PM de Recife censurou shows durante o Carnaval

Artistas relataram nas redes sociais ameaças feitas pela PM, caso tocassem músicas que falam de violência policial.

Parece inacreditável, mas aconteceu: a Polícia Militar de Recife tentou, durante o Carnaval, impedir artistas de cantarem uma música de Chico Scince, e outras que denunciam a violência cometida pelo Estado contra comunidades periféricas.

Sim, a censura se instalou no país, despudorada, apoiada pelo presidente da república.

Em nota, a PM disse não há qualquer proibição a artistas, e que foi instruída a suspender blocos que estourassem o tempo de apresentação. Mas não foi o que se viu. Os integrantes da banda Janete Saiu Para Beber relataram no Instagram que a PM invadiu o palco no momento que a banda tocava a música “Banditismo por uma questão de classe”, de Chico Science.

“A polícia militar fez uma barreira entre o público e a banda. Tivemos que parar o show com ameaça de levar nosso vocalista preso. A produção foi incrível e conseguiu reverter a situação, mas o mais absurdo foram os argumentos: Chico Science não pode tocar, não pode!”

A banda Devotos passou por situação semelhante, e também foi às redes denunciar a ação da PM: “Todos que conhecem a devotos sabem da nossa poética, que a nossa linguagem é coloquial, é urbana, de denúncia, de alerta e de posicionamento, usando a música como “arma”. Infelizmente estamos vivendo um regime de repressão velada, que para a maioria é normal, mas para quem trabalha com cultura, e cultura voltada para o resgate social, como é o nosso caso, sabe que estamos sendo minados, perseguidos e ameaçados de não exercer nossas ações e querem calar nossas vozes. Na noite anterior no polo da bairro da Várzea, subúrbio de Recife, nós da devotos também sofremos ameaças de prisão logo depois que tocamos a música “de andada”, que está no nosso mais recente disco, “o fim que nunca acaba”, e continuamos com “luz da salvação”, do CD “agora tá valendo”, durante a execução dela ao vivo fazemos uma homenagem a Chico Science com trechos de “banditismo por uma questão classe”. Logo chegou, vindo do diretor de palco, que foi passada ao nosso roadie, a notícia que a polícia não havia gostado do conteúdo das letras e ameaçou, caso o show continuasse com esses temas que citassem a polícia, iriam acabar o show e levar Cannibal (vocalista) preso. Se isso não for cesura não sabemos o que é. O show continuou, eles não subiram no palco e nem tocaram na banda, mas a ameaça foi feita.”

O cantor Chico César foi ao Instagram manifestar apoio aos artistas censurados pela PM: “Solidariedade à banda @janetesaiuparabeber, censurada e proibida de tocar Chico Scince em Pernambuco pela PM local. Abuso de autoridade! Isso tem que acabar, logo.  Fogo nos fascistas!”

Foto: Reprodução

Zélia Duncan também se manifestou: “Vamos todos tocar Chico Science!”

Ouça a música de Chico Science e Nação Zumbi censurada pela PM de Pernambuco em pleno Carnaval do Recife:

Por Jornalistas Livres

Campanha de Direitos Humanos entra na folia e leva sensibilização social para as ruas de Petrolina-PE neste carnaval

Marcado por festejos populares, onde a liberdade de expressão e a alegria ocupam ruas e praças em torno da folia e da celebração a diversidade cultural, o carnaval pode ser também um momento de superação de preconceitos e diferenças.

Foto: Lizandra Martins

Lançada em Petrolina-PE no último sábado (15), durante a prévia de carnaval do Grupo de Maracatu ‘Baque Opará’, a segunda edição da campanha “Direito humano não é fantasia, carnaval é massa com democracia”, aborda temas como racismo, assédio, LGBTfobia, abuso de crianças e adolescentes, acessibilidade, desrespeito aos grupos identitários e inclusão social. Além da Lei Municipal nº 3.276/2019, de autoria do Vereador Professor Gilmar Santos (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal, que obriga a veiculação de mensagens contra as mais diversas formas de violência em eventos públicos patrocinados ou organizados pelo poder público municipal.

Realizada pelo Mandato Coletivo do Vereador Professor Gilmar Santos, a ação é mais uma iniciativa do parlamentar com a finalidade de fortalecer a luta em defesa dos Direitos Humanos. “Essa campanha tem como objetivo conscientizar a nossa população nesse período muito especial que é o carnaval, período em que a gente espera não só uma cultura da festa, de alegria, mas também uma cultura de paz, uma cultura de respeito; e nada é mais apropriado que promover uma campanha ativa em defesa dos direitos de cada cidadão, de cada cidadã”, pontuou Gilmar.

A campanha continuará nas ruas da cidade durante os quatro dias de festa, a partir do próximo sábado (22), seguindo até a terça-feira (25), e levará de forma lúdica, imagens, frases e carimbos com frases e mensagens voltadas para o respeito à diversidade.

