“Se Bolsonaro tem um projeto de milícias, nós temos um projeto para a educação democrática e inclusiva”

Mandato Coletivo participa da manifestação contra cortes na educação e contra a reforma da previdência. A ação que faz parte de uma mobilização nacional da Greve pela Educação mobilizou cerca de 5000 pessoas.

Foto: Lizandra Martins

Na manhã de hoje (15), o Mandato Coletivo do vereador professor Gilmar Santos (PT), participou, junto a estudantes, professores, movimentos sociais, sindicatos etc., da manifestação contra os cortes nos recursos da educação e contra a reforma da previdência proposta pelo (des)governo Bolsonaro. A ação que faz parte de uma mobilização nacional da Greve pela Educação começou por volta das 9h na Praça do Bambuzinho, Avenida Souza Filho, onde os manifestantes se encontraram e seguiram até a Prefeitura Municipal, na Av. Guararapes, Centro de Petrolina. Cerca de 5000 pessoas participaram do ato.

Além do corte nas verbas destinadas ao ensino, as entidades protestaram contra as declarações descabidas do atual Ministro da educação, Abraham Weintraub, que associou a contenção dos recursos a “balburdia” – no dicionário da língua portuguesa significa “tumulto, desordem”- assim como a declaração do MEC qual diz que o bloqueio poderá ser reavaliado “caso a reforma da previdência seja aprovada”.

Dessa forma, fica claro o objetivo do atual governo federal: Sucatear as instituições públicas de ensino impedindo o pensamento crítico e a liberdade de expressão e chantagear a sociedade civil para aprovar uma reforma da previdência criminosa que joga para a população a responsabilidade da má gestão dos recursos públicos, da corrupção e das dívidas do governo.

Foto: Fernando Pereira

Durante o ato, Gilmar disse que é necessário coragem para enfrentar aqueles que estão no governo se articulando em um projeto desonesto que retira da população uma série de direitos que foram conquistados através de muita luta. Além disso, ressaltou que o projeto que apoia é o da educação inclusiva e democrática.

“O projeto que está colocado aí não é apenas um projeto para cortar os recursos da educação. O projeto que está colocado é um projeto de destruição de todas as conquistas que tivemos nos últimos anos, e aí precisamos deixar isso muito afirmado: Se Bolsonaro tem um projeto de destruição, nós temos um projeto de afirmação da democracia; se Bolsonaro tem um projeto das milícias, nós temos um projeto da educação democrática e inclusiva; se Bolsonaro tem um projeto elitista, de privilégios, nós temos um projeto para colocar mais filhos da periferia na universidade, mais filhos de domésticas nas universidades, mais filhos de trabalhadores rurais na universidade; se Bolsonaro está construindo e defendendo a “bozolândia”, nós vamos defender o Brasil soberano, de mais igualdade, de mais democracia, e é preciso levar esse recado para a rua, como nós estamos fazendo” disse.

Foto: Fernando Pereira

Para o estudante de engenharia agrícola e Ambiental da Univasf, Cainã Vieira, não existe nada maior que a educação e que por esse motivo é necessário que todas as instituições de ensino unam suas forças para lutar contra esses cortes que ameaçam de forma direta o funcionamento das mesmas.

“Com pensamento crítico e análise, podemos criar, fazer ciência e trazer alternativas que poderão aprimorar várias demandas da vida, como saúde, desenvolvimento de novas tecnologias e novas formas de educar. Pensar está relacionado com a Educação, e quem é pobre sabe como é importante e difícil chegar até a universidade (…) Quem corta na educação, quer esconder algo, quer criar seres que não pensam, quer inviabilizar as formas justas de estar no mundo. Não adianta chegar na universidade e não poder sobreviver dentro dela. Sem alimentação, sem transportes, sem investimentos para bolsas, como poderemos criar o novo se não são postas as ferramentas para tal? (…)Não se corta da educação, afirmando que é para um bem maior, por que não existe nada maior que a educação, o que querem fazer é pagar dívidas públicas de maneira desonesta e capciosa. A educação é o maior bem que nós pobres podemos ter para poder lidar com todos os problemas do dia a dia, por isso precisamos unir as universidades com as escolas e com a população para ir contra tudo que está posto. nenhum direito a menos será tirado do pobre!” completou.

