Chico Vigilante: O preço do golpe e da perseguição a Lula

“Os poderosos temem Lula livre, mesmo que seja por horas, em um velório familiar. Eles têm medo da centelha que pode incendiar o sentimento de um povo livre”

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Em 2015 e 2016, a oposição ao governo Dilma, com o apoio do empresariado e da mídia golpista, usou de todas as armas para inviabilizar a estratégia econômica do governo. Diante da queda na arrecadação, provocada pela baixa recorde dos preços dos principais produtos, era necessário reorganizar o orçamento, e impedir as chamadas “pautas bombas” que o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, usava para chantagear o governo. A economia estagnou e o desemprego começou a crescer.

De 2015 a 2016, as incertezas políticas paralisaram os investimentos privados. As dificuldades orçamentárias, provocada pelo boicote do Congresso Nacional, inviabilizaram os investimentos públicos. Veio o golpe, o plano econômico de ajuste de Temer e Meireles, com o teto de gastos, e mais estagnação econômica. Quem paga a conta? Os trabalhadores, com arrocho, desemprego e informalidade.

O IBGE acaba de divulgar a situação do mercado de trabalho no último trimestre do ano passado. A situação é trágica.

A taxa média de desocupação no país caiu de 12,7% em 2017 para 12,3% em 2018. No entanto, houve um aumento brutal da informalidade, no patamar mais alto da história. Foram 12,8 milhões de pessoas desocupadas, em média, no ano passado. Eram 6,7 milhões em 2014, portanto houve um aumento de 90,3%.

O Brasil tem o menor número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada, exceto empregados domésticos, 32,9 milhões em 2018. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado chegou a 11,2 milhões. Os trabalhadores por conta própria são 23,3 milhões, mais de um quarto do total da população ocupada no país. O total de empregados domésticos chegou a 6,2 milhões de pessoas, também o patamar mais alto da série, sendo que, desse total, menos de um terço (29,2%) tinham carteira assinada. O trabalho doméstico cresce, precarizado e informal, quando faltam empregos no setor produtivo. Muitos domésticos ganham menos de meio salário mínimo e não têm registro. Aceitam essa condição para sobreviver.

Esse cenário é consequência das escolhas políticas da elite brasileira, que para se livrar do PT, e poder fazer a reforma trabalhista e vender o petróleo do pré-sal a preço de banana, optou pelo golpe e pela eleição de Bolsonaro, que trará ainda maiores perdas de direitos. A começar pela reforma da previdência, que vai impedir os mais pobres e a classe média baixa assalariada de se aposentar.

Mas qual é a saída? Lutar para impedir maiores retrocessos, e trabalhar para que um projeto democrático e popular volte a dirigir o país com políticas sociais voltadas para o emprego, a renda e a redução das desigualdades sociais.

Lula foi preso para impedir que ele fosse eleito presidente em 2018. Ontem, 30 de janeiro, foi impedido de ver pela última vez o irmão Vavá, que ele tanto amava. Os poderosos temem Lula livre, mesmo que seja por horas, em um velório familiar. Eles têm medo da centelha que pode incendiar o sentimento de um povo livre, e um país soberano. Resta a nós, brasileiros e brasileiras, lutar por Lula livre, povo livre, Brasil livre.

 

Chico Vigilante é deputado distrital pelo PT

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