Para Gilmar, em razão do número de pessoas que lotam as ruas do centro e dos bairros de Petrolina, torna-se necessário pautar o combate a toda e qualquer forma de violência. “Todos têm o direito de participar da festa e serem protegidos/as. Por isso, esta campanha em defesa da diversidade, da população LGBTQI+, do direito da mulher em ter a sua liberdade e não ser assediada, da segurança das nossas crianças e adolescentes que vão participar da festa, dos nossos idosos, da população negra e indígena e das pessoas com deficiências”, concluiu.

Indignado com manifestações durante o carnaval, Bolsonaro faz post com conteúdo pornográfico e é criticado na imprensa internacional

“O post polêmico não só escandalizou os brasileiros (oposição e apoiadores) como também repercutiu na imprensa internacional e analistas de diferentes áreas afirmam que a conduta constitui “quebra de decoro social”

Foto: OGlobo

O carnaval é uma das manifestações culturais mais populares no Brasil e esse ano as festividades foram marcadas por protestos em diversas cidades do país contra o atual presidente da república Jair Bolsonaro (PSL).

O presidente, de aparente má conduta, tem tido cada vez menos aprovação da população e inconformado com as manifestações postou na última terça-feira (05), em sua conta no twitter, um vídeo com conteúdo pornográfico em que dois homens dançam sobre um ponto de táxi em um bloco de rua no carnaval paulistano e um deles coloca o dedo no ânus e se abaixa para o outro urinar nele.

O presidente tuitou: “Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões (sic)”.

O post polêmico não só escandalizou os brasileiros (oposição e apoiadores) como também repercutiu na imprensa internacional.

 

O Jornal americano The New York Times, publicou nesta quarta (06) uma matéria com o título “Presidente brasileiro posta vídeo com golden shower. Comentários jorram. O termo em inglês representa um trocadilho”.

O jornal lembra que a conta de Bolsonaro tem 3,4 milhões de seguidores e menciona que a postagem despertou reações de internautas, como a do senador Humberto Costa, que o chamou de “patético”, ou da cientista política Mara Telles, que sugeriu que o presidente teria quebrado o decoro do cargo.

Em sua edição espanhola, o diário “El País” publicou uma matéria intitulada “Bolsonaro twitta um vídeo obsceno do carnaval e desencadeia a polêmica no Brasil”.

O diário também comentou “a maior economia da América Latina, com seus 200 milhões de habitantes, assiste atônita a outro excesso de um político que havia abaixado o tom que caracterizou sua carreira política até a vitória eleitoral”.

Além desses veículos, o assunto também foi pautado nos jornais britânicos “The Guardian” e “The Independent”, no site francês “Le Monde”, no jornal mexicano “Excelsior”, no site de notícias argentino “Infobae” e no jornal paraguaiano “Última Hora”.

O twitter vem sendo a principal ferramenta de comunicação de Bolsonaro com a população, porém, pouco é mencionado na plataforma os projetos e ações de sua gestão. A reforma da previdência, por exemplo, foi pautada em apenas cinco posts do presidente desde o começo do ano.

De acordo com a Istoé, “Analistas de diferentes áreas ouvidos pelo Estado afirmaram que a conduta constitui “quebra de decoro social” porque “não corresponde à liturgia do cargo” e pode ter reflexos na imagem do País no exterior e na aprovação das reformas para que a economia volte a crescer”.

Atitudes como essa só comprovam a ignorância política de Bolsonaro –assim como sua falta de ética-, pois, o carnaval é um dos eventos que movimenta e fortalece a economia no país em diversos setores como o de Turismo e negócios.

O post além de ter conteúdo inapropriado, relaciona o carnaval brasileiro à pornografia e à desordem, deixando de ressaltar a beleza de nosso povo e o caráter político do evento.

A escola de samba Mangueira, por exemplo, recontou a história do Brasil a partir de heróis negros e índios, homenageando também a vereadora do PSOL Marielle Franco, morta em março do ano passado. A mangueira foi a campeã do Carnaval de 2019 no Rio de Janeiro e conquistou o seu 20º título.

Para o carnavalesco Leandro Vieira, que assinou o enredo “História pra ninar gente grande”, o desfile da Mangueira “É um recado político para o país todo, que tem que entender que isso aqui é importante. É um recado político também para o presidente mostrar que o carnaval é isso aqui. O carnaval é a festa do povo. O carnaval é cultura popular. O carnaval não é o que ele acha que é. O carnaval é isso. E ele deveria mostrar para o mundo o carnaval da Mangueira. O carnaval da arte, o carnaval da luta, o carnaval do povo, o carnaval da cultura popular.

Fonte: G1, Istoé.

