de nossa cidade. Não ao racismo! Não a qualquer forma de violência!” Conclui.