Candidatura própria e o PT em Pernambuco

No último dia 31 de Julho, ocorreu reunião do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores de Pernambuco. Entre as decisões, o PT pernambucano já definiu sua estratégia para as próximas eleições: candidatura própria.

Esta posição mexe com o tabuleiro de toda a política pernambucana, pois coloca em xeque os setores que especulavam alternativas de composição do PT com o atual governador Paulo Câmara (PSB) ou com o senador Armando Monteiro Neto (PTB).

Estes setores vinham insistentemente construindo uma narrativa na qual os petistas estariam sem opções, sendo obrigados a marchar ao lado de um ou de outro. Ocorre que a direção do PT, num dos movimentos políticos mais inteligentes para o momento, deu truco. Ou melhor, virou a mesa.

A definição da candidatura própria e o estabelecimento do calendário para decidir o nome da disputa até o mês de Novembro ou Dezembro, além de colocar todas as engrenagens do partido em pleno funcionamento, obriga que todos os demais partidos e candidatos também antecipem suas definições.

Ganha o povo pernambucano, que terá muito mais tempo e muito mais condições de avaliar os projetos que serão apresentados para o Estado. Além disso, ganha também quem está na luta pelos direitos sociais e trabalhistas, pois quando a neblina vai sendo dissipada, a classe política fica obrigada a mostrar quem é de fato e não se esconder atrás de posições flexíveis e indefinidas.

Esta situação é fundamental num momento em que as indefinições deixam abertas as portas do salão de festas das especulações. E especulação política em ano pré-eleitoral costuma causar tantos danos ao povo trabalhador quanto à própria especulação financeira.

Isto ocorre porque as negociações em torno do tempo de televisão, do calculo sobre o coeficiente eleitoral para as chapas proporcionais e a aquisição de bases eleitorais faz girar uma das engrenagens mais cruéis da política, que é o desvio de finalidade no uso do dinheiro público e a corrupção.

Quanto mais nebuloso o cenário, mais esta máquina é posta em funcionamento. Assim, tornar nítido o cenário é algo fundamental para ao menos reduzir o impacto nefasto da negociata, do blefe, da insinuação e do cretinismo.

Mas definir a estratégia não basta. Será preciso construir movimentos táticos precisos e acertados. Nesse sentido, assim como tem sido feito nacionalmente, as forças democráticas organizadas em Pernambuco precisam construir o seu próprio Plano Popular de Emergência.

Precisa ser popular, pois a ofensiva conservadora tem agido para afastar cada vez mais a maioria do povo da política. Logo, é necessário entrar nessa disputar e utilizar os mais potentes mecanismos de participação existentes para que o povo possa construir a saída para a crise estabelecida.

Precisa ser de Emergência, pois o risco de sofrermos novos golpes dentro do golpe está dado. E um deles pode significar inclusive mudanças nas regras eleitorais ou até mesmo a não realização de eleições, ou de eleições sem candidaturas como a de Lula. Mas precisa ser de emergência também, porque quanto mais demoramos, mais sofrem os trabalhadores, mais morrem os jovens e negros, mais mulheres são vitimadas.

Assim, as forças democráticas e populares têm pela frente um enorme desafio. Justamente por isso, alguns de seus setores deveriam seguir o exemplo petista e colocar para o povo pernambucano suas posições. De um lado o PCdoB e o PDT precisam definir se continuarão endossando o Governo Paulo Câmara e todas as suas contradições golpistas e ineficiência administrativa, e de outro o PSOL, se demonstrará a mesma disposição de luta contra os inimigos dos trabalhadores ou se insistirá em exercícios axiológicos de colocar o PT como um destes inimigos.

Mas independente de quando e de como estas definições se darão, o certo é que as peças estão se movendo. E cada movimento significa avanços ou retrocessos na vida da classe trabalhadora. Não deixemos de disputar cada um deles, pois se não fizermos, farão por nós.

*Patrick Campos é graduando em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Foi diretor da União Nacional dos Estudantes, é virginiano e rubro-negro pernambucano.

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