Vereador Gilmar Santos lança campanha de carnaval com tema “direito humano não é fantasia, carnaval é massa com democracia”

A campanha será lançada no próximo sábado (23), durante a abertura do carnaval de Petrolina, e abordará temas como Racismo, Assédio, LGBTfobia, Abuso de Crianças e Adolescentes, Acessibilidade e inclusão.

O carnaval é um festival que acontece anualmente entre os meses de fevereiro e março, período conhecido como tempo da septuagésima, e é uma das manifestações culturais mais populares no Brasil. As festividades marcadas por cores e fantasias, pelo frevo, pela dança e pela miscigenação cultural, muitas vezes também são marcadas pela violência, pelo desrespeito.

Pensando nisso é que o presidente da comissão de Direitos Humanos, vereador Gilmar Santos (PT), junto ao seu Mandato Coletivo, criou a campanha de carnaval “direito humano não é fantasia, carnaval é massa com democracia”. A ação, que faz parte da agenda do Mandato, busca fortalecer a luta em defesa dos Direitos Humanos.

De acordo com Gilmar, “Essa campanha tem como objetivo conscientizar a nossa população nesse período muito especial que é o carnaval, período em que a gente espera não só uma cultura da festa, de alegria, mas também uma cultura de paz, uma cultura de respeito; e nada é mais apropriado que promover uma campanha ativa em defesa dos direitos de cada cidadão, de cada cidadã. Uma campanha em defesa da diversidade, da população LGBTQI+, do direito da mulher em ter a sua liberdade e não ser assediada, da segurança das nossas crianças e adolescentes que vão participar da festa, dos nossos idosos, das pessoas com deficiências (…) Todos tem o direito de participar da festa e serem protegidas”.

A campanha será lançada no próximo sábado (23), durante a abertura do carnaval de Petrolina, e abordará temas como Racismo, Assédio, LGBTfobia, Abuso de Crianças e Adolescentes, Acessibilidade e inclusão.

“Nós esperamos muito que seja um momento de conscientização e também de superação de preconceitos, pois, acreditamos que somente quando cada ser humano se conscientizar sobre a importância do seu direito e do respeito para com o outro, nós teremos uma democracia efetiva e uma cultura de paz, uma cultura realmente de festa, como esperamos que seja esse carnaval”, Conclui Gilmar.

 

É dever cívico fazer o recado da Tuiuti sobreviver à quarta-feira de cinzas. Por Sacramento

 

A multidão que aclamou a Paraíso do Tuiuti como “campeã do povo” no Carnaval 2018 pode prestar uma grande homenagem à escola de samba do Rio de Janeiro.

Para isso, basta lutar para que a mensagem transmitida durante o desfile da agremiação, com enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”, sobreviva à Quarta-feira de Cinzas. Não falo de compartilhar fotos ou links do desfile nos próximos 320 dias do ano, nada disso.

Falo de considerar o desfile histórico um “call to action”, uma convocação à ação, e perceber a herança da escravidão no predomínio de negros entre os que garimpam materiais recicláveis em latas de lixo em contraposição à dominância dos brancos no poder Judiciário, só para ficar em dois exemplos.

De nada adianta aplaudir a façanha da escola e ficar apático diante do auxílio moradia dos magistrados e das reformas trabalhista e previdenciária formatadas para beneficiar apenas as elites.

A catarse provocada pela visão do vampiro-presidente terá pouco valor se for acompanhada do pensamento de que “todos os políticos são iguais, por isso voto nulo”.

As ações que proponho vão desde aprender a acompanhar os passos de governos e políticos por meio dos portais de transparência até fazer trabalho voluntário em comunidades pobres. Há várias formas de agir contra os efeitos históricos da escravidão e o ímpeto predatório das elites econômicas e políticas. Cada um pode ajudar do seu modo e conforme as suas possibilidades.

Sem levar a este movimento, o protesto criado pelos carnavalescos da Tuiuti será tão útil quanto gritar “fora Temer” em sessão de cinema ou dançar ciranda contra o desmatamento na Amazônia.

Poderá até entrar para a história dos carnavais, mas isso não significa muita coisa. A própria campeã Beija-Flor, que neste ano falou de corrupção sem nomear os corruptores, é lembrada por outro desfile repleto de críticas sociais. Foi em 1989, com o enredo “Ratos e urubus, larguem minha fantasia”.

A indignação ali durou no máximo até o desfile das campeãs daquela ano, porque de lá pra cá o país elegeu políticos da linhagem dos Bolsonaro, Collor, Magno Malta, Crivella, Perrella, Cunha, Feliciano, o Rio de Janeiro continua o paraíso para a indústria bélica e pessoas negras continuam a viver em condições pouco melhores que as dos seus antepassados escravizados.

Com a Tuiuti poderá ser diferente, se cada um de nós atuar para o enredo reinar em outros carnavais.

 

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