Iasmin Monteiro, que é estudante de Jornalismo da Uneb, afirmou que é de extrema importância que todos os estudantes, professores, e a população no geral, estejam nas ruas lutando pelo futuro do país, que depende da educação.

“Essa é uma forma de mostrar o quão o ensino público é relevante para o país e ele (Bolsonaro), não vai nos intimidar, a nossa sede por educação é maior do que qualquer governo fascista” explicou.

A licencianda de ciências sociais da Univasf, Izamart Pereira, disse que se sente orgulhosa em fazer parte da luta pela garantia de direitos e que ela, assim como os demais estudantes da rede pública, não vão se calar diante dos desmandos do governo Bolsonaro.

“Foi simplesmente fantástico ver a classe estudantil reunida para se fazer ouvir e deixar bem claro que não vamos nos submeter, nem nos calar diante dos desmandos desse governo que não nos representa de forma alguma, agindo de maneira inescrupulosa tentando tornar impossível a construção de uma sociedade informada, pois, a sociedade que pensa incomoda. Através dos cortes o governo reacionário  de Jair Bolsonaro tenta nos desmotivar, nos parar… Ele nos chama de idiotas, mas certamente não tem noção da nossa força. Que orgulho de fazer parte desse momento lindo que nós realizamos neste dia” concluiu.

Foto: Fernando Pereira

Ignorada por parte da imprensa brasileira, entrevista de Lula repercute pelo mundo

Críticas ao governo Bolsonaro feitas pelo ex-presidente em Curitiba foram reproduzidas em dezenas de países


Lula falou por quase duas horas aos jornalistas Florestan Fernandes Jr. e Mônica Bergamo / Ricardo Stuckert

primeira entrevista do ex-presidente Lula (PT) desde a prisão política foi concedida na última sexta-feira (26), e o assunto ganhou as páginas dos principais jornais do mundo durante o final de semana. A entrevista à Folha de S. Paulo e ao jornal El País Brasilfoi repleta de críticas ao governo Bolsonaro (PSL) e repercutiu em países como Argentina, França, Itália, Inglaterra, Rússia, Portugal, Espanha e Estados Unidos. 

Apesar da notoriedade internacional, as emissoras brasileiras Globo e Record ignoraram a entrevista em seus jornais noturnos de sexta-feira.

A declaração de que o Brasil “está sendo governado por um bando de malucos” foi a que mais teve destaque fora do país. A agência de notícias italiana Ansa ressaltou ainda o momento em que Lula diz que o Brasil atingiu “o nível mais baixo da política externa que vimos”. 

Nos Estados Unidos, The New York Times chamou a atenção para as menções de Lula ao ministro Sérgio Moro: “Estou obcecado em desmascarar o juiz Moro e aqueles que me sentenciaram. Quero expor a farsa montada no Departamento de Justiça dos Estados Unidos”, disse o ex-presidente.

:: Relembre a decisão que autorizou a entrevista de Lula ::

O inglês The Guardian destacou a indignação do petista com o apreço de Bolsonaro pelos Estados Unidos: “Você deve amar sua mãe, você deve amar o seu país. O que é isso de amar os Estados Unidos? Alguém acha mesmo que os Estados Unidos vão favorecer o Brasil?”, repercutiu o jornal.

Na América Latina, a venezuelana Telesur e o argentino Página 12também destacaram trechos em que Lula desabafou sobre o governo de Bolsonaro: “Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é o Brasil estar governado por esse bando de malucos. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso”, ressaltou o petista.

A entrevista atingiu a maior audiência da plataforma on-line do jornal espanhol El País em todo o mundo e ganhou destaque na primeira página da versão espanhola com o trecho “Posso seguir preso por 100 anos, mas não trocarei minha dignidade pela minha liberdade”.

Edição: Fernanda Targa

Fonte: Brasil de Fato