Deputado que tatuou nome de Temer é um dos campeões de liberação de verbas em julho

 

Costa foi fotografado em um evento no domingo com o nome do presidente Michel Temer tatuado no ombro direito, acompanhado de uma bandeira do Brasil.

Os dados sobre o pagamento das emendas de Costa foram publicados no site do Senado, e estão atualizados até o dia 25 de julho. De acordo com o portal, os valores foram destinados à construção da sede da Procuradoria da República em Santarém (PA).

Emendas são sugestões feitas por deputados e senadores ao Orçamento da União. Geralmente, destinam recursos para obras e projetos nos locais onde os congressistas têm votos – ações na área de saúde e educação são as mais comuns. A liberação é coordenada pelo Ministério do Planejamento.

Nas últimas semanas, o governo federal intensificou a liberação dos recursos das emendas de deputados federais. Para a oposição, trata-se de uma estratégia para tentar garantir apoio durante a votação da denúncia contra Temer, que deve ocorrer nesta quarta na Câmara – o Palácio do Planalto nega relação entre uma coisa e outra.

O pagamento de emendas é feito depois da fase de “empenho”, que é quando o governo assume o compromisso de fazer o investimento que está previsto no Orçamento.

Como reportagem da BBC Brasil mostrou na semana passada, o valor prometido para alguns parlamentares disparou entre os dias 6 e 19 de julho – período em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara analisava a denúncia contra o presidente.

Neste ano, o governo empenhou R$ 6,9 milhões referentes a emendas de Wladimir Costa – R$ 6,6 milhões apenas nos meses de junho e julho. Do total, R$ 300 mil já foram pagos.

O deputado disse não se importar com a possível correlação entre os recursos liberados e o apoio dele a Temer. “Não estou nem aí para o que os ‘formadores de opinião’ vão dizer. O que importa é garantir os recursos para o Pará”, diz ele.

“E R$ 178 mil não é praticamente nada. Vou lutar para que seja R$ 178 milhões. São muitas as demandas que precisam de recursos, em várias áreas.”

Temer foi acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter recebido propina do empresário Joesley Batista, da JBS, por meio do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures. Ele nega a prática de crimes.

Se ao menos dois terços (ou 342 deputados) votarem no plenário da Câmara pelo prosseguimento da análise da denúncia, o STF (Supremo Tribunal Federal) poderá decidir se a aceita, transformando o presidente em réu – neste caso, ele seria afastado do cargo por até 180 dias para julgamento, período no qual o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ficaria no cargo.

Tatuagem de Henna?

O deputado disse à BBC Brasil que a tatuagem em seu ombro é “permanentíssima”, e negou que o adereço seja de Henna (um pigmento natural usado em tatuagens temporárias). “O importante é que a homenagem está feita, está lá na minha pele.”

“E, independentemente disso, qualquer tatuagem hoje pode ser removida”, acrescentou o congressista.

Costa disse à imprensa que a tatuagem foi concluída na última sexta-feira e custou R$ 1,2 mil.

O parlamentar tornou-se conhecido em abril de 2016, durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara. Ele votou contra a petista enrolado em uma bandeira do Pará, e estourou um tubo de confetes ao fim da fala.

“Nós encaminhamos, em nome do Brasil, minha mãezinha, dos meus filhos, dos meus amigos do Solidariedade, esse povo querido que vota ‘sim’. Nós votamos sim, e quem vota ‘sim’ coloca a mão pra cima! Coloca a mão pra cima!”, disse ele na ocasião.

 

Fonte: www.geledes.org.br